Criação dos partidos democráticos depois do 25 de Abril: a estruturação do PS na legalidade, a criação do PPD e do CDS nos meses de Maio a Julho de 1974.
Responsáveis:
Mário Soares, Tito de Morais e Ramos da Costa no PS;
Sá Carneiro, Balsemão e Magalhães Mota no PPD,
Freitas do Amaral e Amaro da Costa no CDS.
Por fim, os eventos que decorrem em abril de 1974 põem fim a uma ditadura demasiado longa, permitindo às estruturas partidárias sair da clandestinidade, como
sucedeu com o Partido Comunista Português (PCP), e permitindo ao recém-criado
Partido Socialista (PS) estabelecer-se em Portugal.
Ora, o facto é que “nas semanas subsequentes ao 25 de Abril surgem em rápida catadupa cerca de 60 organizações políticas, que se autodenominam partidos, movimentos, núcleos ou centros”
(Telo, 2007: 51).
De 1976 em diante, o sistema de partidos carateriza-se por ser “multipartidário
polarizado em torno de quatro partidos políticos eleitoralmente relevantes (PS,
PPD/PSD, PCP e CDS/PP), a que em 2005 se vai juntar um quinto, o BE, com destaque
para a bipolarização entre o PS (centro-esquerda) e o PSD (centro-direita), os partidos
alternativos de poder” (Carvalho, 2012: 374-375).
PCP (Esquerda); “O único partido organizado em 1974, com uma estrutura, um programa e um núcleo significativo de quadros e simpatizantes activos na clandestinidade, era o PCP” (Telo, 2007: 54). É importante considerar este aspeto, uma vez que o PCP era o partido mais antigo em Portugal à altura da Revolução, e como tal demonstrava uma capacidade mobilizadora impressionante. Fortalecido por uma forte matriz ideológica, que o demarcava dos restantes partidos portugueses, o PCP baseia-se em argumentos ideológicos e historicistas, apoiados na ortodoxia da ideologia comunista, crítica do eurocomunismo e fiel ao modelo moscovita anterior às reformas de Gorbatchev, sendo Álvaro Cunhal um dos grandes críticos da Perestroika
CDS/PP (Centro, Centro-Direita) O CDS/PP tem uma história peculiar desde a sua criação, logo em 1974, devido à ação de Diogo Freitas do Amaral e Adelino Amaro da Costa, entre outros, resultando dessa peculiaridade uma clara ambiguidade ideológica patente nos primeiros anos da sua ação enquanto estrutura partidária. As iniciativas para a criação deste partido partiram sobretudo da área spinolista, como tentativa de colocar no I Governo Provisório personalidades ligadas à área conservadora. De facto, o CDS/PP seria o partido mais à direita cuja atuação o MFA admitiria em Portugal
PS (Esquerda, Centro-Esquerda) O PS, à data da Revolução, era uma força pouco expressiva. Mário Soares, o seu fundador e maior impulsionador, considera que o partido é composto por militantes de três raízes ideológicas distintas: antigos socialistas, ex-comunistas e católicos, estes imbuídos de preocupações sociais (Telo, 2007: 62). Inicialmente, a grande massa aderente ao Partido Socialista provém, grosso modo, da classe média e média-baixa urbana. Face à força do PCP, era difícil ao PS chegar ao setor sindical, por exemplo, ou ao movimento laboral, onde os comunistas tinham influência após a Revolução. Ao nível programático e ideológico, o PS não tinha um discurso coerente e uniforme, contudo queria ressalvar a sua posição de defesa do socialismo democrático.
PPD/PSD (Direita, Centro-Direita) O Partido Popular Democrático surge imediatamente depois da Revolução, em maio de 1974, pela necessidade que Spínola advogava de se criarem partidos à direita do PS, onde existia um vazio organizativo e uma direita pulverizada e incipiente, que levaria tempo a organizar-se, contudo, sempre próxima do centro. Para a criação do PPD foi igualmente determinante a ação de Sá Carneiro, que compreendeu a necessidade do momento, porque a hesitação que vinha de dentro do movimento que fundaria o partido deixava lugar aos partidos e organizações de esquerda para tomarem assento no Governo Provisório. A sua composição faz-se sobretudo com militantes de origem católico-progressista, social-liberal, da qual faziam parte Francisco Sá Carneiro, Francisco Pinto Balsemão e Magalhães Mota, os fundadores do partido, e também de origem social-democrata, não deixando de lado um vasto número de ex-militantes da CDE (Comissão Democrática Eleitoral).
BE (Esquerda) A fundação do Bloco de Esquerda enquanto partido político data de 1999, tornando-se indispensável remontar a esse período precedente e procedente da Revolução dos Cravos de 1974. Como tal, o Bloco de Esquerda provém da fusão de três organizações políticas: União Democrática Popular (UDP), Partido Socialista Revolucionário (PSR) e Política XXI.
PRD O contexto em que surge o Partido Renovador Democrático (PRD) é peculiar e explica bem a necessidade patente em certos setores, sobretudo no centro do espectro político, de criar um novo partido com vista a tornar-se uma força política considerável. Não era apenas a adesão à CEE que trazia uma maré de mudança para a política nacional. Os dois partidos do centro estavam divididos e fragilizados pela política de austeridade após um ano e meio de governo. Entre 1983 e 1985, Mota Pinto demitiu-se do PSD, Sá Carneiro morreu no trágico acidente de Camarate, e Mário Soares preparava a candidatura a Belém, deixando o PS profundamente dividido. O próprio Ramalho Eanes, preparando-se para deixar a Presidência da República, incentivou a criação do PRD, logo em fevereiro de 1985, liderado por Hermínio Martinho, e com o claro intuito de renovar a jovem democracia portuguesa e ganhar terreno onde os partidos de centro o perdiam
PPM O Partido Popular Monárquico (PPM) foi fundado pouco tempo depois do 25 de Abril de 1974, integrando os monárquicos mais ativos “ligados à oposição democrática e críticos da Causa Monárquica” (Telo, 2007: 69).
UDP União Democrática Popular (UDP), em dezembro de 1974, mais propriamente da fusão de três grupos marxistas-leninistas, a saber: o Comité de Apoio à Reconstrução do Partido Marxista-Leninista (CARP M-L), os Comités Comunistas Revolucionários Marxistas-Leninistas (CCR M-L), e a Unidade Revolucionária Marxista-Leninista (URML). Em termos ideológicos, a UDP tinha um pendor fortemente maoista
MDP/CDE O Movimento Democrático Português/Comissão Democrática Eleitoral (MDP/CDE) foi um movimento unitário de ideologia marxista e socialista que congregava vários partidos e organizações, surgindo como uma das mais importantes organizações políticas de oposição ao regime fascista do Estado Novo.
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