quarta-feira, 3 de julho de 2013

GLOBALIZAÇÃO E PROBLEMAS TRANSNACIONAIS


GLOBALIZAÇÃO E PROBLEMAS TRANSNACIONAIS
Desafios do mundo atual, segundo Barack Obama
(24 de julho de 2008)
Povos do mundo: olhai para Berlim [...]. Quando o povo alemão derrubou o muro [...], começaram a ruir os muros em todo o mundo. [...] Também os mercados se abriram, e a difusão da informação e da tecnologia reduziu as barreiras às oportunidades e à prosperidade. Enquanto o século XX nos ensinou que partilhamos um destino comum, o século XXI revelou um mundo mais interligado do que em qualquer outra época da história humana. A queda do Muro de Berlim trouxe uma nova esperança. Mas essa nova proximidade deu origem a novos perigos – que não podem ser contidos nas fronteiras de um país, nem pela distância de um oceano. Os terroristas do 11 de Setembro conspiraram em Hamburgo e treinaram em Kandahar e em Carachi antes de matarem milhares de pessoas de todo o globo em solo americano. Neste preciso momento, os carros em Boston e as fábricas de Pequim estão a fazer derreter as calotes de gelo no Ártico, a fazer recuar as linhas costeiras do Atlântico [...]. Materiais nucleares mal guardados na antiga União Soviética ou os segredos de um cientista do Paquistão podem ajudar a construir uma bomba que vá detonar em Paris. As papoilas do Afeganistão transformam-se na heroína consumida em Berlim. A pobreza e a violência na Somália semeiam o terror de amanhã. [...] Neste mundo novo, estas correntes perigosas tornaram-se mais fortes do que os nossos esforços para contê-las. É por isso que não podemos dar-nos ao luxo de nos mantermos divididos. Nenhuma nação, por maior ou mais poderosa que seja, pode enfrentar sozinha esses desafios. [...] O maior de todos os perigos será o de permitirmos que novos muros nos venham separar. Os muros entre velhos aliados de ambos os lados do Atlântico não podem continuar de pé. Os muros entre países com mais e países com menos não podem continuar de pé. Os muros entre raças e tribos, entre nativos e imigrantes, entre cristãos, muçulmanos e judeus não podem continuar de pé. [...] Este é o momento em que temos de derrotar o terrorismo e secar o poço de extremismo que o alimenta. [...] Vamos estender as nossas mãos aos povos dos locais esquecidos deste mundo que anseiam por vidas marcadas pela dignidade e pela oportunidade, pela segurança e pela justiça? Vamos tirar da pobreza as crianças no Bangladeche, proteger os refugiados do Chade e erradicar, no nosso tempo, o flagelo da SIDA? Vamos erguer-nos pelos direitos humanos do dissidente da Birmânia, do blogger do Irão ou do eleitor do Zimbabué? Vamos dar sentido às palavras «nunca mais» no Darfur? [...] Iremos acolher os imigrantes de diferentes origens e evitar a discriminação daqueles que não se parecem connosco nem rezam da mesma forma que nós, e cumprir a promessa de igualdade e oportunidade para todos?
Identificação da fonte
Barack Obama, Dez Discursos Históricos, Porto, Fio da Palavra, 2009 (adaptado)

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