domingo, 26 de maio de 2013

Guernica: um novo estilo artístico

Guernica foi pintado em 1937 por Picasso. O painel, executado para o pavilhão da República Espanhola na Exposição Internacional de Paris, foi inspirado no terrível bombardeamento de Guernica, a antiga capital dos Bascos, durante a Guerra Civil de Espanha. Não representa o própro acontecimento, mas evoca, por uma série de poderosas imagens, a agonia da guerra total.
 JANSON, H. W., História da Arte, FCG, Lisboa, 1989 (adaptado).

Guernica, 1937 by Pablo Picasso


A SIMBOLOGIA DOS ELEMENTOS 
 Esta obra, em preto e branco, constitui certamente numa das obras primas da arte moderna do séc 20. Encomendada pelo governo republicano e, por isso, propriedade do governo espanhol, Guernica esteve anteriormente conservada no Museu de Arte Moderna de Nova York, pois Picasso opunha-se a que o quadro fosse exposto em seu país enquanto Franco estivesse vivo. O ditador morreu em 1975, dois anos depois de Picasso, e o quadro só seria levado à Madri em 1981. Instalado inicialmente no Museu do Prado, está exposto hoje no Centro de Arte Reina Sofia.
O Touro – simboliza a Espanha, sua bravura, mas também a morte. Ele domina uma mulher em lágrimas, segurando nos braços o corpo inerte do filho. (à esquerda do quadro).
A Lâmpada - retrata o sol negro da melancolia como projetor que ilumina esta cena de batalha da guerra moderna.
As grandes bocas abertas, pescoços estendidos, corpos retorcidos – sugere um quadro quase sonoro: imaginam-se os gritos de pânico lançados pelas vítimas. Da mesma forma, a amplitude exagerada dos pescoços e as torções dos corpos desarticulados dão movimento à composição.
Uma figura à direita, sugere estar sendo consumida pelas chamas de um prédio em fogo.
A ausência de cor – O artista optou pelo preto e branco em sinal de luto. Essa bicromia reforça a tensão dramática da cena. E dá indiretamente uma dimensão realista à obra, no sentido cinematográfico do termo. As nuances de cinza permitem colocar sobre o mesmo plano as profundidades de campo.
O cavalo – Simboliza o povo, sua coragem, sua agonia e seu pânico. Ele pisa seguidamente sobre o corpo esquartejado de um soldado de quem se vê um braço cortado e a mão segurando uma espada - deitado na base da pintura Picasso havia criado o seu trabalho mais famoso.
Guernica não só relatou um fato histórico no sangrento do episódio da Guerra Civil Espanhola, mas também por ser a 'primeira intervenção resoluta da cultura na luta política' - segundo as palavras do crítico e historiador de arte Giulio Carlo Argan.

Amadeo de Souza Cardoso: um pintor da modernidade

"Tenho progredido consideravelmente. Nada tem que ver com a minha maneira de sentir e compreender com futuristas ou cubistas e se alguma coisa tem é a justificação precisa do contrário. A arte tal como a sinto é um produto emotivo da natureza. A natureza fonte de vida, de sensibilidade, de cor, de profundidade, de acção mental, de poder emotivo."
(Carta de Amadeo a Francisco Cardoso. Paris, 5 de Agosto de 1913)
Procissão Corpus Christi
óleo sobre madeira
1913









Cozinha da Casa de Manhufe
óleo sobre madeira
1913

Pintura
óleo sobre tela com colagem
c. 1917


















A propaganda nazi: "O Triunfo da Vontade"

O "Triunfo da Vontade" é um filme alemão realizado pela cineasta Leni Riefenstahl (1902-2003), estreado a 28 de Março de 1935, e que retrata o 6º Congresso do Partido Nazi, em Nuremberga, no ano de 1934. O cinema foi utilizado pela propaganda nazi para difundir uma imagem de grandeza cultural, política e militar da Alemanha.

Discurso de Salazar em 28 de Maio de 1936

Estado Novo: a perpetuação do autoritarismo





João Abel Manta viu o Salazarismo assim...

Os objetivos do 25 de Abril

Senhor Presidente (da Assembleia Geral das Nações Unidas) Sou o primeiro Chefe de Estado de Portugal que tem o privilegio de se dirigir à opinião pública mundial beneficiando da vantagem de o fazer aqui e perante Vossas Excelências. Sou o Chefe de Estado dum País que, depois de humilhado por meio século de ditadura, soube iniciar na longa noite de 25 de Abril uma revolução sem sangue que outros classificaram da mais pura do século. Estamos perfeitamente determinados a salvaguardar a pureza dos principais objetivos revolucionários: - Devolver ao Povo português a dignidade perdida, implantando condições mais justas com instituições democráticas pluralistas legitimadas na vontade do povo livremente expressa, - Iniciar o processo irreversível e definitivo de descolonização dos territórios sob administração portuguesa. Não mais admitiremos trocar a liberdade de consciência coletiva por sonhos grandiosos de imperialismo estéril. Discurso do Presidente da República, general Costa Gomes, na Assembleia Geral das Nações Unidas, em 17 de Outubro de 1974

Revolta contra a ditadura militar: o 3 de Fevereiro de 1927

No dia 3 de Fevereiro de 1927 iniciou-se uma revolta no Norte de Portugal contra a Ditadura Militar instaurada nove meses antes. Dava-se início ao período que ficou conhecido por "Reviralho", que procurou restaurar em Portugal o regime democrático e as liberdades individuais e publicas. A revolta começou no Porto com a saída do Regimento de Caçadores 9, uma Companhia da Guarda Republicana e uma parte do Regimento de Cavalaria 6 de Penafiel, a que se juntaram outros regimentos, nomeadamente o Regimento de Artilharia de Amarante. Os revoltosos dirigiram-se para a Batalha (1), onde estava as sedes do Quartel-General e do Governo Civil, bem como a mais importante estação de telégrafo. Distribuíram as tropas por vários pontos com metralhadoras e peças de artilharia, para impedir a progressão do inimigo (A). De seguida, o chefe militar do Comité Revolucionário do Norte, comandante Jaime de Morais, enviou ao general Carmona, Presidente da República, um ultimato: "Forças revolucionárias de todo o Norte impõem demissão do Gabinete Militar que abusivamente quis governar em nome do Exército, desejando a sua substituição por um Governo Nacional republicano e o regresso à Constituição". Apesar dos reforços recebidos de Valença, os combates eram cada vez mais renhidos. A partir de Gaia (2), onde estava o comando das forças governamentais, as operações de cerco foram apertando cada vez mais os revoltosos até à sua rendição, na manhã do dia 8. Nos cinco dias que durou a "revolução do Porto", perderam a vida mais de 100 pessoas. O número de feridos excedeu os 500. No final, os prisioneiros foram concentrados na Penitenciária de Lisboa, vindos de várias cidades e vilas.
 Fonte: SILVA, Germano - O início do Reviralho, in "Jornal de Notícias", 3 de Fevereiro de 2007 (adaptado)

O racismo na ideologia nazi

Onde quer que os ratos apareçam, espalham destruição pelo país, destroem propriedade e mantimentos, disseminando doenças, pestilência, lepra, tifo, cólera e desinteria. Tal como os Judeus entre a humanidade, os ratos representam a essência da destruição maliciosa e subterrânea. De um filme de propaganda nazi, 1938. Um dia virá em que será maior honra ter o título de cidadão do Reich na qualidade de varredor de ruas que ser rei num Estado estrangeiro, e esse dia virá certamente porque, num período como o nosso, que se abandona à mistura dos sangues, um Estado que consagra todos os seus esforços ao aperfeiçoamento dos seus melhores elemento raciais deve fatalmente tornar-se o dono do mundo. Adolf Hitler, Mein Kampf. O que pode acontecer a um Russo ou a um Checo não me interessa absolutamente nada. Destas nações, nós ficaremos com o que elas nos puderem oferecer de sangue puro, levando-lhes, se for necessário, os seus filhos e educando-os no nosso país. Que estes povos sejam prósperos ou morram de fome, isso só me interessa na medida em que temos necessidade deles como escravos da nossa cultura.
Discurso de Himmler aos oficiais SS.

A "solução Final": o campo de Auschwitz

Eu dirigi Auschwitz desde 1 de dezembro de 1943 e calculo que, pelo menos, dois milhões e meio de pessoas foram mortas nas câmaras de gás e outro meio milhão morreu de fome e doenças. As crianças de tenra idade eram sempre enviadas para a morte, visto que não serviam para trabalhar. Com frequência, as mulheres queriam ocultar os seus filhos sob as roupas, mas quando o descobríamos mandávamos imediatamente as crianças para as câmaras. Os Judeus destinados ao extermínio eram conduzidos para os crematórios. Depois de se terem despido, entravam na câmara de gás. Esta estava apetrechada com duches e condutas de gás, o que dava a impressão de ser um balneário. As mulheres entravam primeiro com as crianças; em seguida fechávamos rapidamente a porta e os "desinfetadores" lançavam o zyclon (gás mortífero). Podemos afirmar que, para um terço dos encerrados, a morte era imediata. Os outros trepavam, gritavam, procuravam ar. Mas os seus gritos depressa se transformavam num lamento. Ao fim de 20 minutos ninguém se mexia. Uma meia hora depois do lançamento do gás, abríamos a porta. Em seguida, transportávamos os corpos para os fornos. Dependendo da dimensão dos cadáveres, podíamos introduzir até 3 num forno. A duração da incineração dependia igualmente da dimensão do corpo. Durava em média 20 minutos. Os crematórios I e II podiam incinerar em 24 horas cerca de 2.000 corpos. Queríamos que toda a ação fosse mantida em segredo, mas o cheiro originado pela incineração dos cadáveres inundava toda a região.
 Depoimento de Rudolf Hoss no Julgamento de Nuremberga, 1946.

O nacionalismo salazarista

D. Afonso Henriques foi o criador ou o fundador do Reino de Portugal. Todos os Portugueses devem estar gratos a esse rei, que foi um grande batalhador pela liberdade e engrandecimento da Pátria Portuguesa. Amai a Pátria, meninos, porque não há terra mais linda nem de maiores glórias do que a de Portugal. Livro de Leitura, Editora Educação Nacional. Chegaram. O combóio apareceu quási no mesmo instante. O tio Afonso disfarçou a tristeza das despedidas, fêz-se forte, e para disfarçar melhor ainda, gritou ao sobrinho emquanto os vagões se afastavam: - Paulo Guilherme! Quem vive? E o rapaz, a rir, respondeu: - PORTUGAL! - Paulo Guilherme! Quem manda? E êle, meio surdo com o silvo da máquina, gritou: - SALAZAR! História de Portugal para meninos preguiçosos, Livraria Tavares Martins, 1943. Serve e ama a Pátria, o lavrador que trabalha corajosamente no campo, o operário na oficina, o sábio nos seus estudos, o artista na escultura, na pintura, na música. Todos os Portugueses se devem esforçar pelo progresso e glória de Portugal.
 Livro de Leitura da 2ª classe, Editora Educação Nacional, 1957.

Mikhail Gorbachev

"Uma obra de alcance histórico foi conseguida: o sistema totalitário foi liquidado; as eleições livres, a liberdade de imprensa, as liberdades religiosas, os órgãos do poder representativo e o multipartidarismo tornaram-se uma realidade; os Direitos do Homem são reconhecidos como um princípio supremo. (...) Todas estas mudanças causaram uma enorme tensão e produziram-se em condições de luta feroz, sobre um fundo de oposição crescente das forças do passado moribundo e reacionário, das velhas estruturas do partido e do Estado. O antigo regime desmoronou-se antes de o novo ter podido caminhar." Discurso de demissão de Mikhail Gorbachev, 25 de Dezembro de 1991. Mikhail Gorbachev subiu ao poder na URSS em 1985. Com o objetivo de ultrapassar a estagnação do Comunismo, adotou medidas para a reforma da Constituição, a passagem de uma economia planificada para uma economia de mercado e a renovação dos quadros políticos. As suas ideias ficaram conhecidas por "perestroika" (reestruturação) e "glasnost" (transparência). Contudo, o falhanço da política económica e a liberalização da vida política conduziram o país a uma crise profunda, ao fim do regime e à desintegração do próprio bloco comunista, em 1991.javascript:;

Módulo 7 – crises, embates ideológicos e mutações culturais na primeira metade do século XX - OBJECTIVOS!

Módulo 7 – crises, embates ideológicos e mutações culturais na primeira metade do século XX.
- Compreender o corte que se opera na mentalidade confiante e racionalista da sociedade burguesa de inícios do século XX, devido ao choque na Primeira Guerra Mundial, às crises subsequentes e à evolução do mundo industrial.
- Analisar as transformações políticas ocorridas na Europa após a 1ª Guerra Mundial.
 - Explicar a forte dependência da Europa em relação aos Estados Unidos no termo da 1ª Guerra Mundial. - Descrever as condições sociais, políticas e económicas que determinaram a Revolução russa de Fevereiro de 1917.
- Distinguir a Revolução de Outubro da de Fevereiro de 1917.
 - Relacionar os decretos revolucionários bolcheviques com a instauração da Democracia dos Sovietes.
- Mostrar que o "comunismo de guerra" permitiu instaurar a Ditadura do Proletariado.
 - Explicar o funcionamento do centralismo democrático.
 - Caracterizar as medidas da NEP.
 - Contextualizar a vaga de autoritarismos dos anos 20.
- Contrapor o espírito confiante e racionalista do fim do século XIX ao clima de incerteza e pessimismo das primeiras décadas.
 - Equacionar as principais transformações na sociabilidade e nos costumes.
- Caracterizar as principais vanguardas artísticas, científicas e literárias.
- Relacionar a situação socioeconómica e política de Portugal no pós-guerra com a falência da 1ª República. - Caracterizar o modernismo português.

sábado, 25 de maio de 2013

MENSAGEM DO PROFESSOR


Olá a todos os alunos. Tenham uma boa aventura através do tempo e do espaço e conheçam povos antigos e não se preocupem a vossa imaginação fará o resto.
Bom ano e saudações históricas
O que é a História?
É o estudo da vida dos homens no passado.
Como se faz a História?
Através dos vestígios deixados… (instrumento, construção, texto escrito...) A estes vestígios chamamos fontes históricas ou documentos históricos.
Como situar os acontecimentos no tempo?
Usando as datas, contadas na nossa civilização a partir do nascimento de Cristo.
Como situar os acontecimentos no espaço?
Recorrendo a mapas
A AVENTURA COMEÇA...
PARA QUE SERVE A HISTÓRIA?


QUESTIONÁRIO
 QUESTÕES:
 1. Estas atento nas aulas? Sim Não
 2. Participas nas aulas? Sim Não
 3. Costumas tirar apontamentos durante as aulas? Sim Não
 4. Costumas colocar dúvidas ao professor? Sim Não
 5. Fazes os trabalhos de casa? Sim Não
 6. Fazes pequenos resumos da matéria estudada? Sim Não
 7. Consultas outras obras que não só o manual escolar? Sim Não
 8. Estudas a ver televisão? Sim Não
 9. Costumas estudar apenas nas vésperas dos testes? Sim Não
 10. Antes da entrega dos testes revês todas as respostas? Sim Não
 11. Costumas decorar sem compreender? Sim Não 
12. Dormes pelo menos oito horas por dia? Sim Não
 13. Analisas, com cuidado, os textos, imagens ou gráficos do manual? Sim Não
 14. Relacionas os assuntos/temas que estudaste? Sim Não
 15. Sentes curiosidade em conhecer o passado? Sim Não
 Para saberes o resultado soma os pontos de acordo com a seguinte chave:
 1 ponto por cada resposta SIM
 Nas questões 8, 9 e 11, 1 ponto por cada resposta NÃO 
Resultados:
 Entre 0 a 5 - Não és bom estudante, deves rever os teus métodos de estudo para teres sucesso na disciplina e na escola em geral.
 Entre 6 e 10 - És um estudante razoável, poderias obter melhores resultados na disciplina se organizasses melhor o teu estudo.
 Entre 11 e 15 - És um bom estudante, tens metódos e hábitos de trabalho, bem como gosto pelo estudo da História.
ESTÁS DE PARABÉNS!

REGRAS ESSENCIAIS PARA APRENDER HISTÓRIA
Para se ter sucesso em qualquer disciplina é preciso estudar, ou mellhor, é preciso"saber estudar", é preciso adquirir o seu próprio método de estudo e de trabalho.
Aqui tens algumas sugestões que poderás aproveitar.
 NA SALA DE AULA não esquecer de....
1. Procura estar atento e participativo;
2. Pergunta ao professor aquilo que não percebeste no momento;
 3. Toma notas das ideias importantes, mesmo que de uma forma esquematizada.
EM CASA após a aula deves...
1. Ler os apontamentos da aula e completá-los com as informações do manual;
2. Elaborar esquemas ou resumos das ideias principais, que te ajudarão a compreender a matéria e a preparar testes de avaliação;
3. Resolver atividades, exercícios ou fichas de trabalho propostos pelo professor ou que se encontrem no caderno do aluno;
4. Tomar nota de todas as dúvidas para esclareceres com o teu professor ou consultando diversa bibliografia na biblioteca;
5. Consultar os motores de busca na internet (google por exemplo), aprofunda os teus conhecimentos ou traz novas informações para a aula. Assim pouparás tempo, aumentas os teus conhecimentos e terás sucesso na escola!
CRITÉRIOS DE CLASSIFICAÇÃO DA PROVA
Todas as respostas são analisadas, considerando os seguintes aspectos:
-relevância relativamente à questão formulada no item;
 -forma como a fonte é explorada, sendo valorizada a interpretação e não a mera paráfase; 
-correção na transcrição de excertos das fontes e pertinência desses excertos como suporte de argumentos;
-mobilização de informação circunscrita ao assunto em análise; 
-domínio da terminologia específica da disciplina.

DICAS PARA A REALIZAÇÃO DO TESTE
1- LER. Deve perder tempo a ler o teste integralmente, nunca tente responder a questões sem primeiro perceber oque é que se pretende.
2- TEMPO. Reparta o tempo disponível pelo número de questões do teste, reservando um pouco mais para aquelas que considerar mais difíceis.
3- FÁCIL. Comece por responder às questões que considerar mais fáceis.
4- ESQUEMA. Nunca deixe a folha de rascunho em branco. Faça um esquema da resposta com os tópicos da pergunta.
5- ORDENADO. Uma boa maneira para evitar “andar em círculos”, repetindo a mesma ideia vezes sem conta é estruturar bem a resposta em três partes: introdução, desenvolvimento e conclusão. Escreva tudo.
6- BEBER AS FONTES (DOCUMENTOS). O esquema de resposta deverá incluir sempre as conclusões da analise dos documentos, contextualizar, temporal, e espacialmente, bem como os conceitos fundamentais.
7- ESCREVER. É preciso ir com calma. Atenção aos erros ortográficos. Tais como os nomes de líderes políticos tratados, conceitos e lugares corretos.
8- RELER. A leitura final do teste, antes de o entregar, deve ser feita pausadamente e com objetivo de detetar lacunas de informação e de melhorar a expressão escrita.

A implantação do marximo-leninismo na Rússia

«O antigo regime conduziu o país à ruína e a população à fome. Era impossível suportá-lo mais tempo e os habitantes de Petrogrado foram para as ruas manifestar o seu descontentamento. Em vez de pão... foram recebidos a tiro. (...) O combate continua e deve ser levado até ao fim. O velho poder deve ser vencido para dar lugar a um governo popular. Depende disso a salvação da Rússia. A fim de ganhar este combate pela democracia, o povo deve criar os seus próprios órgãos de governo. (...) Convidamos toda a população a entrar em ligação imediata com o Soviete, a organizar comités locais de bairro e a tomar entre mãos a direcção dos assuntos locais. Todos juntos, com as nossas forças reunidas, venceremos para varrer completamente o velho governo (...).»

 Apelo do Soviete de Sampetersburgo, em Fevereiro de 1917, in Marc Ferro, A Revolução Russa de 1917, Dom Quixote, 1972

Da revolução burguesa à revolução socialista

«Cidadãos da Rússia: O Governo Provisório foi destituído. O poder passou para o Comité Militar Revolucionário, órgão do Soviete dos Deputados Operários e Soldados de Petrogrado que se encontra à frente do proletariado e da guarnição de Petrogrado. A causa por que o povo entrou em luta – a abolição da grande propriedade agrária, o controlo da produção pelos trabalhadores, a criação de um governo soviético – triunfou definitivamente. Viva a Revolução dos Operários, dos Soldados e dos Camponeses!»

 Comité Revolucionário do Soviete dos Deputados Operários e Soldados de Petrogrado, de 7 de Novembro de 1917

A construção do modelo soviético

As opções de Lenine: Mais vale menos, mas melhor (1923)
«Há cinco anos que nos esforçamos para aperfeiçoar o nosso aparelho de Estado. [...] É necessário adoptar esta regra: mais vale menos, mas melhor. [...] Porque não [...] admitir uma fusão do organismo de controlo do Partido com o do Estado? Por mim, não veria nisso nenhum inconveniente. Pelo contrário, creio que esta fusão é a única garantia de uma actividade fecunda. [...] O traço mais característico da nossa actual situação é o seguinte: destruímos a indústia capitalista, esforçámo-nos por destruir completamente as instituições medievais, a propriedade senhorial, e, com base nisto, criámos o pequeno e o muito pequeno campesinato, que seguem o proletariado, confiantes nos resultados da sua acção revolucionária. No entanto, não é fácil mantermo-nos, até à vitória da revolução socialista, nos países desenvolvidos, apoiados apenas nesta confiança. Não é fácil, porque o pequeno e o muito pequeno campesinato permanecem [...] num nível extremamente baixo de proditividade de trabalho. Além disso, a situação internacional faz com que a Rússia tenha sido lançada para um plano secundário; faz com que, globalmente, a produtividade do trabalho nacional seja hoje sensivelmente mais baixa, no nosso país, do que antes da guerra. As potências capitalistas da Europa Ocidental [...] fizeram o possível por nos afundar, por aproveitar a guerra civil na Rússia, para arruinar ao máximo o nosso país. [...] Que táctica é que este estado de coisas impõe ao nosso país? [...] O que nos interessa é a táctica que nós, Partido Comunista da Rússia, nós, poder dos Sovietes da Rússia, devemos seguir para impedirmos que os estados contra-revolucionários da Europa Ocidental nos esmaguem. Devemos procurar construir um Estado em que os operários conservem a sua direcção sobre os camponeses [...]. Devemos procurar o máximo de eficácia nosso aparelho de Estado. Devemos expurgá-lo dos excessos deixados pela Rússia czarista no seu aparelho capitalista e burocrático. [...] Se conservarmos a direcção da classe operária sobre o campesinato e se economizarmos na gestão do nosso Estado, poderemos empregar até a mais pequena poupança para dsenvolvermos a nossa indústria mecanizada [...].»

Lenine, «Mais vale menos, mas melhor», Pravda, n.º 49, Março, 1923

A Nova Política Económica (NEP)

«Estamos tão arruinados, tão abalados pelo fardo da guerra, que não podemos dar ao camponês os produtos industriais em troca do trigo de que temos necessidade . [...] A miséria e a ruína são tais que não podemos restabelecer a grande produção socialista, as grandes fábricas do Estado. [...] Por conseguinte, é necessário restabelecer a pequena indústria. [...] Que resulta daí? Seguindo uma certa liberdade de comércio, renascem a pequena burguesia e o capitalismo. [...] O capitalismo privado pode ajudar ao desenvolvimento do socialismo. [...] Nada há de perigoso nisto enquanto o proletariado detiver firmemente o poder, enquanto detiver firmemente entre as suas mãos os transportes e a indústria pesada.»

 Lenine, 1921

O relativismo científico, a psicanálise e a revolução artística

«O modernismo vanguardista organiza-se sobre o princípio de que à geração nova cabe o papel messiânico de romper com o passado e de, sobre os escombros da herança destruída e abandonada, acelerar a evolução, inventar o futuro, criar um mundo novo. Se observarmos as principais tendências do primeiro modernismo em geral, numa primeira fase, duas vertentes: a antitradicionalista e iconoclástica, e a futurista. A primeira incendia a tradição e destrói as suas imagens e símbolos; a segunda, complementar, deseja ultrapassar o passado, transcender o presente e criar desde já o futuro, não sendo pois de admirar que a expressão do movimento, da velocidade, do futurível na sociedade actual, constitua o seu principal propósito. Por um lado, o fauvismo, o cubismo, o expressionismo, o abstraccionismo, o dadaísmo; por outro, o movimento propriamente futurista, que entronca nalguns daqueles, mas para acentuar as dimensões de velocidade, de aceleração, de motricidade social ou industrial.»

 António Quadros, O Primeiro Modernismo Português - Vanguarda e Tradição, Lisboa, Europa-América

O Expressionismo

«A pintura mais célebre de Munch é O Grito (1893): a Natureza, o céu, o rio... oscilam em curvas e transforma o próprio ritmo, tal como a personagem do primeiro plano. Esta expressa a angústia absoluta, a solidão do homem entre a vida e a morte. A estada de Munch na Alemanha, desde 1892 até 1908, ajuda a explicar a influência que Munch viria a exercer na arte alemã no período posterior.»

 José Maria de Azcarata Ristori e outros, Historia del Arte, Anaya

O Fauvismo

A primeira característica que ressalta da observação de uma obra de arte fauvinista é a cor intensa. As telas dos pintores Henri Matisse, André Derain e Maurice de Vlamink, de tons considerados violentos para os padrões estéticos da época, deram origem ao epíteto feras (fauves) atribuído por Vauxcelles, crítico de arte da época.

O Cubismo

«A solução dada por Picasso nos dois nus da direita de Les Demoiselles d' Avignon – e em especial nos rostos – (...) consistia em modelar o volume, já não pela própria cor, mas por uma espécie de desenho colorido. Essa tentativa poderia, à primeira vista, parecer semelhante à dos fauves, mas a diferença – e era essencial – residia na deliberada indiferença que estes manifestavam pelo relevo dos objectos que reproduziam, enquanto Picasso tentava precisamente modelar os volumes pela cor, dando a esta, mediante séries de traços com riscos paralelos, direcções lineares destinadas a sugerir esse relevo.»

 Guy Habasque, "A Génese do Cubismo", in História da Arte, vol. 9, dir. de J. Pijoan, Alfa

O Futurismo

«Com a nossa entusiástica adesão ao futurismo, queremos: 1. Destruir o culto do passado, a obsessão pelo antigo, o pedantismo e o formalismo académico. 2. Recusar em absoluto qualquer forma de imitação. 3. Exaltar todas as formas de originalidade, mesmo que seja considerada temerária ou violenta. 4. Mostrar valor e orgulho perante a fácil de loucura, com a qual se pretendeu amordaçar os inovadores. 5. Considerar os críticos de arte como inúteis e danosos. (...) 8. Representar e exaltar a vida actual, incessante e profundamente transformada pelo avanço da ciência. Enterrem-se os mortos nas profundezas da terra! Abram-se as portas do futuro! Dê-se lugar aos jovens, aos audazes!»

 Do Manifesto dos Pintores Futuristas, in Historia del Arte, de José Maria de Azcarata Ristori e outros, Anaya

O Abstraccionismo

A geometrização cubista e a valorização das cores do Fauvismo e no Expressionismo foram preparando caminho a uma das maiores revoluções da arte europeia do século XX: o Abstraccionismo, isto é, o abandono da representação de um objecto identificável. O Abstraccionismo surgiu em 1910 e desenvolveu-se segundo duas tendências de cariz muito diferente: o Abstraccionismo sensível ou lírico e o Abstraccionismo geométrico.

O Dadaísmo

Em 1916, na Suiça, um grupo de jovens fugidos da guerra exprimiu o seu repúdio pelo conflito militar, pelas convenções sociais e, inclusive, pela arte através da escolha deliberada do absurdo. A palavra dada, escolhida ao acaso do dicionário francês, foi adoptada como designação do grupo dadaísta de Zurique (Cabaret Voltaire), o que exprime bem a opção dos artistaas pelo ilógico, o escandaloso, o desconcertante. Subvertendo os conceitos de arte, jogando com a acção do inconsciente (não esqueçamos a influência das teorias de Freud), o Dadaísmo preparou terreno para o Surrealismo.

O Surrealismo

«O Surrealismo é o automatismo psíquico puro pelo qual nos propomos exprimir, seja verbalmente, seja por escrito, seja por por qualquer outra forma, o funcionamento real do pensamento. Ditado do pensamento na ausência de todo o controlo da razão e de toda a preocupação moral ou estética. O Surrealismo assenta na crença na realidade superior de certas formas de associações até aqui desprezadas, na omnipotência do sonho, no jogo desinteressado do pensamento. Tende a arruinar definitivamente todos os outros mecanismos psíquicos e a substituir-se a eles na resolução dos principais problemas da vida.» André Breton, Manifesto do Surrealismo, 1924

O Primeiro Modernismo Português

«Aqueles que, ao findar o século, assistiram simultaneamente ao nascimento do novo século puderam verificar uma modificação total no aspecto exterior dos valores imutáveis da Humanidade. (...) [Em Portugal, com] uma herança literária e artística bastante desorientadora, sobretudo para os que se iniciavam nas letras e nas artes; uma herança literária e artística resumida aos talentos isolados de um período manifestamente decadente; num meio hostil, congestionado de realidades políticas que tiranizavam exclusivamente todo o país; num desinteresse máximo e nacional pelas coisas chamadas do espírito; tais foram os primeiros dias que couberam por sorte aos desta geração. (...) Havia tanto que destruir como de construir, isto é, impunha-se viver. Discutia-se a acção: se não nos entendessem, ao menos que nos ouvissem gritar! Não tardou muito que uns quantos se sentissem visados. A sua oposição excedeu as nossas expectativas (...). Chegaram a apelar para a polícia e para o manicómio (...). Enfim, ódio puro. Um ódio tão evidente e tão incontido que tendo começado por nos surpreender acabava por fazer-nos ver que afinal tínhamos feito já alguma coisa de bom. (...) [Em] 1912, o grupo preparara e fizera sair uma revista literária chamada Orpheu. Pouco depois outra, Portugal Futurista, a qual mereceu uma recolha total pela polícia. Depois a Contemporânea (...). A completar a série das nossas publicações saíram ainda vários números de uma quarta revista intitulada Athena. (...) Simultaneamente ao nosso movimento literário, o grupo completava-se com os pintores vindos de Paris em 1914. Completava-se e excedia-se. Guilherme de Santa-Rita e Amadeo de Souza-Cardoso, duas fortes personalidades opostas, plenas de modernismo e absolutamente inéditas na ideologia e sensibilidade portuguesas, mas portuguesas, encontraram-se menos exilados no seu próprio país do que haviam previsto, ao encontrarem-se com o grupo literário.»

 José de Almada Negreiros, «Pioneiros», Obras Completas, Lisboa, Imprensa Nacional – Casa da Moeda,1993

A aliança internacional das forças democráticas na luta contra o imperialismo do Eixo

«Qual foi, perante a política de Hitler, a atitude dos demais Estados europeus? (…) A política britânica foi relativamente simples: certas reivindicações alemãs, como por exemplo a remilitarização da Renânia ou a união com a Áustria – embora estivessem em contradição com os tratados –, não lhe pareciam desrazoáveis, e daí, até 1939, a convicção de que, não se lhes opondo, se poderia desarmar e amaciar o ditador alemão. (…) A política francesa foi mais complexa. A partir da subida de Hitler ao poder, certos homens de Estado franceses persuadiram-se de que, perante o renascer do perigo alemão, a política de segurança colectiva estava ultrapassada. (…) A política externa francesa foi apenas uma sucessão de abandonos perante as exigências alemãs – uma “política de decadência” que se explicava pelo medo/pânico de não ter dos Ingleses e que, portanto ia a reboque deles (…). Na aparência, as políticas inglesa e francesa eram próximas uma da outra; mas num caso a política era assumida conscientemente e no outro não passava de uma expressão de fraqueza que procurava justificar-se numa opinião pública visceralmente pacifista. Havia ainda a União Soviética, cuja política balançou entre dois pólos: a sua hostilidade ao nazismo , que por sua vez se declarava ferozmente antibolchevista, e a sua hostilidade ao sistema de Versalhes, entre cujas vítimas se contava. (…) No decurso dos anos 30, a Europa voou em pedaços. A crise económica foi o detonador de uma crise política, ideológica, moral, etc. (…) Em 1939, a crise dos anos 30 terminava, para o pequeno continente europeu – esquartejado entre o comunismo, o fascismo e a democracia –, numa nova tragédia em que ele iria jogar em horrores a sua bimilenária história.»

 Jean Carpentier e François Lebrun, História da Europa, Editorial Presença

O balanço da mais trágica guerra da história da Humanidade

«Às perdas humanas e às destruições materiais, é preciso juntar ruínas de um carácter diferente: a desorganização da sociedade, sobretudo no Leste. É talvez a Polónia que apresenta, a este respeito, o caso mais dramático. Os alemães, senhores do território durante seis anos, empreenderam a destruição sistemática de todas as elites – intelectuais, administrativas, espirituais, políticas –, de maneira a deixarem este país sem quadros nem possibilidades de se reerguer. (…) Finalmente, na ordem dos sentimentos, a guerra e as suas atrocidades (…), o extermínio sistemático de milhões de judeus, deixam vestígios duradouros, ressentimentos contra a Alemanha e a Itália, variando de intensidade segundo os países, mais intensos, por exemplo, na Holanda e na Noruega do que em França, e mesmo ressentimentos entre nacionalidades vizinhas ou fazendo parte do mesmo Estado. A tarefa de reconstrução parece, pois, em 1945, muito mais vasta e também muito mais difícil do que [a que acontecera] um quarto de século mais cedo [1.ª Guerra Mundial].»

 René Rémond, Introdução à História do Nosso Tempo

A afirmação do neoliberalismo e globalização da economia

«Confundem, os mais cépticos globalização com empobrecimento. Ou porque as etiquetas de produtos comercializados nas lojas exibem a chancela de um país de baixo PIB per capita. Ou porque a produção industrial tende a deslocar-se para países de baixos custos. Brandem que é impossível competir com tais modelos, e que a abertura de fronteiras implicará choques civilizacionais de alcance imprevisível. Repudio essa visão. Se é mais barato produzir fora, se o preço é variável de decisão essencial, deslocalize-se a produção. […]. Não se insista em bem produzir aquilo que chineses ou indonésios também fazem, cada vez melhor, por um terço ou metade do custo. Invista-se antes nesses países – que, alem do mais, oferecem um enorme potencial de crescimento do mercado interno a longo prazo. […]. O desafio fundamental que se coloca à nossa economia, para que esta saia ganhadora com a globalização, é o da mobilidade. Mobilidade na adopção de novas tecnologias; no acesso ao capital financeiro; por fim, quanto ao papel do Estado na economia. […]. Continuo a reclamar do Estado a demolição de estruturas que entorpecem essa mobilidade – a lei do arrendamento habitacional, o imposto de Sisa sobre imóveis, a ausência de disseminação equilibrada da administração pública pelo território, ou abolição da psicose do “emprego seguro, no Estado, para o resto da vida”».

 Belmiro de Azevedo (presidente do Grupo Sonae), Expresso, Edição n.º 1567, de 2002-09-11

SDN: A Sociedade das Nações

O Pacto da Sociedade das Nações «Art. 1.º – Os membros da Sociedade das Nações comprometem-se a respeitar e a manter contra qualquer agressão exterior a integridade territorial e a independência política de todos os membros da Sociedade. (...)»

A resistência das democracias liberais

«O alargamento das funções do Estado, necessário para um ajustamento recíproco entre a propensão para o consumo e a vontade de investir, pareceria a um publicista do século XIX ou a um financeiro americano dos nossos dias uma horrível infracção aos princípios individualistas. Pelo contrário, este alargamento parece-nos o único meio de evitar uma completa destruição das instuições económicas actuais e uma espécie de condição para um exercício feliz da iniciativa individual.»

 John Keynes, Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda, 1936

Aproximação do Estado Novo aos modelos fascistas

«A polícia política era a espinha dorsal do sistema: servida por uma larga rede de informadores estipendiados (nos locais de trabalho, nas escolas, nos teatros, nos centros de convívio, etc.), dotada de verbas cujo uso escapava ao controlo público, a P.V.D.E./P.I.D.E. podia deter quem entendesse, sem culpa formada e sem mandato ou fiscalização judicial, por períodos que foram sendo sucessivamente alargados até chegar aos seis meses. Durante esse tempo, os detidos podiam ser conservados incomunicáveis, sem visitas nem assistência dos seus advogados: era a fase das “averiguações”, dos “interrogatórios” – da instrução preparatória para os detidos levados a tribunal –, que era, inicialmente, secreta e estava a cargo da polícia política. Enquanto ela durava, a P.V.D.E./P.I.D.E. permitia-se exercer sobre os detidos, sem pressas, uma larga panóplia de violências e torturas físicas e psicológicas como forma de lhes extorquir “confissões” ou de simplesmente os intimidar. […] Isto significava, na prática, que a polícia política tinha a possibilidade inteiramente discriminatória, e sem qualquer controlo judicial, de aplicar “penas” de prisão até um ano, nos seus cárceres privativos, a quem entendesse e por que motivo entendesse. Na realidade, este sistema conferia à polícia política o poder de prender qualquer cidadão por quanto tempo quisesse: bastava, ao fim de um ano de detenção preventiva, voltar a prendê-lo preventivamente, à porta da cadeia, por mais um ano, e assim sucessivamente […].»

 Portugal e o Estado Novo (1930-1960), coordenação de Fernando Rosas, vol. XII da Nova História de Portugal, dir. de Joel Serrão e A. H. de Oliveira Marques, Lisboa, Ed. Presença, 1992

Portugal: o Estado Novo

«Todos sabem de onde vimos – de uma das maiores desorganizações que em Portugal se devem ter verificado na economia, nas finanças, na política, na administração pública. […] Não há Estado forte onde o Poder Executivo o não é, e o enfraquecimento deste é a característica geral dos regimes políticos dominados pelo liberalismo individualista ou socialista, pelo espírito partidário e pelos excessos e desordens do parlamentarismo. O princípio salutar da divisão, harmonia e independência dos poderes está praticamente desvirtuado pelos costumes parlamentares e até por normas insertas nas constituições relativas à eleição presidencial e à nomeação e demissão dos ministros. Essas normas vêm sujeitando, de facto, o Poder Executivo ao Legislativo, exercido por maiorias variáveis e ocasionais, e à mercê também de votações de centros políticos estranhos aos Poderes Públicos. É uma necessidade fundamental restituir esse princípio a alguma coisa de real e de efectivo, e, bem observados os acontecimentos políticos da Europa nos últimos anos, pode afirmar-se que, tendo-se tornado inevitáveis pelas desordens daquelas engrenagens, tudo aí gira à volta da preocupação dominante de achar o sistema que dê ao Poder Executivo independência, estabilidade, prestígio e força.»

 Salazar, Discurso de 30 de Julho de 1930

A Europa do pós-guerra

O tratado de Versalhes (28 de Junho de 1919) «Art. 45 – Em compensação da destruição das minas de carvão no Norte da França... [a Alemanha] cede à França a propriedade inteira e absoluta das minas de carvão situadas na bacia do Sarre. (...) Art. 51 – Os territórios cedidos à Alemanha em virtude dos preliminares de paz assinados em Versalhes a 26 de Fevereiro de 1871 e do Tratado de Francforte de 10 de Maio de 1871 [Alsásia e Lorena] são reintegrados na soberania francesa a datar do armistício de 11 de Novembro de 1918. (...) Art. 119 – A Alemanha renuncia, a favor das principais potências aliadas e associadas [Estados Unidos, Império Britânico, França, Itália e Japão], a todos os seus direitos e títulos sobre as suas possessões de além-mar. (...) Art. 198 – As forças miltares da Alemanha não deverão compreender nenhuma aviação militar nem naval. (...) Art. 231 – Os Governos aliados e associados declaram e a Alemanha reconhece que a Alemanha e os seus aliados são responsáveis, por tê-los causado, por todas as perdas e danos, sofridos pelos Governos aliados e associados e seus naturais, em consequência da guerra. (...)»

 Q. Voilliard e outros, "Documentos de História – 1851-1971", em G de Freitas, 900 Textos e Documentos de História, vol. III, Plátano Editora

A perda da hegemonia europeia

«O estabelecimento do "triângulo" financeiro fora um dos elementos-chave da estabilização da Europa: os bancos norte-americanos emprestavam dinheiro à Alemanha e esta podia assim pagar as anuidades das reparações que devia – o que permitia à França reembolsar os Estados Unidos das suas dívidas de guerra. Se acrescentarmos que o défice do comércio dos países europeus só podia ser compensado por meio de outros empréstimos americanos, compreender-se-á que todo o equilíbrio económico do Mundo e, portanto, da Europa se baseava no constante fluxo de capitais entre os Estados Unidos e a Europa. A principal corrente desse fluxo circulava entre Nova Iorque e Berlim. Entre 1924 e 1929, a Alemanha recebeu perto de 2,5 mil milhões de dólares provenientes dos Estados Unidos, mais uma soma equivalente, emprestada pela Grã-Bretanha, a Suiça e a Holanda.»

 Jean Carpentier e François Lebrun (dir. de), História da Europa, Ed. Estampa

As fragilidades da nova ordem política

O ressentimento alemão «Nunca foi infligida a um povo, com mais brutalidade, uma paz tão gravosa e tão ignominiosa como ao povo alemão a vergonhosa paz de Versalhes. Em todas as guerras dos últimos séculos, negociações entre vencedor e vencido tinham precedido a conclusão da paz […]. Mas uma paz sem negociações prévias, uma paz ditada como a de Versalhes, é uma paz tão pouco verdadeira como o facto de não existir transferência de propriedade quando um malfeitor deita por terra um infeliz e o obriga em seguida a entregar a sua carteira […]. Para conservar o gigante algemado, puseram dois esbirros nos seus flancos, a Polónia e a Checoslováquia, que receberam o direito, também conservado pelos Estados vencedores, de aumentar livremente as suas forças militares, ao passo que o nosso exército, outrora o mais forte e bravo do mundo, era reduzido a não ser mais do que uma força de polícia apenas suficiente para manter a ordem interna.»

Bulow, “Mémoires”, 1931, in Noushin, Marc (1996), O Século XX, Lisboa, Instituto Piaget

A Grande Depressão

«Na famosa "quinta-feira negra", 24 de Outubro de 1929, os títulos postos à venda [na Bolsa de Nova Iorque, em Wall Street] não encontram compradores (...): cerca de 70 milhões de títulos são lançados no mercado sem contrapartida. É a derrocada das cotações: a perda total avaliada em 18 mil milhões de dólares. O fenómeno repete-se nos dias seguintes, amplia-se por um processo cumulativo que abala a confiança, mola real do crédito na economia liberal. (...) Esta crise de crédito revela a sobreavaliação dos valores (...). A crise sanciona, pois, uma especulação excessiva, uma inflação do crédito. Para os especialistas, trata-se de um acidente técnico que saneará o mercado e permitirá o regresso à ordem (...). Todavia, contrariamente à expectativa geral dos técnicos, do presidente [dos Estados Unidos, Hoover] e dos eleitores que nele tinham votado, a crise instala-se, perdura e atinge outros sectores da economia americana e também outros países. (...) É como uma paragem cardíaca.»

 René Remond, Introdução à História do Nosso Tempo, Gradiva, 1997

O Século do Povo - BBC, a crise de 1929



Os anos 20 foram o períodos de grande prosperidade dos EUA. Tudo parecia correr bem com a economia americana, a produção crescia continuamente, a bolsa dava lucros crescentes aos accionistas... Mas esta prosperidade era penas aparente. Em 24 de Outubro de 1929, o crash de Wall Street iria revelar as fragilidades da economia americana e mergulhar o resto do mundo numa crise profunda.

As opções totalitárias

«[A Depressão iniciada em 1929 tomou os] conflitos entre as diversas classes sociais ainda mais profundos e explosivos. Os sectores mais explorados da população – os operários e os camponeses – passaram a reclamar de forma mais contundente soluções sociais que melhorassem suas condições de vida. Os regimes democráticos liberais revelaram-se incapazes de solucionar os grandes problemas sócio-económicos da época. O impacto da crise provocou, então, em diversos países, um enfraquecimento das ideias liberais democráticas. Por outro lado, ampliavam-se e fortaleciam-se, dentro dos Estados capitalistas, as atribuições do Poder Executivo. (...) Além da crise do capitalismo (...) [um outro importante] factor promoveu o recuo do liberalismo, abrindo espaço ao avanço dos regimes totalitários, em alguns países particularmente abalados pela crise. Era o medo, alimentado pelas classes dominantes, da expansão dos movimentos socialistas, revigorados pelo exemplo da Revolução Soviética. Os partidos de orientação marxista, empenhados em organizar o proletariado contra a exploração capitalista, representavam uma ameaça aos interesses dos grandes banqueiros e industriais. Para salvar esses interesses, significativa parcela das classes dominantes apoiou a ascensão das doutrinas totalitárias, que prometiam restabelecer a ordem e a disciplina social.»

 Gilberto Cotrim, História e Consciência do Mundo, Ed. Saraiva

As doutrinas fascistas

«A democracia é um regime sem rei, mas que o substitui por numerosos reis, por vezes mais exclusivos, mais tirânicos, mais numerosos que um rei-tirano (...). O fascismo rejeita na democracia a mentira absurda e convencional da igualdade política, o hábito da irresponsabilidade colectiva, o mito da felicidade e do progresso indefinidos. (...) Anti-individualista, a concepção fascista é feita para o Estado (...). Para o fascista tudo está no Estado, nada de humano ou espiritual existe fora do Estado. Nesse sentido o fascismo é totalitário e o Estado fascista, a síntese e unidade de todo o valor, interpreta, desenvolve e dá potência à vida integral de um povo. Nem agrupamentos (partidos políticos, associações, sindicatos), nem indivíduos fora do Estado. Por consequência, o fascismo opõe-se ao socialismo, que retrai o movimento histórico a ponto de o reduzir à luta de classes e que ignora a unidade do Estado que, por si, funde as classes num único bloco económico e moral. (...) O Estado fascista, que é a forma mais poderosa e elevada da personalidade, é uma força (...) que resume todas as formas da vida humana.»

 Mussolini, A Doutrina do Fascismo, 1930

A propaganda política como veículo da difusão da ideologia fascista

«Nenhum indivíduo, qualquer que seja a sua posição, modesta ou elevada, tem o direito de usar a sua liberdade em detrimento da liberdade do seu povo. (...) O mesmo é válido para o artista. A arte não é um conceito absoluto, não existe senão na vida do povo. (...) A cultura é a expressão superior das forças criadoras de um povo. O artista é o intérprete inspirado dessa cultura. Seria insensato da parte dele supor que a sua missão divina se poderia cumprir fora do povo. Ela só existe em função do povo. (...) Se um artista abandona o terreno sólido que o povo lhe oferece (...), então encontra-se rasgada a via para os inimigos da civilização, sob cujos golpes o artista acabará também por cair.»

 Discurso de Goebbels, em 15 de Novembro de 1933

A violência racista

«Os Judeus é que apresentam um mais acentuado contraste com o Ariano. (...) O povo judeu, apesar das suas aparentes aptidões inteletuais, permanece sem nenhuma cultura verdadeira e, sobretudo, sem cultura própria. O que ele hoje apresenta como pseudocivilização é o património de outros povos, já corrompidos pelas suas mãos. (...) O judeu não possui qualquer força susceptível de construir uma civilização e isso pela razão de não possuir, nem nuca ter possuído, o menor idealismo, sem o qual o homem não pode evoluir nem sentido superior. Eis a razão poque a sua inteligência não serve para construir coisa alguma; ao invés, serve para destruir. (...) A sua expansão através de países sempre novos só principia quando neles existem condições que lhe assegurem a existência, sem que tenha de mudar de domicílio como o nómada. É, e será sempre, o parasita típico, um bicho que, tal qual um micróbio nocivo, se propaga cada vez mais, assim que se encontra em condições propícias. A sua acção vital assemelha-se igualmente à dos parasitas, onde ele aparece. O povo que o hospeda vai-se extreminando mais ou menos rapidamente.»

 Adolf Hitler, Mein Kampf, capítulo XI, "O Povo e a Raça"

Os "dez mandamentos" do Estado Novo

«Às almas dilaceradas pela dúvida e o negativismo do século, procurámos restituir o conforto das grandes certezas. Não discutimos Deus e a virtude; não discutimos a Pátria e a sua História; não discutimos a autoridade e o seu prestígio, não discutimos a família e a sua moral; não discutimos a glória do trabalho e o seu dever.»

Salazar, Discurso de 28 de Maio de 1936

Da euforia à crise

"A crise torna-se, a partir do crash de Wall Street, uma crise mundial, o que demonstra como a América se vai transformando, aos poucos, na locomotiva da economia capitalista. As repercussões sociais desta crise, são, também, mundiais, afectando todos os países, com economias pouco desenvolvidas e diversificadas, que fornecem matérias-primas aos EUA e à Europa. (…) Por todo o lado falem fábricas por falta de compradores. Por todo o lado instala-se o desemprego, e as dificuldades económicas das populações agudizam-se. A fome, que parecia uma realidade passada, reemerge. Nos EUA, põe-se em questão o American way of life, instalando-se dúvidas quanto à validade do modelo capitalista tal como é aplicado. Este modelo incentivou, nos anos da pseudo prosperidade, a um consumo desenfreado, concedendo créditos ao consumo privado de forma pouco criteriosa e as pessoas que não possuíam capacidade de endividamento. Quanto mais se consumia, mais os bancos emprestavam, numa espiral que só podia conduzir a um fim – a ruptura do sistema financeiro e, consequentemente, produtivo, logo que as dificuldades financeiras começaram a emergir (as pessoas não pagavam aos bancos o que lhes deviam e deixaram de consumir por não terem meios para tal). Com a retracção do consumo privado, as empresas vêem-se com uma enorme quantidade de stocks invendáveis por causa da falta de liquidez financeira dos consumidores. Milhares de empregos desaparecerem em pouco tempo por já não se justificarem em época de retracção económica. Os bancos, com falta de confiança na capacidade de pagamento de quem pede empréstimos, encerram as linhas de crédito, restringindo ainda mais o consumo. A falta de dinheiro no sistema leva-os a retirar os créditos concedidos a muitos bancos europeus e a não efectuar novos empréstimos. Ora, o sistema bancário baseia-se, em grande parte, nos empréstimos concedidos pelos bancos com maior capacidade financeira aos de menores capacidade. Muito bancos europeus, dependentes de créditos americanos entram em ruptura. Os níveis atingidos por Wall Street em 1929 só são retomados em 1954." 

Helena Veríssimo, Mariana Lagarto, Miguel Barros, Nova Construção da História, Edições ASA

O dinheiro fácil

"Para incitar os empresários a investir acena-se-lhes com o crédito fácil, a política do dinheiro fácil. Alguns aproveitam a facilidade do recurso ao crédito que lhes é concedido, não para criarem novas empresas, mas sim para especularem: compram-se acções na bolsa a contar com uma alta das cotações. A verdade é que quanto mais os especuladores compram, mais as acções sobem. Sem se darem bem conta do que haviam feito, nas vésperas de 1929, os bancos tinham emprestado somas enormes a especuladores que só poderiam reembolsá-los se se mantivesse, indefinidamente, a espiral crescente das cotações em Wall Street."

 Jean-Luc Chalumeau, O Capitalismo, Publicações Dom Quixote

As origens do fascismo

"Se a complexidade do fascismo é patente a todos os níveis, o problema das suas origens não será menos controverso. Tem sido desde há muito considerado como um produto dos choques consecutivos da guerra e do pós-guerra. (…) A guerra é uma etapa perfeitamente decisiva, que assinala o fracasso dos valores humanistas, radicaliza a ruptura entre as oligarquias dirigentes e as massas, operando simultaneamente uma mistura de categorias sociais nociva às antigas hierarquias. A crise do pós-guerra vai seguidamente acelerar o processo de decomposição social e ideológica da democracia liberal pela conjugação de dois factores essenciais: a inflação, que intensifica a proletarização da classe média iniciada com a guerra, e a ameaça bolchevista, que leva as classes dirigentes a apostarem no fascismo como força de substituição ao Estado liberal decadente. A crise económica de 1929, reabrindo as feridas mal saradas do pós-guerra e suscitando com o desemprego novas categorias de marginalizados, tem idênticas consequências do ponto de vista político. Nos países vencedores, que encontram precisamente a vitória uma justificação das suas instituições democráticas, estas crises são ultrapassadas com relativa facilidade. Inversamente, o fascismo é uma resposta à frustração nacional resultante de uma derrota (Alemanha), de uma vitória incompleta (Itália) ou mesmo de uma situação de sujeição no seio de um Estado democrático (Croácia, Eslováquia)."

 Bernard Droz e Anthony Rowley, História do Século XX, Publicações D. Quixote

Totalitarismo ou totalitarismos?

"As referências ao passado são utilizadas pela propaganda fascista para a construção de uma certa ideia de pátria, que assenta num nacionalismo primário, defende valores como a raça e incentiva a crença na superioridade cultural de determinados povos relativamente a outros. O fascismo promove o culto do chefe, que concentra em si todos os poderes, recusando o parlamentarismo e as liberdades individuais.” Considera os regimes demoliberais decadentes e permissivos e causa última da instabilidade vivida na Itália e Alemanha nos anos anteriores ao fascismo. Para além disso, acredita que estes regimes, por causa da sua permissividade, perderão a luta contra a ideologia comunista. (…) Os apoiantes do fascismo são, essencialmente, as classes médias, a quem o medo da anarquia ou o espectro da tomada de poder por parte dos comunistas assusta. A propaganda fascista sabe aproveitar-se desses medos e convencer uma parte substancial da população de que o regime fascista é o único que a consegue defender de forma eficaz. A propaganda torna-se um dos instrumentos mais poderosos ao serviço do fascismo."

 Helena Veríssimo, Mariana Lagarto, Miguel Barros, Nova Construção da História, Edições ASA

Uma criança na Itália fascista

"Eu, que nasci em 1932, vivi debaixo do fascismo até aos treze anos. Não o suficiente para ser um protagonista, mas o bastante para perceber muitas coisas (...). Eu ouvia as histórias que as pessoas, no dia a seguir à marcha sobre Roma, tinham encolhido os ombros e dito: «Talvez esse homem saiba impor finalmente alguma ordem neste país». Quando um primo do meu pai, socialista convicto, vinha jantar connosco de vez em quando no Verão, a minha mãe ia a correr fechar as janelas, com medo que alguém ouvisse as enormidades que ele dizia. (...) Houve quem optasse pelo exílio e algumas pessoas foram trabalhar como pedreiros para o estrangeiro."

 Umberto Eco, A Passo de Caranguejo

O Duce e o culto da personalidade

"Deves saber que o Duce é como o Pai Eterno: manda produzir cinco milhões de toneladas de trigo e é preciso produzir cinco milhões. Manda ter muitos filhos e é preciso ter muitos filhos. Se não há trabalho, manda que o haja. Estás a ver agora como ele é como o Pai Eterno. Além disso, fulmina com o seu olhar aqueles que não lhe obedecem e manda persegui-los porque não gosta de abusos."

 D. Biondi, Viva il Duce, 1930

O fascismo, segundo Mussolini

"Para o fascismo, o Estado é absoluto: perante ele os indivíduos e os grupos não são mais que o relativo. Tudo no Estado, nada contra o Estado, nada fora do Estado. (...) O indivíduo só existe enquanto está no Estado: está subordinado às necessidades do Estado e, à medida que a civilização toma formas cada vez mais complexas, a liberdade do indivíduo restringe-se sempre mais. (...) Neste sentido, o fascismo é totalitário (...). Nem partidos, associações, sindicatos nem indivíduos fora do Estado. (...) Nós representamos um princípio novo no Mundo, representamos a antítese nítida, categórica, definitiva da democracia (...)."

 Benito Mussolini, O Fascismo, 1931

A depressão económica na Alemanha

"A crise económica provocara danos asssustadores. Reduziu a nada o dinheiro acumulado durante décadas de trabalho árduo. (...) As notas eram usadas como combustível para os fornos. Nos restaurantes, as pessoas pagavam a refeição antes de comerem, pois os preços podiam aumentar antes de chegarem ao café. Outros iam à padaria, transportando as suas poupanças num carrinho de mão. (...) Muitos alemães culparam o governo quando a subnutrição, a fome, o medo e o desespero se transformaram na realidade quotidiana, não apenas para aqueles que já conheciam os efeitos da pobreza, mas também dos que estavam habituados à abastança."

 G. Hodgson, O Século do Povo

Os apoiantes de Hitler

"Em 1930, os numerosos partidos políticos lutavam entre si, numa grande desordem. Nós, os da firma Krupp (indústria de armamento), não somos idealistas, mas realistas. Inicialmente, votámos nos conservadores, mas eles eram demasiado fracos para poderem governar o país. Nesta luta pelo pão e pelo poder, tínhamos necessidade de uma mão forte e dura como a de Hitler. Queríamos um regime que nos permitisse trabalhar em paz."

 Declarações do industrial alemão Krupp no processo de Nuremberga (1946)

Os jovens desempregados

"Esses filhos semi-órfãos da desordem, da guerra e da inflação, (...) crescendo sem nenhuma assistência, sem nenhum sustento certo, precisavam do cuidado especial da sociedade. Em vez disso, eles (...) eram as primeiras vítimas do reajuste social. Ao atingirem a idade activa, não encontravam, para seu desânimo, nenhum emprego disponível. O jovem químico, engenheiro, professor, advogado, médico, especialista de qualquer ramo, mesmo o artesão, encontrava o caminho barrado pelo pai ou pelo irmão mais velho. Na luta moral pelos empregos, (...) os inexperientes eram inevitavelmente derrotados. E o ódio dos deserdados avolumava-se monstruosamente. Era um esplêndido material para o radicalismo político. (...) A jovem Alemanha era, sem dúvida, uma presa fácil para um demagogo patriota."

 Edgar Mowerer, correspondente em Berlim do Chicago Daily News, no seu livro A Alemanha Atrasa o Relógio, 1933

Walter Muhle, ex-membro das SS

"Para nós, o Fuhrer era o máximo que existia – as pessoas adoravam-no... reagiam a ele como sucede hoje com um artista pop... Os anos de paz em Berlim foram o melhor tempo da minha vida... Veja-se a quantidade de apartamentos que os nazis construíram para os trabalhadores – a indústria foi reconstruída." Tom Buchanan, "

Política e Poder", em O Século do Povo, Ediclube, 1997

O Programa do Partido Nazi

"1. Constituição de uma Grande Alemanha, reunindo todos os alemães com base no direito dos povos de disporem de si mesmos. 2. Revogação do Tratado de Versalhes. (...) 4. Apenas os cidadãos têm direitos cívicos. Para ser cidadão é necessário ter sangue alemão. Nenhum judeu pode ser cidadão. (...) 6. O direito de voto será reservado exclusivamente aos cidadãos. 7. Criação de um vasto sistema de reformas. 8. Os não cidadãos serão expulsos do Reich, caso o país não possa alimentar toda a população. (...) 22. Criação de um exército nacional. (...) 25. Criação de um poder central forte."

 Do Programa do Partido Nazi (1920)

Hitler e o poder absoluto

"O novo movimento é (...) antiparlamentar, ou seja, ele nega o princípio de uma soberania da maioria em virtude da qual o chefe de Governo é rebaixado à categoria de simples executante da vontade dos outros. O movimento defende o princípio de que, nas grandes como nas pequenas questões, o chefe detém uma autoridade incontestada, comportando a mais absoluta responsabilidade. Aquele que quer ser o chefe carrega, com a sua autoridade suprema e sem limite, o pesado fardo de uma responsabilidade total. Só um herói pode assumir esta função."

 Adolf Hitler, Mein Kampf, 1923

A raça superior

"A nossa concepção racista não acredita de forma nenhuma na igualdade. Pelo contrário, reconhece que há diversidade nas raças e que o seu valor é mais ou menos elevado. Sente assim a obrigação de favorecer a vitória do melhor e do mais forte, de exigir a subordinação dos piores e dos mais fracos. A cultura e a civilização humanas estão, neste continente, indissoluvelmente, ligadas à existência do Ariano. (...) A concepção racista corresponde à vontade mais profunda da natureza ao restabelecer o progresso pela selecção. Assim, um dia, uma Humanidade melhor, tendo conquistado o mundo, verá abrir-se livremente para si todos os domínios da actividade. (...) O Judeu forma o mais marcante contraste com o Ariano. (...) O Judeu não tem mínima capacidade para criar uma civilização (...). A sua inteligência nunca servirá para construir, mas sim para destruir (...). O progresso da Humanidade cumpre-se, não por ele, mas apesar dele. (...)"

 Adolf Hitler, Mein Kampf, 1925

Leis de Nuremberga, 1935

"Compenetrado da consciência de que a pureza do sangue alemão é a premissa da perpetuação do povo alemão, e inspirado pelo indomável desejo de assegurar o futuro da nação alemã, o Reichstag aprovou por unanimidade a seguinte lei, que é proclamada pelos presentes: 1. Os casamentos entre judeus e sujeitos de sangue alemão ou assimilado são proibidos. 2. As relações extramaritais entre judeus e sujeitos de sangue alemão ou assimilado são proibidas. 3. Os judeus não podem utilizar no serviço de suas casas as mulheres de sangue alemão ou assimilado com menos de quarenta e cinco anos de idade. 4. Fica proibido aos judeus usar as cores nacionais alemães. (...) 5. As infracções ao n.º 1 serão punidas com pena de prisão. (...)"

 J. Carpentier e F. Lebrun, História da Europa

Auschwitz

"Em Auschwitz, pelo menos dois milhões e meio de pessoas foram mortas nas câmaras de gás e outro meio milhão morreu de fome e doenças. (...) Lá trabalhavam dois médicos das S.S. que examinavam todos os que chegavam ao campo. (...) Os aptos para o trabalho ficavam no campo, os outros eram enviados para as câmaras. As crianças de pouca idade eram sempre enviadas para a morte, visto que não podiam trabalhar. Queríamos que toda a acção fosse mantida em segredo, mas o cheiro originado pela incineração dos cadáveres inundava toda a região." Declaração de Rudolf Franz Hoss no Julgamento de Nuremberga, 1946

Portugal: a herança histórica e os novos desafios

"Somos livres, mais democráticos do que 1974? Certamente que sim. Sê-lo-emos, e em que campos, mais do que o depois da entrada na Europa e a na União Monetária? Conhecendo melhor a nossa sociedade, os nossos direitos e obrigações políticas, poderemos afirmar que o povo português interiorizou na sua prática política aquelas regras mínimas que definem a democracia (regras de liberdade, de igualdade, de justiça)? Resposta é, mais uma vez, “sim”. Porem, qualquer coisa nos deixa irremediavelmente insatisfeitos. “Sim, sim”, mas… é como se o ganho em democracia ou em conhecimento da democracia que alcançamos sofresse de uma falha essencial. (...) Gostaria de insistir num ponto: o legado do medo que nos deixou a ditadura não abrange apenas o plano político. Aliás, a diferença com o passado é que o medo continua nos corpos e nos espíritos, mas já não se sente. (…) Por exemplo, o direito à cultura e ao conhecimento ainda não chegou ao sentimento da população portuguesa. (...) Numa palavra. O Portugal democrático de hoje é ainda uma sociedade de medo. É o medo que impede a crítica. (...) Portugal conhece uma democracia com baixo grau de cidadania e liberdade. (...) Dito de outro modo: estamos longe de expressar, de explorar e portanto de conhecer e de reivindicar os nossos direitos cívicos e sociais de cidadania, ou seja, a nossa liberdade de opinião, o direito à justiça, as múltiplas liberdades e direitos individuais no campo social. (...) Digamos que o velho Portugal rural e pré-industrial fechado sobre o seu império colonial pertencia a categoria das sociedades disciplinares com as suas instituições correspondentes (escola, prisão, fábrica, exército, Estado autoritário, etc.) A entrada de Portugal na Europa leva-o na direcção das sociedades de controlo. Como consequência desta tensão, os hábitos de obediência e submissão que os portugueses trouxeram do autoritarismo salazarista mal começaram a desintegrar-se foram logo apanhados pelas tecnologias de controlo que surgiram. (...) É, aliás, o que os discursos político, económicos, social, cultural das instituições e dos media não cessam de nos dizer. Não há outra vias (politicas, económicas, sociais), não há outra maneira de viver, de educar, de instruir, de tratar, de organizar o lazer, de viajar, de se divertir, de amar. A abertura à Europa e ao mundo oferece-nos nesta sociedade normalizada a tecnociência ao serviço da globalização. "

José Gil, Portugal, Hoje. O medo de existir, Relógio d’Água, Lisboa, 2004

FASCISMO: O lado negro

"Foi a falta de integridade moral e, sobretudo, a sobrestimação do próprio poder pelos conservadores que permitiram aos nacionais-socialistas aceder ao poder, a que nunca renunciariam. Não podiam renunciar porque a única razão da sua existência era o poder pelo poder e o alimentar pelo ressentimento. A frustração leva ao ressentimento, o ressentimento à violência, e a violência a mais violência. É isso que a história nos ensina e, infelizmente, a natureza humana não mudou. A existência das instituições que deviam proteger-nos depende exclusivamente da confianças que os cidadãos lhes concedem. Quando se entrega o poder a demagogos e charlatães, que usam os mass media para cultivar a crença de que esse líder, o político que pretende ser contra a política, é a única pessoa capaz de salvar o país, as instituições constitucionais e democráticas desaparecem tão depressa como a confiança nas autoridades porque já ninguém acredita nela. " Rob Riemen, O Eterno retorno do Fascismo, p. 71

Módulo VII - A Grande Crise do Capitalismo nos anos 30

Da depressão económica à 2.ª Guerra Mundial
 Conteúdos
Módulo VII - A Grande Crise do Capitalismo nos anos 30
A grande crise do capitalismo
A intervenção do Estado na economia
Regimes ditatoriais na Europa
Os regimes fascista e nazi
Portugal: a ditadura salazarista
A era estalinista na URSS
A 2.ª Guerra Mundial
O desenvolvimento do conflito
Os caminhos da paz

Aprendizagens relevantes
Descrever o crash da Bolsa de Nova Iorque de 1929.
Explicar a crise de 1929 nos Estados Unidos e as suas características.
Explicar a mundialização da crise de 1929.
Identificar as principais consequências sociais decorrentes da crise.
 Distingue as principais medidas adoptadas pelo New Deal, nos Estados Unidos da América.
 Explicar o avanço dos regimes autoritários na Europa.
 Caraterizar o regime fascista e nazi quanto aos seus princípios e formas de actuação.
Caraterizar o modelo de desenvolvimento económico estalinista.
Descrever a violência totalitária do Estado Soviético.
Referir os acontecimentos que conduziram à formação do Estado Novo.
Conhecer a nova Constituição do país. Enumerar formas de repressão e propaganda do Estado Novo. Descrever a sua organização corporativa.
Caraterizar o colonialismo português.
 Relacionar o início da II Guerra Mundial com o expansionismo das ditaduras.

O agravamento da instabilidade política

"Nesse dia, poucos deputados compareceram na Câmara. (...) Nos homens, nenhum aprumo de vestuário, nem de atitudes, nem de expressão. na imagem brumosa que me ficou da Câmara, destaca-se um vulto de sobretudo alvadio, todo aspapaçado sobre o seu banco, com a expressão de tédio de um borguista mole, extenuado, no morrer sonolento de alguma orgia. De perna estendida com ar de enjoo, encara de pálpebras semicerradas os seus colegas legisladores, dos quais alguns se mantém sentados, outros de pé ou deambulando, muitos a falar do que lhes apetece e a abafar a voz do orador que ora e que ninguém ouve, nem quer ouvir, nem se sabe onde está, nem o que é que nos diz."

  António Sérgio, Ensaios III

A falência da Primeira República

"O País não produzia nem a metade do necessário para o seu consumo. (...) E foi assim, nestas condições, sem agricultura, sem indústria, sem navegação, que a Guerra veio surpreender Portugal. E foi sob um regime de salário baixíssimo e de um custo de vida exorbitante (...) que nós, operários, nos encontrávamos."

   Movimento Operário perante a Guerra e as Condições de Paz, União Operária Nacional, em 1917

A Grande Depressão dos anos 30

"Era o fim do mundo para um povo que tinha apostado tudo na riqueza. As indústrias, equipadas para grandes produções, não encontravam compradores. O número de desempregados subia. (...) Mas, quando as pessoas cessaram as suas compras, então o desemprego aumentou em progressão geométrica, devido à baixa dos preços, à falta de confiança, ao crash de Wall Street. "

André Maurois, 1933 - Chantiers Américains, Paris

O Fascismo

" Para o fascismo, o Estado é absoluto: perante ele os indivíduos e os grupos não são mais que o relativo. Tudo no Estado, nada contra o Estado, nada fora do Estado. (...) O indivíduo só existe enquanto está no Estado: está subordinado às necessidades do Estado e, à medida que a civilização toma formas cada vez mais complexas, a liberdade do indivíduo restringe-se sempre mais. (...) Neste sentido, o fascismo é totalitário (...). Nem partidos, associações, sindicatos nem indivíduos fora do Estado. (...) Nós representamos um princípio novo no Mundo, representamos a antítese nítida, categórica, definitiva da democracia (...). "

Benito Mussolini, O Fascismo, 1931

O Nazismo

"A nossa concepção racista não acredita de forma nenhuma na igualdade. Pelo contrário, reconhece que há diversidade nas raças e que o seu valor é mais ou menos elevado. Sente assim a obrigação de favorecer a vitória do melhor e do mais forte, de exigir a subordinação dos piores e dos mais fracos. (...) A concepção racista corresponde à vontade mais profunda da natureza ao restabelecer o progresso pela selecção. (...) O Judeu não tem mínima capacidade para criar uma civilização (...). A sua inteligência nunca servirá para construir, mas sim para destruir. (...) "

 Adolf Hitler, Mein Kampf, 1925

O Estado Novo

"Todos sabem de onde vimos – de uma das maiores desorganizações que em Portugal se devem ter verificado na economia, nas finanças, na política, na administração pública. (…) Não há Estado forte onde o Poder Executivo o não é, e o enfraquecimento deste é a característica geral dos regimes políticos dominados pelo liberalismo individualista ou socialista, pelo espírito partidário e pelos excessos e desordens do parlamentarismo. (...) "

 Salazar, Discurso de 30 de Julho de 1930

O Estalinismo

"O camarada Estaline, ao converter-se em secretário-geral concentrou nas suas mãos um enorme poder; e eu não estou seguro de que use sempre esse poder com a cautela necessária. (...) Creio que a pressa e o carácter impulsivo de Estaline nas coisas administrativas, junto do seu ressentimento contra o notório "chauvinismo social", desempenharam um papel fatal; o ressentimento sempre desempenha um péssimo papel na política. Estaline é demasiado rude e este defeito, que se pode tolerar em nossas relações como comunistas, é inaceitável no seu Secretariado Geral. Portanto, proponho aos camaradas que tratem de encontrar a maneira de retirar Estaline deste cargo e substituí-lo por outro que seja superior a Estaline em todos os aspectos, quer dizer, mais paciente, mais leal, mais cortês, mais atento aos camaradas, menos caprichoso."

   Lenine, Carta ao Congresso dos Sovietes, Dezembro de 1922

O sobressalto político de 1958


"Chegados à beira das urnas, eu vos dirijo as minhas mais puras saudações e vos convido a comparecer nas urnas em que se decidirá do futuro da Nação. Apesar dos assaltos e das prisões; apesar da violência e das agressões; apesar de violarem e encerrarem as nossas sedes; apesar das intimidações, dos insultos e prepotências de que, sempre temos sido passivos; apesar da censura e das injustiças; apesar da censura e das injustiças; apesar de se preparar uma burla eleitoral de que somos vítimas, eu - por tudo e por isto mesmo - vos convido a seguir comigo para o nosso destino comum. Às urnas, amigos! Lutemos de forma a desmascarar os traidores e os cobardes, aqueles que cometeram e vão cometer ilegalidades constitucionais, aqueles que são inimigos do povo e dos princípios cristãos! Às urnas, cidadãos!
Lisboa, 2 de junho de 1958"

Proclamação de Humberto Delgado




Chegada do General Humberto Delgado à estação de Santa Apolónia, 16 de maio de 1958

A solução para o Ultramar

"Sem os territórios africanos, o país ficará reduzido a um canto sem expressão numa Europa que se agiganta, e sem trunfos potenciais para jogar em favor do seu validamento no concerto das Nações, acabando por ter uma existência meramente formal num quadro político em que a sua real independência ficará de todo comprometida. (...) Mas não é pela força, nem pela proclamação unilateral de uma verdade, que conseguiremos conservar portugueses os nossos territórios ultramarinos. Por essa via, apenas caminharemos para a desintegração do todo nacional pela amputação violenta e sucessiva das suas parcelas, sem que dessas ruínas algo resulte sobre que construir o futuro. (...)"

  António de Spínola, Portugal e o Futuro, Fevereiro de 1974

A defesa do Ultramar

"Angola, Moçambique e Guiné são províncias de Portugal. Os seus habitantes pretos ou brancos, são portugueses. As perturbações da ordem interna, as violências lá produzidas, as agressões por guerrilhas vindas do exterior tê de ser reprimidas e repelidas pelos Portugueses. É um dever e uma responsabilidade nossos. Pois que havíamos de fazer? À primeira sacudidela dada por selvagens assassinos e violadores, levantar braços em sinal de rendição? Entregar às fúrias dos terroristas as vidas e fazendas que, sem discriminação de cor e constituindo a maioria esmagadora da população, não se bandeiam com eles? (...) Por detrás desses grupos, porém, está o apoio de potências estrangeiras que esperam vir a recolher o espólio de uma capitulação de Portugal. Porque, não tenhamos dúvidas: uma tal negociação equivaleria a capitulação. (...) Não está a China por detrás da Frelimo? E não estão os movimentos antiportugueses de Angola e da Guiné amparados à URSS (...). Não podemos abandonar as terras portuguesas do Ultramar e os nossos irmãos que nelas vivem e nelas construíram os seus lares e forjaram os seus destinos."

    Discurso de Marcello Caetano, 3 de Julho de 1972

A defesa da independência

"Qual a razão dos nossos sacrifícios? Por que motivo o inimigo se mostra tão intransigente e cruel? (...) Eles dizem que nós somos uma raça inferior e atrasada, como costumes primitivos, um Povo ignorante que deve ser educado pela raça superior e avançada, cheia de bons costumes e de sabedoria. a Constituição portuguesa é civilizar os bárbaros que nós somos. Eles repetem continuamente este argumento, muito embora toda a gente veja que em Portugal há mais de 40% de analfabetos, que a miséria dos camponeses e do povo português é enorme, o seu obscurantismo não é inferior ao nosso e têm tantas ou mais superstições do que nós, embora diferentes."

   Samora Machel, Estabelecer o Poder Popular para Servir as Massas, 1974


O isolamento internacional

ASSEMBLEIA-GERAL 
"(...) Notando com profunda preocupação que (...) o Governo de Portugal está a intensificar as medidas de repressão e as operações militares contra o povo africano: 1. Reafirma o direito dos povos africanos sob administração portuguesa à liberdade e à independência e reconhece a legitimidade da luta; (...) 3. Apela a todos os Estados (...) que prestem ao povo dos territórios sob administração portuguesa o apoio moral e material necessário à restauração dos seus direitos inalienáveis; (...) 4. Condena a política colonial portuguesa e a sua recusa persistente em acatar as resoluções da Assembleia-Geral e do Conselho de Segurança; (...) 7. Recomenda aos estados-membros para tomarem as seguintes medidas: a) Cortarem ligações diplomáticas e consulares com o Governo de Portugal (...)."

   Resolução 2107, aprovada na reunião plenária da Assembleia-Geral, 21 de dezembro de 1965

Continuidade e evolução

" Temos de fazer face a tarefas inadiáveis. Enquanto as Forças Armadas sustentam o combate na Guiné, em Angola e Moçambique (...) não nos é lícito afrouxar a vigilância na retaguarda. (...) Disse há pouco da minha preocupação imediata em assegurar a continuidade. (...) Mas continuar implica uma ideia de movimento de sequência e de adaptação. A fidelidade à doutrina brilhantemente ensinada pelo doutor Salazar não deve confundir-se com o apego obstinado a fórmulas ou soluções que ele algum dia haja adoptado. (...) A consequência das grandes linhas da política portuguesa (...) não impedirá, pois, o Governo de proceder, sempre que seja oportuno, às reformas necessárias."

 Marcello Caetano, Discurso de posse como presidente do Conselho de Ministros, em 27 de setembro de 1968

A liberalização fracassada

"Senhor Presidente da Assembleia Nacional, Excelência: Quando, em 1969, aceitei a candidatura a deputado da Assembleia Nacional, para a qual fui convidado (...), logo dei conhecimento aos meus dirigentes das condições dessa aceitação: a de que ela não implicava o compromisso de apoiar o Governo, e tinha essencialmente como fim pugnar pelas reformas políticas, sociais e económicas assegurando "o exercício efetivo dos direitos e liberdades fundamentais expressos na constituição e na Declaração Universal dos Direitos do Homem. (...) Já no decurso da atual sessão legislativa foi recusado seguimento, por terem sido havidos como inconvenientes, aos projetos de lei, por mim subscritos, relativos a: "Liberdade de associação"; "Liberdade de reunião"; "Alteração do Código civil" (divórcio de pessoas e bens). (...) Acabo de ter conhecimento de que o meu projeto de lei sobre "Amnistia de crimes políticos e faltas disciplinares" foi reputado "gravemente incoveniente". A sistemática declaração de inconveniência (...) levam-me a concluir à evidência não poder continuar no desempenho do meu mandato sem quebra da minha dignidade, por inexistência do mínimo de condições de atuação política livre e útil. Assim, e através desta declaração pública, renuncio ao mandato de deputado pelo círculo eleitoral do Porto."

 Francisco Sá Carneiro, Declaração de renúncia ao cargo de deputado, 1973

A Revolução de Abril

O Movimento das Forças Armadas (...) proclama à Nação a sua intenção de levar a cabo, até à sua completa realização, um programa de salvação do País e de restituição ao povo português das liberdades cívicas de que vem sendo privado. Para o efeito, entrega o governo a uma Junta de Salvação Nacional a quem exige o compromisso de (...) promover eleições gerais para uma Assembleia Nacional Constituinte, cujos poderes, por sua representatividade e liberdade na eleição, permitam ao País escolher livremente a sua forma de vida social e política. (...) A Junta de Salvação Nacional decretará: a extinção imediata da DGS, Legião Portuguesa e organizações políticas da juventude (...); a amnistia imediata a todos os presos políticos (...); a abolição da censura e exame prévio. (...)

 Do Programa do MFA - Movimentos das Forças Armadas, 1974

As consequências da Grande Depressão



Família americana do Alabama, 1930