sábado, 25 de maio de 2013

Da euforia à crise

"A crise torna-se, a partir do crash de Wall Street, uma crise mundial, o que demonstra como a América se vai transformando, aos poucos, na locomotiva da economia capitalista. As repercussões sociais desta crise, são, também, mundiais, afectando todos os países, com economias pouco desenvolvidas e diversificadas, que fornecem matérias-primas aos EUA e à Europa. (…) Por todo o lado falem fábricas por falta de compradores. Por todo o lado instala-se o desemprego, e as dificuldades económicas das populações agudizam-se. A fome, que parecia uma realidade passada, reemerge. Nos EUA, põe-se em questão o American way of life, instalando-se dúvidas quanto à validade do modelo capitalista tal como é aplicado. Este modelo incentivou, nos anos da pseudo prosperidade, a um consumo desenfreado, concedendo créditos ao consumo privado de forma pouco criteriosa e as pessoas que não possuíam capacidade de endividamento. Quanto mais se consumia, mais os bancos emprestavam, numa espiral que só podia conduzir a um fim – a ruptura do sistema financeiro e, consequentemente, produtivo, logo que as dificuldades financeiras começaram a emergir (as pessoas não pagavam aos bancos o que lhes deviam e deixaram de consumir por não terem meios para tal). Com a retracção do consumo privado, as empresas vêem-se com uma enorme quantidade de stocks invendáveis por causa da falta de liquidez financeira dos consumidores. Milhares de empregos desaparecerem em pouco tempo por já não se justificarem em época de retracção económica. Os bancos, com falta de confiança na capacidade de pagamento de quem pede empréstimos, encerram as linhas de crédito, restringindo ainda mais o consumo. A falta de dinheiro no sistema leva-os a retirar os créditos concedidos a muitos bancos europeus e a não efectuar novos empréstimos. Ora, o sistema bancário baseia-se, em grande parte, nos empréstimos concedidos pelos bancos com maior capacidade financeira aos de menores capacidade. Muito bancos europeus, dependentes de créditos americanos entram em ruptura. Os níveis atingidos por Wall Street em 1929 só são retomados em 1954." 

Helena Veríssimo, Mariana Lagarto, Miguel Barros, Nova Construção da História, Edições ASA

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