sábado, 30 de março de 2013

ESTADO PROVIDÊNCIA

Guernica, óleo sobre tela, de picasso (1937)



Óleo sobre tela, 7,76 x 3,49 m, Museu Nacional Centro de Arte Reina Sofía, Madrid


A 26 de abril de 1937, os bombardeiros alemães Stuka da Legião Condor, que apoiam as tropas nacionalistas de Franco, arrasam Guernica, pequena cidade basca onde os republicanos resistem. Pablo Picasso inspira-se nas fotografias a preto e branco, logo publicadas pelo Le Soir, e compõe a imensa tela para o pavilhão espanhol da Exposição Universal de Paris (1937).
 TEMA E SIGNIFICADO: Guernica descreve o efeito da guerra sobre o espírito de Picasso, constituindo um grito contra os sanguinários acontecimentos que destruíram a Espanha através da guerra civil de 1936-39 e contra a contínua desumanidade do Homem.
 Tudo no quadro tem significado
o grito da mãe que segura o filho morto está representado pela língua, que sugere um punhal ou um estilhaço de vidro; igualmente a agonia do cavalo que, segundo Picasso representava a angústia do povo, a dor é sugerida pela mesma língua em forma de punhal.
-Por cima da cabeça do cavalo é visível um candeeiro aceso que sugere o olho de Deus que tudo vê e que parece gritar de horror.
-No lado esquerdo da tela encontra-se o touro (representa a brutalidade), este poderá simbolizar a resistência do povo espanhol ou o general Franco.
 -A única flor no centro do quadro, para além de parecer aumentar todo o horror desta cena, é uma imagem de esperança numa vida nova.
-A figura à direita tem os braços erguidos como que a desviar as bombas que caem do céu.
-Em baixo, o homem ferido segura a espada partida, símbolo da resistência heroica.
 TÉCNICA: 
Deverá ser realçado que todos os rostos são desenhados no estilo cubista, abolindo a distinção entre o perfil e a frente. O cubismo desmantela por completo a perspetiva e propõe uma visão intelectualista do espaço. Desta nova conceção de pintura resulta a separação entre a representação figurativa dos objetos e a sua realidade natural. Os cubistas procederam à decomposição das imagens em planos, segundo os vários ângulos de visão, reduzindo-os a uma articulação dinâmica de pequenos sólidos geométricos. Para conseguirem um geometrismo mais perfeito procederam à eliminação dos elementos acessórios e deram menor importância à cor.
 Indignado com a vitória dos nacionalistas, Picasso recusou a ida de Guernica para Espanha. Deixou expresso que a obra só lá ficaria com o restabelecimento da democracia. A morte do ditador Francisco Franco, em 1975, permitiu finalmente que Guernica pisasse solo espanhol.

O NEW DEAL- AMÉRICA APÓS A CRISE DE 1929


PROPOSTA DE RESOLUÇÃO

 O New Deal foi um programa de reformas sociais e económicas empreendido pelo presidente Roosevelt, nos EUA, a partir de 1933. Tinha como objetivos a superação dos efeitos da Grande Depressão originada pela crise de 1929, num primeiro momento, e a promoção e garantia do bem-estar da população americana, numa fase posterior. A superação da crise económica passava pelo aumento do consumo através da resolução do problema do desemprego. É esta a mensagem transmitida pelo cenário que envolve as duas figuras representadas no centro da gravura. Vemos, com efeito, trabalhadores vigorosos dedicados a uma multiplicidade de tarefas, evidenciando a importância do trabalho para o governo de Roosevelt. A garantia do bem-estar da população americana é evidenciada pela atitude das figuras destacadas no centro. A figura que se encontra de pé (parece ser a do próprio Roosevelt) simboliza o Estado americano, com a mão protetora sobre o ombro da figura sentada, um idoso anónimo, que representa a população mais carenciada. No seu conjunto, a gravura constituiu uma manifestação da divulgação da nova política económica implementada por Roosevelt com o objetivo de conquistar a confiança da sociedade americana. Por outro lado, constituiu uma alegoria ao Estado-Providência, mostrando uma sociedade equilibrada e feliz, onde todos têm o seu emprego e onde aqueles que não podem trabalhar por doença ou devido à velhice têm o suficiente para poderem viver com dignidade.
 Preparação para o Exame Nacional, História A, 12.º Ano, Porto Editora

SURREALISMO

Início: O surrealismo surge com o Manifesto do Surrealismo, de André Breton, publicado em 1924, em Paris.
Influências: É marcado pela influência do movimento Dada e pela doutrina psicanalítica de Freud. Características: Influenciado pelo pensamento freudiano, o surrealismo valoriza a exploração do inconsciente e do subconsciente e recusa a racionalidade. Deste modo, os autores recriam, um mundo imaginário repleto de cenas grotescas e insólitas, de sonhos e de alucinações. O surrealismo mantém a rebeldia e a contestação de toda a tradição, tal como já o tinham feito os dadaístas.
Os surrealistas aproximaram-se dos movimentos políticos de esquerda e do comunismo e pretenderam partir da base sólida científica da psicanálise. O surrealismo não foi apenas inovador na temática, mas também nas técnicas adotadas. Por exemplo, Max Ernst combinou frequentemente a colagem e a frottage (processo semelhante ao do passatempo infantil de esfregar um lápis num papel colocado sobre uma moeda).
Principais praticantes: Os seus principais representantes foram Picasso, Max Ernst, André Masson, Hans Arp, Joan Miró, René Magritte, Salvador Dalí, entre outros.
Esta vanguarda marcou as tendências artísticas ocidentais entre os anos 30 e os anos 60.
Resistiu à 2.ª Guerra Mundial, sobrevivendo até 1966, data da morte de André Breton.

Miró, Mulher, Flor e Estrela (1934)

ARTE NO INÍCIO DO SÉCULO XX


Um pequeno exercício

1. Lê atentamente, as fontes 1 a 10.
1.1.  Atribui um título a cada uma das fontes, inserindo-as numa das vanguardas artísticas que estudaste.
1.2.  Justifica a tua opção.
 Fonte 1
«Fui seduzido pela cor. (…) As cores tornaram-se dinamite. Elas são detonadas pela luz.» (André Derain, 1903)
André Derain, Porto de Pesca (1905)
Fonte 2
«Apenas o desejo inexplicável de captar aquilo que vi e senti e de encontrar a expressão mais pura para isso.» (Karl Schmidt-Rottluff, 1910)
Max Pechstein, Três nus numa paisagem, 1911

Fonte 3
«O nome, nós o achámos quando estávamos sentados numa mesa de um café de Sindelsdorf; ambos amávamos o azul, (Franz) Marc os cavalos e eu os cavaleiros. Assim o nome veio por si.»(Vassily Kandinsky, 1930)
Franz Marc, Grandes Cavalos Azuis, 1911
Fonte 4  
«Não se deve querer fazer uma vez mais aquilo que a natureza já fez perfeito. Não se deve querer parecer verdadeiro pela imitação das coisas que são transitórias e mutáveis e que nos parecem ilusoriamente imutáveis. As coisas em si não existem. Só existem através de nós (…). Os sentimentos deformam, o espírito forma. Só há certezas naquilo que o espírito engendra (…) Gosto da disciplina que corrige a emoção.» (Georges Braque)
Georges Braque, Viaduto em l'Estaque, 1908
Fonte 5
«Muitas vezes utilizei folhas de jornal para as minhas colagens a papel, mas não para fazer um jornal.» (Picasso)
Pablo Picasso, Guitarra, 1913
Fonte 6
«A obra de arte reflete-se à superfície da consciência. Ela encontra-se “mais longe” (…) Há ali também como o vidro transparente, mas duro e rígido, que impede todo o contacto direto e íntimo. Lá, ainda, temos a possibilidade de penetrar na obra, de aí nos tornarmos ativos e de viver a sua pulsação através de todos os nossos sentidos.» (Vassily Kandinsky)
Kandinsky, Improvisação no desfiladeiro, 1914
 Fonte 7
«Para que uma arte se torne abstrata, quer dizer, para que não revele nenhuma relação com o aspeto natural das coisas reveste fundamental importância a lei da desnaturalização da natureza. Em pintura, a cor primária mais pura possível é o que produz essa abstração da cor natural.» (Piet Mondrian)
Piet Mondrian, Composição com amarelo, azul e vermelho, 1921
Fonte 8
«Apreciemos o ruído das vozes, a divisão matemática do trabalho nos laboratórios, os apitos dos comboios, a confusão das plataformas da estação e da agitação! E a velocidade! E a precisão! Apreciemos o som das sirenes (…), o som dos motores e o som incomodativo das cadeias de montagem.» (Umberto Boccioni, 1912)
Luigi Russolo, Dinamismo do Automóvel, 1913
Fonte 9
«Sentia-me livre e sentia a necessidade de gritar a minha alegria ao mundo … também é possível gritar com materiais degradados, e foi o que fiz, colando-os e pregando-os com pregos.» (Kurt Schwitters, 1919)
Marcel Duchamp, Roda de Bicicleta, 1913
Fonte 10
«Creio na futura dissolução destes aparentemente contraditórios estados de sonho e de realidade numa espécie de realidade absoluta, que se poderia dizer: sur-realité.» (André Breton, 1924)

"O Sono" (1937), do pintor espanhol Salvador Dalí

OBJECTIVOS DA FICHA DE AVALIAÇÃO

Módulo 7. Crises, embates ideológicos e mutações culturais na primeira metade do séc. XX
 Unidade 1. As transformações das primeiras décadas do século XX
 Explicar as alterações políticas após a 1.ª Guerra Mundial.
Avaliar o papel da SDN no período entre as duas guerras mundiais.
Explicitar a difícil recuperação económica da Europa e a dependência em relação aos EUA.
Explicar a ascensão dos EUA no pós 1.ª Guerra Mundial.
Descrever a situação que levou à revolução de outubro de 1917.
Distinguir a revolução de outubro da revolução de fevereiro.
Mostrar que os decretos revolucionários criaram a democracia dos sovietes.
Relacionar o comunismo de guerra com as dificuldades da Rússia e a instauração da ditadura do proletariado.
Caracterizar o centralismo democrático.
Interpretar a Nova Política Económica (NEP).
Relacionar a regressão do demoliberalismo com o impacto da revolução russa, a radicalização dos movimentos sociais e a emergência de autoritarismos.
Caracterizar o clima de pessimismo e incerteza nas primeiras décadas do séc. XX.
Expor as principais transformações da vida urbana e a nova sociabilidade.
Relacionar o estilo de vida urbano dos inícios do século XX com a crise dos valores tradicionais.
Enunciar os objetivos dos movimentos de emancipação da mulher nos princípios do século XX.
Relacionar a crise do positivismo com a emergência do relativismo.
Explicar os princípios fundamentais da psicanálise e o seu impacto na cultura e na arte.
Caracterizar as vanguardas artísticas e as suas principais inovações estéticas.

TIGRES E DRAGÕES

TIGRES E DRAGÕES
Para esclarecer a dúvida, que surgiu hoje na sessão de esclarecimento de dúvidas a este propósito, se reitera o seguinte: A denominação "tigres asiáticos" é usada em referência a 4 territórios da Ásia: Singapura, Coreia do Sul, Taiwan (ou Formosa) e Hong Kong (hoje uma região administrativa da República Popular da China). Estas quatro economias apresentam em comum o rápido crescimento económico e desenvolvimento industrial e tecnológico entre as décadas de 1970/90 (o próprio termo tigre está relacionado com a forma agressiva e rápida com que actuaram a nível económico - seguindo o exemplo do Japão).
Para se desenvolverem tão rapidamente, apoiaram-se: numa política de baixos impostos, em investimentos em tecnologia e educação, em incentivos às exportações, na abertura à entrada de capital estrangeiro, na forte participação na economia de mercado e inserção na globalização; na grande oferta de mão-de-obra barata e pouco reivindicativa.
Assim sendo, os dragões vieram-se implementar posteriormente e são constituídos pela Malásia, Indonésia, Filipinas e Tailândia. (Existe muita confusão em diversa bibliografia pois existem correntes actuais da Economia que utilizam também para estes países a denominação de "novos tigres asiáticos" juntando-lhes ainda o Vietname. Mas nós em História mantemos a denominação de dragões para estes quatro, para os distinguirmos dos que surgiram antes - os primeiros tigres.)

MUTAÇÕES NOS COMPORTAMENTOS E NA CULTURA

Uma nova sociabilidade 
 O inicio do século trouxe às cidades do mundo ocidental um movimento frenético que inspirava optimismo e esperança. Apesar de tudo as memórias do conflito e da crise ainda perduravam principalmente nas cidades europeias dos países ainda atingidos pela recessão. A estandardização dos comportamentos desenvolveu-se do que resultou uma massificação de preconceitos e crenças interiorizadas por grandes grupos de pessoas geralmente habitando nas cidades. Generalizava-se uma cultura de massas que era também uma cultura de ócio. Desenvolveram-se os espaços e a indústria de entretenimento subsidiadas pela classe média que acedia a todo o tipo de bens de consumo e conteúdos culturais. O desporto, o espectáculo e a cultura adquiriram novo dinamismo e projecção tornando-se sectores económicos de grande investimento impulsionados pelos factores acima citados.
 A crise dos valores tradicionais 
 A par de uma transformação nos hábitos a sociedade ocidental assistiu a uma erosão progressiva nos seus costumes e valores mais ancestrais. A burguesia, herdeira de uma posição privilegiada sentiu os efeitos desse desgaste ainda acelerado pela descrença nos valores propagandeados pelas revoluções liberais. Perante as dificuldades e o sofrimento, as classes mais baixas sentiram que a sua sorte poderia depender da movimentação e acção política. Tal crença levou-as a adoptar ideologias que no ambiente difícil do pós-guerra não tardaram a dominar largos sectores da população nomeadamente nos países mais industrializados. A família, o casamento, a religião e mesmo as mais básicas regras de conduta e da moral passaram a sofrer os efeitos de um individualismo e uma anomia crescentes que tiveram como efeito o desenraizamento e a marginalidade típicas das sociedades urbanas mas também o relativismo dos valores e das crenças.
 A emancipação feminina 
A mulher adquiriu projecção nova nesta sociedade. A sociedade descobriu uma presença cada vez mais constante da mulher em todos os domínios. Espectáculo, política, desporto, cultura, arte, ciência, vida social eram ambientes onde a mulher se distinguiu e onde se impôs. Desde o século XIX a mulher lutava pelo reconhecimento da sua posição não só na sociedade mas mesmo na família. A partir de inícios do século XX o direito ao voto passou a ser reivindicado pelos movimentos feministas. Destacaram-se as sufragistas britânicas lideradas por Emmeline Pankurst que recorreram a todo o tipo de argumentos e formas de luta para exigir um tratamento igual ao dos homens. Em Portugal, Maria Veleda, Ana Castro Osório, Adelaide Cabete e Carolina Beatriz Ângelo destacaram-se na Liga Republicana das Mulheres Portuguesas. Só no final da Primeira Grande Guerra é que as mulheres europeias começaram a ver os seus direitos políticos reconhecidos.
 Descrença no pensamento positivista e as novas concepções positivistas 
 No início do século XX, rejeição gradual do racionalismo e positivismo científico. Outras vias se abrem ao pensamento humano. · Begson considerava que além da Física e Matemática, existia um pensamento intuitivo que explicava os comportamentos humanos e libertava os homens do espartilho racionalista. · Teoria Quântica, a energia desenvolve-se através de movimentos muito rápidos de porções mínimas e variáveis de matéria, os quantum. ·
  Teoria da Relatividade, tempo decorre mais depressa ou devagar consoante a velocidade dos corpos. A verdade científica não tinha o grau de certeza que até então se pensava. Surgiu assim o Relativismo. Concepções psicanalíticas
 Freud desenvolveu a Psicanálise que divide a mente em três zonas: inconsciente, subconsciente e consciente. O inconsciente influencia muitos dos nossos comportamentos explicando-os através de noções como a de recalcamento e sublimação, sonhos e livre associação. A psicanálise influenciou a sociedade e a arte admitindo comportamentos e leituras da realidade alternativos aos do senso comum.
 As vanguardas artísticas:
- rupturas com os cânones das artes e da literatura O movimento modernista desenvolveu-se nos inícios do século XX a partir da Europa e em cidades cosmopolitas e com forte movimentação cultural como Paris, ponto de encontro das vanguardas culturais da Europa e do mundo. Reagindo contra o classicismo naturalista e o paradigma romântico e conformista do século XIX os movimentos artísticos vanguardistas procuraram exprimir um intimismo de raiz psicológica matizado com a visão relativista dos fenómenos, admitindo visões alternativas e desfigurando a realidade.

Os anos loucos - Dance Craze

1920 é o Charleston

1920, Fox Trot