sábado, 30 de março de 2013

MUTAÇÕES NOS COMPORTAMENTOS E NA CULTURA

Uma nova sociabilidade 
 O inicio do século trouxe às cidades do mundo ocidental um movimento frenético que inspirava optimismo e esperança. Apesar de tudo as memórias do conflito e da crise ainda perduravam principalmente nas cidades europeias dos países ainda atingidos pela recessão. A estandardização dos comportamentos desenvolveu-se do que resultou uma massificação de preconceitos e crenças interiorizadas por grandes grupos de pessoas geralmente habitando nas cidades. Generalizava-se uma cultura de massas que era também uma cultura de ócio. Desenvolveram-se os espaços e a indústria de entretenimento subsidiadas pela classe média que acedia a todo o tipo de bens de consumo e conteúdos culturais. O desporto, o espectáculo e a cultura adquiriram novo dinamismo e projecção tornando-se sectores económicos de grande investimento impulsionados pelos factores acima citados.
 A crise dos valores tradicionais 
 A par de uma transformação nos hábitos a sociedade ocidental assistiu a uma erosão progressiva nos seus costumes e valores mais ancestrais. A burguesia, herdeira de uma posição privilegiada sentiu os efeitos desse desgaste ainda acelerado pela descrença nos valores propagandeados pelas revoluções liberais. Perante as dificuldades e o sofrimento, as classes mais baixas sentiram que a sua sorte poderia depender da movimentação e acção política. Tal crença levou-as a adoptar ideologias que no ambiente difícil do pós-guerra não tardaram a dominar largos sectores da população nomeadamente nos países mais industrializados. A família, o casamento, a religião e mesmo as mais básicas regras de conduta e da moral passaram a sofrer os efeitos de um individualismo e uma anomia crescentes que tiveram como efeito o desenraizamento e a marginalidade típicas das sociedades urbanas mas também o relativismo dos valores e das crenças.
 A emancipação feminina 
A mulher adquiriu projecção nova nesta sociedade. A sociedade descobriu uma presença cada vez mais constante da mulher em todos os domínios. Espectáculo, política, desporto, cultura, arte, ciência, vida social eram ambientes onde a mulher se distinguiu e onde se impôs. Desde o século XIX a mulher lutava pelo reconhecimento da sua posição não só na sociedade mas mesmo na família. A partir de inícios do século XX o direito ao voto passou a ser reivindicado pelos movimentos feministas. Destacaram-se as sufragistas britânicas lideradas por Emmeline Pankurst que recorreram a todo o tipo de argumentos e formas de luta para exigir um tratamento igual ao dos homens. Em Portugal, Maria Veleda, Ana Castro Osório, Adelaide Cabete e Carolina Beatriz Ângelo destacaram-se na Liga Republicana das Mulheres Portuguesas. Só no final da Primeira Grande Guerra é que as mulheres europeias começaram a ver os seus direitos políticos reconhecidos.
 Descrença no pensamento positivista e as novas concepções positivistas 
 No início do século XX, rejeição gradual do racionalismo e positivismo científico. Outras vias se abrem ao pensamento humano. · Begson considerava que além da Física e Matemática, existia um pensamento intuitivo que explicava os comportamentos humanos e libertava os homens do espartilho racionalista. · Teoria Quântica, a energia desenvolve-se através de movimentos muito rápidos de porções mínimas e variáveis de matéria, os quantum. ·
  Teoria da Relatividade, tempo decorre mais depressa ou devagar consoante a velocidade dos corpos. A verdade científica não tinha o grau de certeza que até então se pensava. Surgiu assim o Relativismo. Concepções psicanalíticas
 Freud desenvolveu a Psicanálise que divide a mente em três zonas: inconsciente, subconsciente e consciente. O inconsciente influencia muitos dos nossos comportamentos explicando-os através de noções como a de recalcamento e sublimação, sonhos e livre associação. A psicanálise influenciou a sociedade e a arte admitindo comportamentos e leituras da realidade alternativos aos do senso comum.
 As vanguardas artísticas:
- rupturas com os cânones das artes e da literatura O movimento modernista desenvolveu-se nos inícios do século XX a partir da Europa e em cidades cosmopolitas e com forte movimentação cultural como Paris, ponto de encontro das vanguardas culturais da Europa e do mundo. Reagindo contra o classicismo naturalista e o paradigma romântico e conformista do século XIX os movimentos artísticos vanguardistas procuraram exprimir um intimismo de raiz psicológica matizado com a visão relativista dos fenómenos, admitindo visões alternativas e desfigurando a realidade.

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