"Se a complexidade do fascismo é patente a todos os níveis, o problema das suas origens não será menos controverso. Tem sido desde há muito considerado como um produto dos choques consecutivos da guerra e do pós-guerra. (…)
A guerra é uma etapa perfeitamente decisiva, que assinala o fracasso dos valores humanistas, radicaliza a ruptura entre as oligarquias dirigentes e as massas, operando simultaneamente uma mistura de categorias sociais nociva às antigas hierarquias.
A crise do pós-guerra vai seguidamente acelerar o processo de decomposição social e ideológica da democracia liberal pela conjugação de dois factores essenciais: a inflação, que intensifica a proletarização da classe média iniciada com a guerra, e a ameaça bolchevista, que leva as classes dirigentes a apostarem no fascismo como força de substituição ao Estado liberal decadente. A crise económica de 1929, reabrindo as feridas mal saradas do pós-guerra e suscitando com o desemprego novas categorias de marginalizados, tem idênticas consequências do ponto de vista político. Nos países vencedores, que encontram precisamente a vitória uma justificação das suas instituições democráticas, estas crises são ultrapassadas com relativa facilidade. Inversamente, o fascismo é uma resposta à frustração nacional resultante de uma derrota (Alemanha), de uma vitória incompleta (Itália) ou mesmo de uma situação de sujeição no seio de um Estado democrático (Croácia, Eslováquia)."
Bernard Droz e Anthony Rowley, História do Século XX, Publicações D. Quixote
Bernard Droz e Anthony Rowley, História do Século XX, Publicações D. Quixote
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