segunda-feira, 31 de março de 2014

Módulo 7 Unidade 1: As transformações das primeiras décadas do século XX

Inflação: alta geral de preços derivada de distorções existentes entre a procura dos produtos e a oferta de bens, a quantidade de moeda que circula e a produção/circulação de riquezas. Quando a oferta de bens não correspondente à procura dos compradores capazes de pagar, estes últimos, para conseguirem as mercadorias, sujeitam-se a pagar mais caro e fazem subir os preços. Em geral, a inflação tem origem na necessidade de criar meios de pagamento suplementares através, por exemplo, da emissão de papel-moeda. Tal pode ser devido, entre outros fatores, a um défice orçamental crónico ou a um aumento geral dos salários sem um correspondente aumento da produção.
 Marxismo-leninismo: desenvolvimento teórico e aplicação prática das ideias de Marx e Engels na Rússia por Lenine. Caracterizou-se por enfatizar: o papel do proletariado, rural e urbano, na conquista do poder, pela via revolucionária e jamais pela evolução política; a identificação do Estado com o Partido Comunista, considerado a vanguarda do proletariado; o recurso à força e à violência na concretização da ditadura do proletariado. Sovietes: conselhos de camponeses, operários, soldados e marinheiros da Rússia. Os primeiros sovietes, apenas com operários, remontam à Revolução de 1905 e foram instalados nas fábricas, como focos de ligação e dinamização dos grevistas. Contidos pelo fracasso do movimento, reapareceram em fevereiro de 1917. A Revolução bolchevista de outubro buscou nos sovietes a legitimação popular e fez deles a base da futura organização de Estado da URSS.
 Ditadura do proletariado: segundo a teoria marxista, é a etapa por que deve passar a revolução socialista antes da edificação do comunismo. A ditadura do proletariado surge para desmantelar a estrutura do regime burguês, possibilitando a supressão do Estado e a eliminação da desigualdade social. Comunismo: Etapa final para que caminha a revolução proletária. Caracteriza-se pelo desaparecimento das classes sociais, pela extinção do Estado e pela instauração de uma sociedade de abundância.
 Centralismo democrático: princípio básico que norteia a organização do Partido e do Estado comunista, segundo o qual todos os corpos dirigentes são eleitos de baixo para cima, enquanto as suas decisões são de cumprimento obrigatório para as bases.
 Anomia social: ausência de um conjunto de normas consistente e genericamente aceite pelo grupo social. A anomia pressupõe a fragilidade e a relativização dos valores que ditam a conduta dos indivíduos. É uma característica das sociedades atuais em que as mudanças rápidas impedem a consolidação de um código social rígido.
 Feminismo: movimento de contestação e luta empreendido pelas mulheres com vista ao fim da sua situação de dependência e inferioridade relativamente ao sexo masculino. As reivindicações do movimento feminista centram-se, pois, na igualdade (jurídica, social, económica, intelectual e política) entre os dois sexos. Relativismo: abordagem científico-filosófica que admite a impossibilidade do conhecimento absoluto e acredita que o conhecimento depende das condições do tempo, do meio e do sujeito que conhece. Psicanálise: ciência psicológica criada por Sigmund Freud que abarca um corpo doutrinal teórico (sobre o psiquismo), um método de pesquisa e um processo terapêutico. A psicanálise abriu à Psicologia um novo campo de fenómenos (o inconsciente), através do qual procura explicar comportamentos até aí tidos como inexplicáveis.
 Modernismo: movimento cultural das primeiras décadas do século XX que revolucionou as artes plásticas, a arquitetura, a literatura e a música, estendendo-se também às restantes manifestações culturais. O modernismo reivindica a liberdade de criação estética repudiando todos os constrangimentos, em especial os preceitos académicos.
 Vanguarda cultural: movimento inovador no campo artístico, literário ou em qualquer outra área da cultura que rejeita os cânones estabelecidos e antecipa tendências posteriores. Fauvismo: Corrente vanguardista, marcadamente francesa, iniciada em 1905 e liderada pelo pintor Henri Matisse. Defende o primado da cor na pintura e utiliza-a com total liberdade, em tons fortes e agressivos, negligenciando. Como grupo, os fauves tiveram uma curta duração, desmembrando-se por volta de 1908.
 Expressionismo: no sentido lato, designa as formas artísticas que tendem para a expressão subjetiva e emotiva. Num sentido restrito, designa uma corrente de vanguarda das três primeiras décadas do século XX, marcadamente alemã, que proclama como objetivo da arte a representação de emoções e insiste na escolha de temas fortes de índole psicológica e social.
 Cubismo: movimento artístico iniciado por Picasso e Braque, cerca de 1907, que rejeita a representação do objeto em função da perceção ótica e a substitui por uma visão intelectualizada globalizante de tipo geométrico. Distingue-se entre o cubismo analítico (até 1912 sensivelmente) e o cubismo sintético (de 1912 até meados dos anos 20).
 Abstracionismo: movimento artístico que rejeita o tema ligado à realidade concreta, à descrição do visível. A obra de arte abstrata procura uma linguagem universal capaz de superar as diferenças intelectuais e culturais dos espectadores.
 Futurismo: movimento artístico criado pelo escritor F. Marinetti em 1909. Caracteriza-se pela rejeição total da estética do passado e pela exaltação da sociedade industrial. Os futuristas nutrem particular admiração pela tecnologia moderna e pela velocidade.
 Dadaísmo: movimento de contestação artística que recusa todos os modelos plásticos e a própria ideia de arte. Nascido na Suíça, em 1916, o dadaísmo difunde-se internacionalmente e atinge o seu apogeu em frança, cerca de 1920. Verdadeiramente desconcertante e inovador, levando ao extremo a espontaneidade e a irreverência, Dada influenciou os mais importantes movimentos artísticos da segunda metade do século XX, como o Happening, a Pop Art e a Arte Conceptual. Diretamente, a via dadaísta desembocou, por intermédio de alguns dos seus membros (F.Picabia, Man Ray, Max Ernst, André Breton...) no movimento surrealista.
 Surrealismo: movimento estético iniciado em França, em 1924, que, tendo aparecido no campo da literatura, se estendeu rapidamente à pintura, à escultura e ao cinema. O movimento surrealista fez a apologia da arte como mecanismo de projeção do inconsciente, recorrendo aos mais diversos maeios para expressar a realidade interior do artista.

Módulo 7 Unidade 2: O agudizar das tensões políticas e sociais a partir dos anos 30

Crash (craque) bolsista: termo empregue nas operações financeiras de bolsas de ações para caracterizar a quebra dos valores dos papéis e títulos postos à venda. O maior crash conhecido foi o ocorrido em outubro de 1929, nos Estados Unidos. Deflação: situação económica, geralmente de crise, caracterizada por uma diminuição dos preços, do investimento e da procura, acompanhada de uma progressão do desemprego. Frequentemente, são os estados que originam essa situação no intuito de combater a inflação dos meios de pagamento, a especulação e a alta de preços. Para o efeito, diminuem a quantidade de papel-moeda, restringem o crédito e reduzem os gastos do Estado.
 Totalitarismo: sistema político, no qual o poder se concentra numa só pessoa ou no partido único, cabendo ao Estado o controlo da vida social e individual.
 Fascismo: sistema político instaurado por Mussolini na Itália, a partir de 1922. Profundamente ditatorial, totalitário e repressivo, o fascismo suprimiu as liberdades individuais e coletivas, defendeu a supremacia do Estado, o culto de chefe, o nacionalismo, o corporativismo, o militarismo e o imperialismo. Por extensão, o termo fascismo designa também todos os regimes totalitários de direita e até mesmo simples regimes autoritários.
 Nazismo: sistema político instaurado por Hitler na Alemanha a partir de 1933. Para além de perfilhar os princípios ideológicos do fascismo, distinguiu-se pelo racismo violento, fundamentando-o numa suposta superioridade biológica e espiritual do povo ariano, ao qual pertenceriam os alemães. Ao Estado nazi - erigido em Estado racial - incumbiria não só a preservação da raça superior, libertando-a do contacto com os elementos impuros - daí as perseguições aos judeus -, mas também a sua expansão - donde a teoria do "espaço vital" e o imperialismo alemão.
 Corporativismo: forma de organização socioeconómica que aceita a propriedade privada, mas estabelece como necessária a intervenção do Estado no sentido de tomar aquela socialmente útil. Para tal, defende a constituição de corpos profissionais (corporações) de trabalhadores, patrões e serviços, que conciliam os seus interesses de modo a promoverem a ordem, a paz e a prosperidade, ou seja, o bem-estar geral
 Propaganda: conjunto de meios destinados a influenciar a opinião pública. Nos estados totalitários, a propaganda procura inculcar nas massas a sua ideologia e os seus valores culturais e morais. Entre os meios utilizados, citam-se os discursos, a imprensa, panfletos, cartazes, a rádio, o cinema, a televisão, marchas, canções, uniformes, emblemas, manifestações.
 Antissemitismo: termo que, do ponto de vista linguístico, significa hostilidade aos judeus. Do ponto de vista histórico, as perseguições antissemitas relacionam-se com o triunfo da religião cristã (os judeus não reconheceram Cristo e pediram a Pilatos a sua morte) e atingiram as comunidades judaicas espalhadas pela Europa. Na altura da Peste Negra e de outras epidemias, os judeus eram vistos como as origens do mal, sendo acusados de envenenarem fontes. Na Península Ibérica, os judeus convertidos ("cristãos-novos") foram as grandes vítimas da Inquisição nos séculos XVI a XVIII. No século XIX, o antissemitismo assumiu, em alguns países europeus, o carácter de racismo, ao identificar o povo judeu com uma raça inferior e destruidora. Esta forma de antissemitismo atingiu o auge em pleno século XX, na Alemanha nazi, originando a morte de milhões de judeus.
 Genocídio: política praticada por um governo visando a eliminação em massa de grupos étnicos, religiosos, económicos ou políticos. Embora a História tenha registado uma grande quantidade de genocídios, foram os regimes totalitários que levaram a extremos indiscutíveis a prática do genocídio. O genocídio judaico durante a Segunda Guerra Mundial é também apelidado de Holocausto ou, em hebreu, de Shoah (catástrofe). Intervencionismo: papel ativo desempenhado pelo Estado no conjunto das atividades económicas a fim de corrigir os danos ou os inconvenientes sociais derivados da aplicação escrita do liberalismo económico. Concretizou-se no controlo dos preços, em leis sobre os salários, na legislação do trabalho e social. O intervencionismo esteve também na origem da participação do Estado como empresário e produtor de serviços públicos. Entre estes, contam-se a produção e a distribuição de energia, os caminhos de ferro, os correios, os telefones.
 New Deal: literalmente, significa nova distribuição e é a ex-pressão pela qual ficaram conhecidas as reformas e iniciativas económicas e sociais implementadas pelo presidente dos EUA Franklin Delano Roosevelt, a partir de 1933, para ultrapassar a Grande Depressão. O New Deal assentou numa forte intervenção na Banca e nos créditos, que foram incentivados, na atribuição de prémios de produção, no reajustamento entre o nível salarial e o dos preços, na desvalorização do dólar e numa política intensiva do comércio externo.
 Cultura de massas: conjunto de manifestações culturais partilhado pela maioria da população. A cultura de massas é difundida pelos mass media e típica das sociedades industriais do século XX. Media: palavra inglesa que designa os meios de comunicação de grande impacto. Os mass media (meios de comunicação de massas) dirigem-se a um público vasto, heterogéneo e disperso.
 Estandardização de comportamentos: uniformização das condutas individuais segundo um padrão socialmente aceite. Em termos sociológicos, este fenómeno é visto como um corolário da massificação social e cultural que caracteriza o século XX.
  Funcionalismo: conjunto de soluções arquitetónicas inovadoras que marca o início de uma arquitetura verdadeiramente moderna. O funcionalismo une estreitamente a forma e a função numa economia de custos e racionalidade de linhas, pondo em evidência a estrutura volumétrica dos edifícios.
 Realismo socialista: «Arte oficial» da União Soviética, estabelecida no período estalinista. Definida por Andrei Jdanov, em 1934, como a «descrição da realidade na sua dinâmica revolucionária», o realismo socialista dirige-se às massas, tendo como objetivo suscitar a sua adesão ao regime. Os temas remetem geralmente para o mundo proletário e a vida feliz dos trabalhadores na sociedade socialista.

Módulo 9 Unidade 1: O fim do sistema internacional da Guerra Fria e a persistência da dicotomia Norte-Sul


Perestroika: reestruturação profunda do funcionamento do modelo soviético empreendida por M. Gorbatchev, a partir de 1985. Tendo um carácter marcadamente económico, a perestroika assumiu também uma vertente política (a glasnost) que procurou reconciliar o socialismo e a democracia. Embora não pretendesse pôr em causa o regime, o fracasso económico da perestroika e a torrente de contestação interna que a acompanhou acabaram por conduzir ao colapso do bloco soviético e da própria URSS, no início dos anos 90.
 Cidadania europeia: criada pelo Tratado da União Europeia, a cidadania da União é cumulativa com a cidadania nacional e exprime-se pelo direito de voto nas eleições europeias e autárquicas na zona de residência do cidadão, independentemente desta se situar no seu país de origem. Estabelece ainda o direito de apresentar propostas (coletivas) à Comissão Europeia, endereçar petições ao Parlamento Europeu, apresentar queixas e beneficiar de proteção diplomática, nos países terceiros, por parte das embaixadas ou consulados de qualquer dos estados-membros, caso não existam delegações do país de origem.
 Tribalismo: apego forte a um grupo (étnico, cultural, familiar,...) que leva à rejeição dos outros grupos considerados estrangeiros e, muitas vezes, inimigos. O sentimento de pertença a um grupo particular e o acatamento das ordens dadas pelos seus líderes impede a formação da identidade nacional quando, num Estado, coexistem várias "tribos".
 Fundamentalismo islâmico: o fundamentalismo representa um reação extremista à ocidentalização sofrida pelas sociedades muçulmanas durante o domínio estrangeiro. Os fundamentalistas consideram-se os únicos depositários da verdadeira fé, que pretendem preservar, na íntegra, de acordo com os ditames do Corão, por cujas regras se orienta o poder civil e religioso, fundidos num só. A vaga de fundamentalismo que assola o mundo árabe teve o seu epicentro no Irão, onde os fundamentalistas tomaram o poder, em 1979. Na década seguinte alimentou-se da questão palestiniana e da luta afegã contra o invasor soviético. A partir dos 90, tem-se manifestado pela multiplicação de organizações de cariz terrorista, empenhadas na Jihad (Guerra Santa) contra o Ocidente ou contra dirigentes muçulmanos considerados traidores.
 Sionismo: movimento de cariz político-religioso fundado, no fim do século XIX, por Theodor Herzl com o objetivo de criar um Estado hebraico na Palestina (identificada pelo vocábulo "Sião"). O sionismo advoga o regresso dos judeus espalhados pelo Mundo à sua pátria original. Em função deste ideal, o Estado hebraico promulgou, em 1950, a "lei do regresso", que confere a nacionalidade israelita a qualquer parte do mundo, que pretenda habitar no território.

Módulo 9 Unidade 2: A viragem para uma outra era

Interculturalidade: processo de relações recíprocas que se estabelecem entre duas culturas distintas, que procuram conhecer-se, compreender-se e partilhar pontos de vista e experiências. Fruto das crescentes migrações, a interculturalidade aprofunda os laços entre a cultura do país de acolhimento e as novas culturas que nele se fixam. Ultrapassa, neste aspeto, a multiculturalidade, a qual, embora reconhecendo a diversidade cultural, não incrementa com ela contactos significativos.
 Ambientalismo: conjunto de teorias e práticas que visam a preservação do meio ambiente.
 Neoliberalismo: adaptação do liberalismo económico do século XIX pelo capitalismo dos anos 80 do século XX. Criticando a intervenção do Estado na vida económica e social, o neoliberalismo defende o respeito pelo livre jogo da oferta e da procura. O economista norte-americano Milton Friedman (1912-2006) foi um dos impulsionadores do neoliberalismo, ao defender a redução das emissões monetárias e das despesas do Estado.
 Globalização: vocábulo, de origem anglo-saxónica, que designa a organização à escala mundial da produção e da comercialização de bens e serviços, como se o Mundo constituísse um enorme mercado comum. Para além da dimensão económica, a globalização faz-se acompanhar da troca de conhecimentos e de informação à escala mundial. Por isso se fala, também, numa globalização mundial.
 Biotecnologia: aplicação tecnológica que utiliza sistemas biológicos, organismos vivos ou seus derivados para criar ou modificar produtos.
Pós-modernismo: conjunto de tendências em vigor na arte ocidental desde os anos 80, que se caracteriza pela abertura a diferentes repertórios estilísticos, sejam figurativos ou vanguardistas. O termo pós-modernismo teve a sua primeira aplicação, ainda nos anos 70, na arquitetura, sendo forjado pelo crítico norte-americano Charles Jenks.

Módulo 9 Unidade 3

PALOP: sigla que designa os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa: Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe. Juntamente com Portugal, Brasil e Timor-Leste, fazem parte da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

Módulo 8 Unidade 1

Descolonização: processo de involução do imperialismo europeu. O termo aplica-se, sobretudo, ao período subsequente à Segunda Guerra Mundial, altura em que, num curto espaço de tempo, se tornaram independentes as colónias da Ásia e da África.
 Guerra Fria: num sentido amplo, a expressão designa o clima de tensão e antagonismo entre o bloco soviético e o bloco americano (1947-1985, aprox.). Numa aceção mais restrita, a Guerra Fria corresponde à primeira fase desse mesmo afrontamento (de 1947 a 1955, aprox.). São características salientes da Guerra Fria a corrida aos armamentos, com particular relevância para o nuclear, a proliferação de conflitos localizados e crises militares nas mais diversas zonas do Mundo bem como uma visão simplista e extremada do bloco contrário.
 Social-democracia: corrente do socialismo que teve origem nas conceções defendidas por Eduard Bernstein, na II Internacional (1899). A social-democracia rejeita a via revolucionária proposta por Marx, opondo-lhe a participação no jogo democrático, como forma de atingir o poder, e a implementação de reformas socializantes, como meio de melhorar as condições da vida das classes trabalhadoras.
 Democracia cristã: corrente política inspirada pela doutrina social da Igreja. A democracia cristã pretende aplicar à vida política os princípios de justiça, entreajuda e valorização da pessoa humana que estiveram na base do cristianismo. Deste modo, embora de índole conservadora, esta ideologia defende que a democracia não se limita à aplicação das regras do sufrágio universal e da alternância política, mas tem por função assegurar o bem-estar dos cidadãos.
 Sociedade de consumo: sociedade de abundância característica da segunda metade do século XX. Identifica-se pelo consumo em massa de bens supérfluos, que passam a ser encarados como essenciais à qualidade de vida. A sociedade de consumo é também identificada com a sociedade do desperdício, já que a vida útil dos bens é artificialmente reduzida pela vontade da sua renovação.
 Democracia popular: designação atribuída aos regimes em que o Partido Comunista, afirmando representar is interesses dos trabalhadores, se impõe como partido único, controlando as instituições do Estado, a economia, a sociedade e a cultura.
 Maoísmo: forma particular de marxismo aplicada na China por Mao Tsé-Tung. O maoísmo defende a viabilidade de uma revolução comunista liderada pelos camponeses, sem o concurso do operariado. Segundo Mao, uma revolução profunda e autêntica implica um processo longo durante o qual as mudanças revolucionárias devem emanar das massas e nunca ser impostas pelas estruturas governativas.
 Movimentos nacionalistas: movimentos que visam a recuperação da identidade cultural e nacional dos povos colonizados. Estes movimentos adquiriram rapidamente uma dimensão política, exigindo a autodeterminação dos territórios coloniais e constituindo-se nos partidos que lideraram, quer pela via negocial, quer pela força das armas, o processo de autodeterminação dos novos países.
 Terceiro Mundo: conceito elaborado, em 1952, pelos economistas franceses A. Sauvy e G. Balandier, para designar os países excluídos do desenvolvimento económico. Geograficamente, o Terceiro Mundo estende-se pelo Sul do Globo, abrangendo a América Latina, a África e a Ásia de Sul e Sudeste (com exceção do Japão). Porém, nas últimas décadas, a emergência dos NPI (Novos Países Industrializados) tem reconfigurado, de forma significativa, a área geográfica do Terceiro Mundo.
 Neocolonialismo: forma de dominação que sucede ao colonialismo e se exerce de forma indireta, financeira e económica das nações mais desenvolvidas. Embora de carácter essencialmente económico, o neocolonialismo pode também manifestar-se no campo político e cultural.

Módulo 8 Unidade 2

Oposição democrática: termo que designa, correntemente, a oposição legal ou semilegal ao Estado Novo, a partir de 1945. Aproveitando a relativa abertura proporcionada pela revisão constitucional desse mesmo ano, as forças oposicionistas passam a ter maior visibilidade, sobretudo nas épocas eleitorais, em que lhes é permitido que atuem legalmente, embora com inúmeras restrições.
 Poder popular: poder direto do povo, que toma em mãos a resolução dos seus problemas e a gestão dos meios de produção. Exerce-se, normalmente, através de conselhos ou comissões eleitas que agem em nome da população que representam. O poder popular é um conceito revolucionário, ligado à ideologia marxista.
 Nacionalização: apropriação pelo Estado de uma unidade de produção privada ou de um setor produtivo. Ao contrário de "estatização", a nacionalização não determina a perda da personalidade jurídica e da autonomia financeira. Portugal não acompanhou o processo de nacionalizações que se registou na Europa após a Segunda Guerra Mundial. Em contrapartida, na sequência do 25 de abril, foram nacionalizadas, num curto espaço de tempo, as instituições financeiras, as empresas ligadas aos setores económicos mais importantes, bem como grandes extensões de terra agrícola.
 Reforma agrária: processo de coletivização dos latifúndios do Sul do país, que decorreu entre 1975 e 1977. São traços característicos da reforma agrária a ocupação de terras pelos trabalhadores, a sua expropriação e nacionalização pelo Estado e a constituição de Unidades Coletivas de Produção (UCP).

Módulo 8 Unidade 3

Expressionismo abstrato: termo que designa um conjunto de tendências pictóricas nos anos 40 e 50 do século XX. Têm em comum a substituição do figurativismo pelo abstracionismo, no qual integram processos técnicos de execução das formas e de aplicação da cor influenciados pelo surrealismo e pelo expressionismo.
 Pop art: literalmente, significa arte popular, pretendendo exprimir a aproximação à cultura e aos meios de comunicação de massas. Desenvolveu-se nos finais dos anos 50 e nos anos 60 do século XX, tendo integrado objetos e temos da sociedade de consumo no mundo da arte.
 Arte conceptual: movimento artístico internacional dos anos 60 e 70 do século XX, que se caracteriza por secundarizar a obra de arte enquanto objeto físico, privilegiando o conceito ou a ideia que lhe está subjacente.
 Existencialismo: corrente filosófica surgida na Europa, no período entre as duas guerras mundiais, que centra a sua reflexão na liberdade individual, privilegiando a existência não como um atributo do ser mas como experiência pessoal. Distingue-se um existencialismo ateu, de que o grande representante é Sartre, de um existencialismo cristão, perfilhado, entre outros, por Gabriel Marcel e K. Jaspers. Enquanto o primeiro nega a existência de Deus, o segundo substitui a transcendência moral pelo amor interpessoal.
 Ecumenismo: movimento que preconiza a união de todas as igrejas cristãs. Os contactos tornaram-se frequentes depois da Primeira Guerra Mundial e convergiam na criação do Conselho Ecuménico das Igrejas (COE), em 1948. Ruindo em Genebra, conta, sobretudo, com a colaboração de ortodoxos e de protestantes. Embora a Igreja Católica não seja membro do Conselho, não tem deixado d enviar observadores às suas assembleias desde o pontificado de João XXIII.
 Ecologia: ciência que estuda as relações dos seres vivos entre si e com o ambiente. As grandes preocupações ambientalistas datam dos anos 60 e motivaram a criação de associações para a proteção da Natureza. Apolíticas e com grande influência do movimento pacifista, essas organizações veriam a sua ação completada com o desenvolvimento, já nos anos 80, dos partidos ecologistas.
 Movimento pacifista: conjunto de ações, como manifestações, marchas e boicotes, protagonizadas em grande parte pelos jovens, como repúdio ao envolvimento dos EUA na guerra do Vietname e ao clima de insegurança que pairava no Mundo.
 Contracultura: estilo de vida juvenil que denuncia os valores materialistas da sociedade capitalistas, aos quais contrapõe a ausência de regras sociais e morais, o espiritualismo, o pacifismo e o regresso à Natureza. Este fenómeno idealista, que conduziu muitos jovens dos EUA e da Europa à automarginalização nos anos 60, teve raízes nos costumes libertários e nos gostos artísticos da geração beat (boémios e intelectuais americanos da década de 50).

quarta-feira, 5 de março de 2014

Ataques de 11 de setembro de 2001

Diversos ângulos do ATENTADO de 11 de setembro - Imagens captadas pela população

Morte de Osama Bin Laden saiba a historia do maior terrorista do mundo - JustTV Noticias

102 Minutos que Mudaram o Mundo - Legendado (Completo) History Channel
 Este especial de duas horas fala sobre o ataque ao World Trade Center sob uma nova perspectiva, oferecendo imagens inéditas que documentam os 102 minutos que transcorreram entre o primeiro ataque às torres e o colapso da segunda torre. Vídeos e fotos tiradas por testemunhas, ligações aos bombeiros e policiais de Nova York, assim como o material coletado pelas televisões de diversos países, nos ajudarão a descobrir a verdade por trás de um dos atentados terroristas de maior impacto do novo milênio.

terça-feira, 4 de março de 2014

25 de ABRIL

Willy Brandt: ALEMANHA

Willy Brandt
 Willy Brandt tratou-se de um político social-democrata alemão. Nasceu em Lübeque, com o nome de Herbert Ernst Karl Frahm, a 18 de Dezembro de 1913 e faleceu em Unkel a 8 de Outubro de 1992. Herbert, como assim era conhecido, ingressou na juventude socialista alemã em 1929, e, em 1930 no SPD (Sozialdemokratische Partei Deutschlands), ou seja, no Partido Social-Democrata alemão.
Um ano mais tarde, em 1931, Herbert mudou-se para o SAP (Sozialistische Arbeiterpartei), o Partido Trabalhador Socialista, uma organização fundada pelo SPD de esquerda e pelo KP (Kommunistische Partei), o Partido Comunista. Enquanto isso, em 1932, acabou o secundário no Johanneum zu Lübeck. Em 1933, o SAP foi proibido após a ascensão ao poder de Hitler e, Herbert, devido ao “ascenso ao poder do regime nazi, viu-se obrigado a fugir para a Noruega, onde, sob o nome de Willy Brandt, exerceu jornalismo.”
 A partir deste momento, nunca mais seria Herbert Ernst Karl Frahm, apenas Willy Brandt, “que se tornaria o seu nome oficial em 1949.”
No entanto, em 1936, Brandt regressou á Alemanha para frequentar a universidade de jornalismo, porém, foi expulso, um ano depois, pelo governo nazi. Ainda nesse mesmo ano, Brandt teve que voltar para a Noruega, onde pediu a nacionalidade norueguesa. “Quando da ocupação deste pais pelas tropas de Hitler, conseguiu iludir a policia secreta, escapando para a Suécia.”
“Perseguido pelos nazis, esteve na guerra civil espanhola com as Brigadas Internacionais.”
Brandt conseguiu finalmente a nacionalidade norueguesa, que lhe foi entregue em Estocolmo, onde permaneceu até ao fim da guerra. “Regressou á Alemanha no pós-guerra e iniciou a sua vida política ao ser eleito, em 1948, presidente do Conselho Federal do Partido Social Democrata e, um ano depois, membro do Bundestag (…) ”, o parlamento da Alemanha. Nesse mesmo ano conseguiu de novo a nacionalidade alemã. Em 1949, uma vez na Alemanha, Brandt considerava-se “membro de Dieta Federal (…) ”[6], pois acreditava numa reforma do governo que conseguisse bons resultados. Tornou-se “membro do parlamento de Berlim ocidental em 1951, e seu presidente em 1954. Três anos mais tarde, foi eleito burgomestre de Berlim ocidental, sendo reeleito em 1958 (…) ”[7]. Candidatou-se ao cargo de chanceler, pela primeira vez, nas eleições parlamentares, em 1961, “competindo com Konrad Adeunauer.”
“Apesar de um bom resultado do seu Partido Social-Democrata, não foi suficiente para assumir o governo.”
Contudo, em 1963, foi novamente reeleito burgomestre de Berlim ocidental. Um ano depois, após a morte de Erich Ollenhauer, o presidente do SPD, Brandt “assumiu a presidência do Partido ao nível federal.”
Em 1965, concorreu de novo às eleições parlamentares mas voltou a ser derrotado, desta vez pelo chanceler da Alemanha Ludwig Erhard. “Desiludido, Willy Brandt retirou-se temporariamente da política federal e recusou-se a se candidatar de novo.”[
“Em 1966, data em que foi reeleito presidente do seu partido (…) ”, Ludwig Erhard apresentou a sua demissão do cargo de chanceler, ao qual sucedeu Kurt Georg Kiesinger. Kiesinger, o novo chanceler, que formou uma Grande Coligação com o Partido Social-democrata, convidou Brandt a assisti-lo no governo. Assim, Willy Brandt, demitiu-se das suas funções, ou seja, “abandonou o cargo de Burgomestre para entrar no governo, na qualidade de Vice-Chanceler federal e Ministro dos Negócios Estrangeiros da Alemanha ocidental.”[13] Posteriormente, em 1969, Brandt foi eleito 4º chanceler da República Federal da Alemanha, “sendo o primeiro chanceler alemão de esquerda em mais de 40 anos.”[14] Enquanto chanceler, firmou “a sua posição política ao defender intransigentemente a separação das duas alemanhas e a criação de uma Europa independente, mas unida aos EUA (…) ”.
 Ainda no ano em que foi eleito chanceler da Alemanha, formou um governo em coligação com o FDP (Freie Demokratische Partei), isto é, o Partido Liberal alemão. “Esta coligação tinha uma maioria no Bundestag de somente seis votos.”
“A partir de então, pretendeu levar a cabo reformas de longo alcance, as quais, no campo interno, não tiveram grande êxito, em virtude das divergências surgidas entre os partidos da coligação governamental. No entanto, intensificou o seu projecto de uma nova política externa, principalmente a que se relacionava com os assuntos de Leste e que ficou conhecida por
Ostpolitik, procurando melhorar as relações entre as duas alemanhas.”
 “Como assinalou Willy Brandt […] estava-se a assistir ao nascimento da nova Ostpolitik alemã.”
A Ostpolitik, que significa Política do Leste, tinha com objectivo aliviar as tensões entre o Bloco do Leste e as democracias de Oeste na Guerra Fria. “O fim da Guerra Fria só poderia tornar-se realidade com o acordo de todos os estados do Leste e do Ocidente envolvidos.”
“As estratégias eram as do câmbio por aproximação e da política dos passos pequenos […] O começo simbólico desta política foi o famoso Ajoelho de Varsóvia no memorial às vítimas do nazismo no Gueto de Varsóvia.”
“No inicio de Dezembro de 1970 uma fotografia correu mundo. Nela podia ver-se o chanceler alemão ajoelhado perante o monumento às vítimas do gueto de Varsóvia. O gesto de Brandt exprimiu a politica de Leste da coligação social-liberal, a qual, apesar da encarniçada oposição por parte dos sectores mais conservadores, visava a reconciliação entre a Polónia e a Alemanha, assente numa base do status quo e da renúncia á violência. ”
As negociações entre o “chanceler federal Willy Brandt e o presidente do Conselho de Estado da RDA, Willi Stoph (…) ”, começaram rapidamente. Os dois grandes “reuniram-se em Erfurt, no primeiro encontro entre os representantes dos dois estados alemães.”
No entanto, não foi possível chegar a um acordo pois Brandt não estava disposto a aceitar todos os termos do pacto, nomeadamente, reconhecer a Alemanha Oriental como estado soberano. De seguida, a “12 de Agosto de 1970, o primeiro-ministro soviético Alexei Kossiguin, o ministro dos Negócios Estrangeiros Andrei Gromiko, Willy Brandt e o ministro dos Negócios Estrangeiros alemão Walter Scheel (FDP) assinaram em Moscovo o Tratado de renúncia á violência. Nele ficou garantida a inviolabilidade das fronteiras de todos os estados europeus. No entanto, Moscovo não negociava apenas por si, mas representava também a Checoslováquia, a RDA e a Polónia.”
Assim, “pouco tempo depois chegaram os acordos com a Polónia e com outros países do chamado bloco soviético.”
“Na Polónia, o reconhecimento da linha Óder-Neisse era considerado como uma questão nacional de primeira ordem.”
“O acordo mais controverso foi o chamado Acordo Básico, assinado em 1972, segundo o qual a RFA e a RDA reconheciam-se mutuamente como estados. Isto foi duramente criticado pelos conservadores que afirmaram que este reconhecimento levaria à divisão permanente da Alemanha, como de facto aconteceu até 1989.”[27] “Esta nova política do Leste (Ostpolitik) é hoje considerada como o primeiro passo à dissolução do Bloqueio do Leste e à reunificação alemã. Na época era, no entanto, confrontada com grande resistência por parte dos conservadores. Brandt era apelidado de traidor e intriguista, de estar entrando no "jogo" dos soviéticos.”[28] Para estes, “toda e qualquer aproximação do Leste era encarada como uma traição cometida contra os interesses alemães.”
 No entanto, em 1971, Brandt “recebeu o Prémio Nobel da Paz pela sua política conciliadora”, que se deveu sobretudo ao Tratado assinado em Varsóvia, assinado a 7 de Dezembro de 1970 entre “o chanceler federal Brandt e o primeiro-ministro polaco Cyrankiewicz”[31], onde “estabeleceram a inviolabilidade da linha Óder-Neisse. A determinação da linha fronteiriça manteve-se provisória, já que o acordado era apenas válido para a RFA e não para a Alemanha reunificada.”[32] A linha Óder-Neisse ficou conhecida como fronteira germano-polaca. Porém, só “o Tratado de 14 de Novembro de 1990 veio reconhecer definitivamente pelo direito internacional a fronteira Óder-Neisse.”
Ao mesmo tempo, Brandt incitou reformas internas nas áreas de política social, legal e de educação. “O motivo foi o de superar a estagnação política na Alemanha do pós-guerra.”
No entanto, muitas das reformas não chegaram a ser implementadas, por um lado devido á resistência do FDP, por outro lado, devido á resistência dos conservadores e, ainda, também em parte pela Crise do Petróleo e da Guerra do Yom Kippur. De seguida, para evitar que pensassem que só favorecia os comunistas, Brandt implementou uma legislação que não permitia a elementos radicalistas o trabalho no serviço público (Radikalenerlass). “Teoricamente, isto afectaria tanto direitistas como esquerdistas, mas na prática foi aplicado a pessoas consideradas extremistas da esquerda.”
Em 1972, realizaram-se novas eleições parlamentares, onde se pensava que Brandt iria perder, mas, no entanto, o seu governo foi mantido e continuou com uma grande maioria no Bundestag. Pela primeira vez, o SPD era a maior ala parlamentar. No dia 7 de Julho de 1973, o estadista Willy Brandt visitou Israel, tornando-se o primeiro chanceler alemão a visitar este país. Finalmente, em 1974, Brandt apresentou a sua demissão do cargo de chanceler, “devido ao escândalo que rodeou um elemento do seu governo, Günter Guillaume, acusado de espionagem a favor da República Democrática alemã.”
O espião Günter Guillaume era membro do partido e um dos mais próximos assessores pessoais de Brandt. “Hoje sabe-se que esta demissão foi também causada pela fadiga, depressões, e críticas ao seu estilo de liderança.”[37] “Mas, em 1975, foi eleito presidente da internacional socialista por um mandato de dois anos, cargo para o qual foi reeleito em 1978.”
Porém, apesar da sua demissão, Brandt permaneceu como presidente do Partido Social-Democrata e foi ainda deputado no Parlamento Europeu, entre 1979 e 1983. Ainda, em 1977, Willy Brandt chefiou a Comissão Independente para Questões de Desenvolvimento Internacional (Comissão Norte-Sul), que apresentou, três anos depois, sob o nome de Relatório Brandt. Em 1978, Brandt sofreu de um ataque cardíaco, que embora não tenha sido mortal deixou-o debilitado. Brandt apareceu em público pela última vez, em 1990, quando inaugurou o primeiro Bundestag da Alemanha reunificada. “Algumas semanas antes, tinha retornado com 194 reféns, cuja liberação tinha alcançado em negociações com o presidente iraquiano Saddam Hussein, depois da invasão iraquiana no Kuwait.”
 Um ano depois, em 1991, Brandt foi submetido a cirurgia a fim de lhe retirarem um tumor que tinha descoberto nesse mesmo ano. No entanto, no ano seguinte, o tumor regressou e, uma vez que já havia muitos órgãos afectados, não havia nada a fazer. Willy Brandt morreu nesse mesmo ano, no entanto, “viveu para conhecer a destruição do Muro de Berlim e a reunificação das duas alemanhas (…) ”[40], um sonho pelo qual ele sempre lutou. Actualmente encontra-se enterrado Waldfriedhof em Berlim. Brandt, apesar de ter dedicado uma vida inteira á politica, publicou grandes obras, pelas quais recebeu diversos graus honoríficos e condecorações estrangeiras: “Krigen i Norge”, 1945; “Ernst Reuter” (com R. Lowenthal), 1957; “Von bom nach Berlim, 1957; “My road to Berlim”, 1960; “The ordeal of co-existence”, 1963; “Begegnung mit Kennedy”, 1964; “Draussen” (com G. Strve), 1966; “A peace policy for Europe, 1968; e, “Inequality in the World” (de colaboração com Bettino Craxi, Felipe Gonzalez e Carlos Andrés Perez), 1977.
  Ostpolitik
 É conhecido por este nome o projeto de uma nova política externa, iniciada no decorrer dos anos 70 pelo chanceler alemão Willy Brandt, tendo como principal objetivo a melhoria das relações Este-Oeste, nomeadamente entre as duas Alemanhas (RFA e RDA).
Candidato, sem sucesso, a chanceler federal nas eleições gerais de 1961, contra Konrad Adenauer, e derrotado de novo, em 1965, por Ludwig Erhard, Willy Brandt só conseguiu ser eleito para o cargo em setembro de 1969. Formou, então, Governo em coligação com o Partido Liberal Alemão. Embora tivesse tentado imprimir uma nova orientação à política externa quando exercia, em 1966, o cargo de vice-chanceler e de ministro dos Negócios Estrangeiros, foi sobretudo a partir de 1969 que pôde pôr em prática as novas medidas para a política externa.Não descurando os laços de amizade e cooperação que uniam a Alemanha Federal aos Estados Unidos da América, Brandt empenhou-se em normalizar as relações entre Bona e os países socialistas do Bloco de Leste.As linhas diretrizes da Ostpolitik foram sintetizadas pelo próprio Brandt num dos seus primeiros discursos como chanceler, em que apontou a tarefa de "[...] salvaguardar a unidade da nação, preocupando-se em pôr fim ao estado de crispação atual que caracteriza as relações entre as duas partes da Alemanha". Ofereceu aos responsáveis políticos da RDA a possibilidade de se efetuarem negociações bilaterais com vista à cooperação.
A estratégia de Brandt conduziu à assinatura de uma série de tratados: com a URSS e a Polónia, em 1970, em que foram oficialmente reconhecidas a linha Oder-Neisse como fronteira germano-polaca e a divisão da Alemanha em dois Estados (foram definidas as respetivas fronteiras mas salvaguardou-se a eventualidade de uma unificação pacífica no futuro); e com a RDA, em 1972, um tratado fundamental, que estabelecia as relações diplomáticas entre as duas Alemanhas.
A Ostpolitik de Brandt foi alvo de críticas violentas por parte dos democratas-cristãos, que se encontravam na oposição. Brandt, no entanto, recebeu o Prémio Nobel da Paz e foi reeleito em 1972.
Demitiu-se em maio de 1974, devido a um dos elementos do seu Governo ser acusado de espionagem a favor da RDA, deixando o lugar de chanceler a um outro social-democrata, Helmut Schmidt.
Confrontado com uma série de problemas de política interna, Schmidt afastou-se da Ostpolitik.
Em 1982, o democrata-cristão Helmut Kohl sucedeu a Schmidt.
Foi ele quem teve oportunidade de efetuar a reunificação da Alemanha, em outubro de 1990. A Ostpolitik dos anos 70 foi o primeiro passo neste sentido.
Sem ter conseguido mudar a oposição de fundo existente entre os dois modelos de sociedade, foi, de qualquer forma, essencial para que, duas décadas depois, esse grande projeto político se concretizasse.

S.P.D.

Alemão Um dos partidos dominadores da cena política alemã, o SPD (Partido Social Democrata Alemão) tem uma história centenária. Oficialmente, nasceu no ano de 1875; contudo, devido ao facto de resultar da fusão de duas organizações, a sua história pode recuar alguns anos. Em 1863 emergia na Alemanha a social-democracia. Nesse ano, Ferdinand Lasalle (1825-1864) fundava o "Allgemeiner Deutscher Arbeiter" em Leipzig que, em 1875, viria a juntar-se ao "Sozialdemokratische Arbeiterpartei", organização surgida em 1869 e dirigida por August Bebel. Nos primeiros anos da sua existência a sua ideologia era socialista; o partido viria a manter uma orientação marxista até final dos anos 50 do século XX. O ano de 1878 marca o início de uma fase atribulada na vida desta organização política. Bismarck, chanceler da Alemanha, conservador, aproveita duas tentativas de assassinato contra o kiser Guilherme para eliminar adversários; na sequência destes atentados, faz aprovar diversas leis "antissocialistas", apesar de nunca se ter provado qualquer ligação destes com os acontecimentos.
Até 1890 a clandestinidade é o campo onde se movem os ativistas partidários de esquerda. Por essa altura, o SPD conseguira atrair a simpatia de um vasto número de apoiantes; nas eleições desse ano é o partido mais votado, com 19,7 %dos votos; em 1912 esses números aumentam para os 34,8 %. Entre esta data e os anos 30 o SPD estará ligado a importantes mudanças sócio-políticas no país. A 12 de novembro de 1918, o Governo revolucionário social democrata aprovou o direito de voto das mulheres; em novembro desse mesmo ano um militante do partido, Friedrisch Ebert, é eleito primeiro presidente da República de Weimar. A ascensão dos nazis na Alemanha trouxe grandes perturbações; o SPD foi das únicas vozes que se levantou contra o totalitarismo hitleriano e sofreu as consequências dessa atitude. Muitos dos seus membros foram presos, torturados e mortos.
Nos cerca de 12 anos compreendidos entre 1933 e 1945, a história do partido e da social democracia caracterizou-se pela emigração, clandestinidade e resistência.
Depois da guerra o SPD surgiu com um papel de primeira grandeza na reconstrução do país e a sua linha de atuação, claramente oposta à dos comunistas, começa a esboçar o seu posicionamento futuro. À sua frente estão líderes de grande capacidade, marcantes na sua História; entre eles, destacam-se homens como Kurt Schumacher (o secretário-geral), Egon Franke, Erich Ollenhauer, Fritz Heine. Em 1946, a rutura com o Leste foi inevitável após os comunistas, no Poder, terem ordenado a prisão de cerca de 5 mil membros do SPD.
Outros militantes do partido acabaram por se juntar aos seus camaradas do Ocidente, onde participaram ativamente no processo de criação e desenvolvimento da República Federal Alemã. Nas primeiras eleições para o Bundestag (o novo Parlamento da República) o SPD consegue 29,2 % dos votos; é o maior partido da oposição, exercendo essa função de forma construtiva. A partir de 1959, depois de alguns anos em que a Alemanha vive um período de grave agitação social (registando-se um importante levantamento operário em 1953), ao adotar o chamado Programa Godesberg, o partido "abre-se ao povo", dirigindo-se a uma camada mais vasta do eleitorado, incluindo grupos cristãos; a orientação socialista e socializante era posta de parte e a social-democracia era agora a palavra de ordem. O partido aceitou a economia de mercado, embora defendesse uma intervenção do Estado para manter a ordem e o bem-estar geral.
Em 1969 a política conservadora cristalizara. Pela primeira vez na história da República Federal, o SPD ganhou as eleições; Willy Brandt é nomeado chanceler, cargo que ocupará até 1974, altura em que é substituído pelo também social-democrata Helmut Schmidt. As políticas seguidas por estes dois chanceleres, num compromisso entre a economia de mercado e o Estado-providência, dinamizaram o país; a Alemanha modernizou-se e tornou-se um modelo seguido por outras nações. De 1982 em diante a Alemanha virou à direita.
O SPD voltou à oposição e conheceu uma fase de relativo apagamento, emergindo algumas disputas e sucedendo-se os líderes. A unificação da Alemanha com a queda do muro de Berlim em 1989 levou à fundação, a 7 de outubro (logo, ainda na ilegalidade), do Partido Social Democrata na moribunda República Democrática Alemã. A união dos partidos dos dois lados da Alemanha será entusiasticamente saudada por Willy Brandt e conduzida pelo novo líder Bjorn Engholm.
 Depois de vários anos em combate político contra os governos da CDU de Helmut Köhl, o SPD, com Gerad Schröder chegou ao Governo.
Helmut Schmidt
 Político social-democrata alemão nascido 1918, em Hamburgo.
Ocupou os cargos ministeriais da Defesa(1969) e das Finanças (1972).
Sucedeu a Willy Brandt no posto de chanceler em 1974, desempenhando o cargo até 1982.
Durante a sua chancelaria, tornou-se num dos líderes mais respeitados e influentes da Europa.
Procurou o desanuviamento das relações com o Bloco de Leste, enquanto mantinha boas relações com os EUA.
 É autor de livros sobre política alemã e relações internacionais.

segunda-feira, 3 de março de 2014

Primeiras eleições democráticas em Portugal



 Siglas dos partidos concorrentes às primeiras eleições democráticas no nosso país


 Foram estes os partidos concorrentes às primeiras eleições livres e democráticas no nosso país, em Abril de 1975, para se elegerem os primeiros deputados que iriam redigir, também, a primeira Constituição democrática (1976).
 Concorreram doze partidos:
CDS - Centro Democrático Social, 
FEC (M-L) - Frente Eleitoral Marxista Leninista, 
 FSP - Frente Socialista Popular, 
LCI - Liga Comunista Internacional, 
MDP/CDE - Movimento Democrático Português, 
MES - Movimento da Esquerda Socialista, 
PCP - Partido Comunista Português, 
PPD - Partido Popular Democrático, 
PPM - Partido Popular Monárquico, 
PS - Partido Socialista, 
PUP - Partido da Unidade Popular, 
UDP - Unidade Democrática Popular e, ainda, a 
ADIM - Associação para a Defesa dos Interesses de Macau.
O PPD (atual PSD), foi o primeiro a fazer colagem de cartazes, e o PS fez o primeiro comício, com Mário Soares, em Faro.
 A participação do povo português foi notável: 91% de eleitores, a maioria, votou pela primeira vez na vida, e os resultados da votação foram os seguintes, em percentagens e número de deputados eleitos: 
 PS 37,87% (116 deputados), 
PPD 26,39% (81), 
PCP 12,46% (30), 
CDS 7,61% (16), 
MDP 4,14% (5), 
UPD 0,79% (1), 
ADIM 0,03% (1).