«Confundem, os mais cépticos globalização com empobrecimento. Ou porque as etiquetas de produtos comercializados nas lojas exibem a chancela de um país de baixo PIB per capita. Ou porque a produção industrial tende a deslocar-se para países de baixos custos. Brandem que é impossível competir com tais modelos, e que a abertura de fronteiras implicará choques civilizacionais de alcance imprevisível.
Repudio essa visão. Se é mais barato produzir fora, se o preço é variável de decisão essencial, deslocalize-se a produção. […]. Não se insista em bem produzir aquilo que chineses ou indonésios também fazem, cada vez melhor, por um terço ou metade do custo. Invista-se antes nesses países – que, alem do mais, oferecem um enorme potencial de crescimento do mercado interno a longo prazo. […].
O desafio fundamental que se coloca à nossa economia, para que esta saia ganhadora com a globalização, é o da mobilidade. Mobilidade na adopção de novas tecnologias; no acesso ao capital financeiro; por fim, quanto ao papel do Estado na economia. […].
Continuo a reclamar do Estado a demolição de estruturas que entorpecem essa mobilidade – a lei do arrendamento habitacional, o imposto de Sisa sobre imóveis, a ausência de disseminação equilibrada da administração pública pelo território, ou abolição da psicose do “emprego seguro, no Estado, para o resto da vida”».
Belmiro de Azevedo (presidente do Grupo Sonae), Expresso, Edição n.º 1567, de 2002-09-11
Belmiro de Azevedo (presidente do Grupo Sonae), Expresso, Edição n.º 1567, de 2002-09-11
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