quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

HISTÓRIA DO CRAVOS VERMELHOS NO 25 DE ABRIL

Muitas são as histórias que contam como o cravo vermelho se tornou o símbolo da Revolução de 25 de Abril, fazendo com que a mesma ficasse conhecida na história como a Revolução dos Cravos; a mais conhecida delas é a história de uma florista da Baixa Lisboeta que no dia 25 de Abril, distribuiu cravos vermelhos aos populares que por lá passavam, e estes os ofereciam aos soldados que estavam espalhados por toda Lisboa. 
Os soldados ao receberem os cravos vermelhos, colocaram-nos nos canos das espingardas como um gesto de paz. 
Outras fontes citam que na Rua Braancamp em Lisboa, havia um restaurante que no dia 25 de Abril celebrava o seu primeiro aniversário. 
O dono em comemoração a data de aniversário do restaurante, decidiu neste dia enfeitar o local com cravos vermelhos e oferece-los à quem alí comparecesse; entretanto com o tumulto que havia na cidade e com soldados espalhados por todos os cantos, o mesmo decidiu fechar o restaurante naquele dia; dispensando assim todos os funcionários.
Dentre eles, uma das empregadas, Celeste Caeiro, a mando do dono do referido restaurante em que trabalhava, decidiu levar para casa os cravos. 
Ao caminhar pela Rua do Carmo em Lisboa, Dona Celeste, se apercebeu do tumulto e parou para falar com um dos soldados que lhe contou que a tropa já alí estava desde as 3 horas da madrugada; este então perguntou-lhe se Dona Celeste tinha um tabaco para lhe oferecer. 
Dona Celeste nada tinha naquele momento para oferecer ao soldados e decidiu oferecer-lhe um cravo, e ao receber o cravo, o soldado o colocou no cano da espingarda;e assim fizeram os demais soldados que se aproximaram e receberam de Dona Celeste um cravo vermelho.

http://www.jn.pt/multimedia/video.aspx?content_id=3182322

Dona Celeste Caeiro – Imagem Jornal de Notícias ©
Celeste 
Mulher dos Cravos de Abril
Celeste Caeiro Era bengaleira no Restaurante “SIRINE” na Rua Braamcamp! Do género, Sirine em self- servisse, seria um dos primeiros a ser inaugurado em Lisboa, acontecendo sua inauguração, no dia 25 de Abril de 1973 no prédio que ficou chamado o “Franjinhas” . 
A Celeste tinha então 41 anos de idade, morava mesmo em frente aos armazéns do Chiado, com a mãe e a filha ainda pequenina. 
 O gerente da Sirine era o Sr. Ramos tinha encomendado no Mercado da Ribeira cravos brancos e vermelhos, para o dia em que a Sirine fazia aniversário, 24 de Abril de 1974, passado um ano da sua inauguração. 
Nesse dia de manhã a Celeste e a Conceição sua colega e muito amiga, dirigiram-se para o trabalho, e ao chegarem o gerente Sr. Ramos estava à porta! Dizendo hoje não vamos abrir a casa, pois há uma revolução em Lisboa, a tropa vai tomar o Quartel do Carmo, onde está o Presidente Marcelo Caetano, e a gente não sabe o que é que isto vai dar. 
O Sr. Ramos disse-nos, olhem, vão ao armazém e levem vocês os cravos que estão lá nos baldes, e repartam entre as duas! Hoje não abrimos, e se os cravos ficam ali, estragam-se. Assim a Celeste e a amiga foram pegar nas flores, Celeste levou dois ramos de cravos, brancos e vermelhos, assim como Conceição. 
Saíram, e Conceição disse para Celeste! Olha, tu vai para casa, vê lá que a revolução está no Carmo. 
Despediram-se, e Celeste lá caminha em direcção ao Metro que a levaria até ao Rossio, e pensa para si, eu para casa não vou. Vou mas é ver, o que é isto duma revolução! 
Começou a caminhar em direcção à rua do Carmo onde morava, e viu vários tanques da tropa pela rua acima, mas parados, aproximou-se, e viu os tropas fora dos tanques, com as xaimites pousadas no chão ao alto, ao passar pelo primeiro tropa, Celeste perguntou-lhe o que era aquilo, aquela confusão, ao que o tropa respondeu com algum nervosismo! Vamos tomar o quartel do Carmo, minha senhora! A Senhora por acaso não tem um cigarrinho que me dê? Celeste olhou o jovem e disse, não, eu não fumo! Mas tenho cravos, posso-lhe oferecer um, e assim fez, pegou num cravo vermelho, e deu-o ao militar que de seguida o espetou na espingarda, que estava em pé junto a ele! Celeste achou graça, até que o cravo ficava ali bem! 
E começa a subir pela calçada a cima, e foi dando a cada soldado um cravo tanto vermelhos como brancos, ao que eles vendo os outros, os foram também pondo nas xaimites! Depois deste acto que a fez feliz, Celeste caminhou para sua casa! Eufórica disse para a mãe, mãe venha à janela, venha ver o que eu fiz! Mãe e filha se dirigiram p’rá janela, ao que Celeste diz para a mãe! Mãe está a ver aqueles cravos nas espingardas, fui eu que os distribuí pelos soldados! A mãe de Celeste com ar de assustada, diz ó rapariga, tu és tonta, olha ao que tu te arriscaste, tu não sabes que isto é uma revolução militar!... Mas Celeste apenas sorria de felicidade… E foi assim, que nos dias seguintes os cravos que Celeste tinha distribuído, eram capa das principais revistas e jornais da capital, falando duma revolução em Lisboa! E que viria a ser chamada de “ Revolução dos Cravos de Abril”. 
Celeste é hoje uma mulher feliz, por ter sido protagonista, desta Revolução dos Cravos de Abril, e mais, por ter feito parte duma revolução que não sangrou. 
 Bem mais tarde foi fazendo variadíssimas entrevistas! Em 1999 foi entrevistada na Televisão! Eu, Rosa Dias vi o programa, fiquei deveras emocionada, peguei em papel e caneta e fiz o que a alma me ditou, este poema que abaixo transcrevo, e que viria a ser entregue nas mãos de Celeste, num casual encontro na Casa do Alentejo em Lisboa! A partir daí, eu e Celeste passamos a ser grandes amigas, falamos várias vezes pelo telefone, ou nos encontramos em datas importantes, muito em especial na Casa do Alentejo, e pela comemoração do 25 de Abril. 
 Palavras de Celeste Caeiro! Apesar das variadíssimas entrevistas e filmagens, as quais me dão imenso prazer! Nenhuma me tocou tanto como a da minha amiga a Poetisa Popular Rosa Guerreiro Dias, de Campo Maior, que se dignou, fazer um trabalho poético do qual nunca me separo, e com o qual me identifico inteiramente! A Rosa Dias é uma grande amiga… Já me homenageou na Casa do Alentejo em Lisboa, onde eu contei ao pormenor, esta minha história verdadeira! Um dia, a minha amiga Rosa Dias me convidou a ir ter com ela à Casa do Alentejo e sem eu esperar, ali me homenagearam, e onde eu puxei pelos versos que a minha amiga me tinha feito, e dos quais nunca me separo! E foi esse, mais um dia inesquecível na minha vida. 
Obrigada ao meu País, ao 25 de Abril, a todas as pessoas que se têm interessado por esta minha história que me ligou para sempre à revolução dos Cravos de Abril! E um eterno agradecimento à minha querida amiga Poetisa de Campo Maior “Rosa Guerreiro Dias”.
 “Autora” Rosa Guerreiro Dias 22-11-2011 “
”Celeste Mulher dos cravos de Abril”
” Tu, mulher de palmo e meio, de voz doce e olhar brilhante Falas hoje sem receio, dum Abril muito importante Foste o vaso, foste a terra, onde o craveiro aflorou E assim floriste, a guerra, a guerra que não sangrou. Com um molho de cravos na mão, andaste na baixa á toa Sem saberes da revolução, que se passava em Lisboa Há rua do Carmo chegaste, vistes soldados armados Mas tu, não te atrapalhaste Deste cravos, brancos e encarnados. Deste, um cravo de mão em mão, dum laço que se soltou E o tropa com emoção, na espingarda o colocou Com este gesto mulher, trouxeste ao país glória Não és uma mulher qualquer Nem qualquer entra p’rá história És somente portuguesa, uma mulher entre tantas mil Mas, só tu és, com certeza! " 

Mulher dos Cravos de "ABRIL" Rosa Guerreiro Dias 25-4-1999 -25-4-2009 - 25-4-2013

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