quinta-feira, 25 de julho de 2013

A QUINTA-FEIRA NEGRA

A QUINTA-FEIRA NEGRA
 A tempestade eclodiu na terça-feira, 22 de Outubro, durante a última hora em que a Bolsa esteve aberta; no dia seguinte, de manhã, as ordens de venda acumulavam-se sem que ninguém soubesse exatamente de onde elas provinham nem porquê. No entanto, havia ainda bastantes compradores para absorver com 5 ou 10% de baixa, a um preço bastante razoável. os seis milhões de acções lançadas no mercado. Na quinta-feira seguinte, 24 de Outubro, estava dado um golpe mortal no boom de Wall Street e ao mesmo tempo na prosperidade americana. Ainda hoje não se sabe quem pôs em venda, durante a primeira hora da Bolsa, nessa quinta-feira nefasta, a quantidade de ações que provocou a avalanche. ( ... ) O resultado foi catastrófico. As ações desciam de minuto a minuto, porque não encontravam compradores, a preços que na véspera seriam considerados absurdos. O que se passava em redor da Bolsa em Wall Street era apenas um reflexo do pânico que bruscamente estalara em todo o país: homens e mulheres acotovelavam-se diante de milhares de aparelhos registadores, apertavam-se nas sucursais dos escritórios dos corretores para seguirem. com os seus próprios olhos, o naufrágio do navio em que tinham posto todas as esperanças. Que podiam fazer para se salvar" Vender. Mas eles apenas eram proprietários de 20% ou talvez 30% das suas acções e elas haviam baixado outro tanto antes que tivessem podido redigir a ordem de venda. O sistema de transmissão telegráfica do valor das ações estabelecido em Wall Street e cuja perfeição técnica é admirável, revela-se, agora. quando cada segundo tinha o seu valor. um verdadeiro instrumento de tortura. Mas a máquina aperfeiçoada era insuficiente para registar as ordens maciças em Wall Street. Durante horas, as indicações do aparelho registador atrasavam-se em relação à realidade e o público, na falta de indicações rápidas sobre o valor das ações a que estava habituado -, deitava fora os seus haveres e vendia as ações por qualquer preço.

 Richard Lewinsoth, Histoire de la Crise in Les Mémoires de I 'Europe

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