Eu dirigi Auschwitz desde 1 de dezembro de 1943 e calculo que, pelo menos, dois milhões e meio de pessoas foram mortas nas câmaras de gás e outro meio milhão morreu de fome e doenças. As crianças de tenra idade eram sempre enviadas para a morte, visto que não serviam para trabalhar. Com frequência, as mulheres queriam ocultar os seus filhos sob as roupas, mas quando o descobríamos mandávamos imediatamente as crianças para as câmaras. Os Judeus destinados ao extermínio eram conduzidos para os crematórios. Depois de se terem despido, entravam na câmara de gás. Esta estava apetrechada com duches e condutas de gás, o que dava a impressão de ser um balneário. As mulheres entravam primeiro com as crianças; em seguida fechávamos rapidamente a porta e os "desinfetadores" lançavam o zyclon (gás mortífero). Podemos afirmar que, para um terço dos encerrados, a morte era imediata. Os outros trepavam, gritavam, procuravam ar. Mas os seus gritos depressa se transformavam num lamento. Ao fim de 20 minutos ninguém se mexia. Uma meia hora depois do lançamento do gás, abríamos a porta. Em seguida, transportávamos os corpos para os fornos. Dependendo da dimensão dos cadáveres, podíamos introduzir até 3 num forno. A duração da incineração dependia igualmente da dimensão do corpo. Durava em média 20 minutos. Os crematórios I e II podiam incinerar em 24 horas cerca de 2.000 corpos. Queríamos que toda a ação fosse mantida em segredo, mas o cheiro originado pela incineração dos cadáveres inundava toda a região.
Depoimento de Rudolf Hoss no Julgamento de Nuremberga, 1946.
Depoimento de Rudolf Hoss no Julgamento de Nuremberga, 1946.
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