domingo, 21 de julho de 2013

DITADURA FASCISTA EM PORTUGAL: SALAZARISMO: ESTADO NOVO

PORTUGAL: Estado Novo: Salazarismo
Salazar: Salvador da Pátria (1928-1968)
Partido:União Nacional
Policia Política: PIDE (Polícia Internacional de Defesa do Estado)
Organização juvenil: Mocidade Portuguesa
Organização paramilitar: Legião Portuguesa
“Deus, Pátria e Família”

sábado, 20 de julho de 2013

CONTEXTUALIZAÇÃO: MÓDULO 7: UNIDADE 1

Em 1918, quando termina a Primeira Guerra Mundial, o mundo não será mais o mesmo. Uma nova ordem internacional nasce, assente no direito dos povos a disporem de si próprios. È a ordem política dos estados-nação. A democracia liberal regista progressos no Ocidente e o socialismo marxista consolida-se na Rússia soviética. Nas grandes urbes do mundo ocidental, questionam-se os valores tradicionais e manifesta-se o feminismo. Novas teorias, como a da relatividade, obrigam a ciência a rever os seus fundamentos.
Nas artes plásticas e na literatura, as vanguardas rompem as regras seculares que perseguiam o Belo. Mas pesadas nuvens pairam sobre esse mundo novo do primeiro pós-guerra.
Crises inflacionistas, turbulência social, radicalismos de esquerda e de direita minam governos e a confiança política no parlamentarismo, abrindo caminho ao autoritarismo.
Em Portugal, as dificuldades económicas e a agitação social e política ditam o fim da Primeira República democrática. Embora o gosto artístico permaneça conservador, os modernistas introduzem algum cosmopolitismo na sociedade, com a irreverência das suas propostas estéticas.

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Di Cavalcanti

Emiliano Augusto Cavalcanti de Albuquerque e Melo, mais conhecido como Di Cavalcanti, foi pintor, caricaturista e ilustrador brasileiro. Nasceu na cidade do Rio de Janeiro, em 6 de setembro de 1897 e faleceu em 26 de outubro de 1976, na mesma cidade. Idealizou e participou da Semana de Arte Moderna de 1922, expondo 11 obras de arte e elaborando a capa do catálogo. Seu estilo artístico é marcado pela influência do expressionismo, cubismo e dos muralistas mexicanos (Diego Rivera, por exemplo). Abordou temas tipicamente brasileiros como, por exemplo, o samba. Em suas obras são comuns os temas sociais do Brasil (festas populares, operários, as favelas, protestos sociais, etc). O MAC possui em seu acervo, além de pinturas, uma série de mais de 500 desenhos, que cobrem o período que vai da década de 20 até o ano de 1952: grafites, aquarelas, guaches e nanquins, generosamente doados pelo artista.
  • 1. Samba, 1925:

    Di Cavalcanti pinta temas genuinamente brasileiros, o cotidiano da sociedade de sua época. Embora tenha residido em São Paulo por diversas vezes, era apaixonado pela vida boêmia do Rio de Janeiro. Assim, pintava cenas do carnaval, bares noturnos, prostíbulos e festas populares.
    Samba, Di Cavalcanti
    Samba, 1925
  • 2. Cinco Moças de Guaratinguetá, 1930:

    Neste quadro de fortes contrastes cromáticos e influência cubistaDi Cavalcanti revela o seu apreço pelo desenho e o cuidado conferido na relação entre os volumes e os planos.
    Cinco Moças de Guaratinguetá, 1930
    Cinco Moças de Guaratinguetá, 1930
  • 3. Retrato de Noêmia, 1936:

    Neste retrato de sua esposa – Noêmia e Di Cavalcanti permaneceram casados de 1933 a 1947 -, o artista revela influências do expressionismo alemão.
    Retrato de Noêmia, 1936
    Retrato de Noêmia, 1936
  • 4. Mulata, década de 50:

    O tema favorito de Di Cavalcanti eram as mulheres, preferencialmente as mestiças e mulatas, que para o artista representavam a diversidade brasileira. Suas mulheres eram coloridas e sensuais.
    Mulata, década de 50
    Mulata, década de 50
  • 5. Os Pescadores, 1951:

    Di Cavalcanti acreditava que uma das principais funções da arte era o engajamento social. Assim, buscava retratar pessoas de todas as classes, compondo, como em um mosaico, uma identidade nacional.
    Os Pescadores, 1951
    Os Pescadores, 1951

CONTEXTUALIZAÇÃO: MÓDULO 7: UNIDADE 2

Nos anos 30, a Grande Depressão abalou a confiança no capitalismo liberal e na democracia.
As experiências autoritárias reforçaram-se com o advento do nazismo em 1933. A Itália e a Alemanha tornaram-se os paradigmas do totalitarismo fascista, de cariz antidemocrático, corporativo, nacionalista e racista, alicerçado no terror, na propaganda e no culto do chefe. Entretanto, a Rússia soviética conheceu o totalitarismo estalinista, que submeteu violentamente os individuo ao Estado e ao chefe em nome da construção da sociedade igualitária.
Onde a democracia resistiu à crise ensaiaram-se novas soluções económicas e políticas marcadas pelo intervencionismo do New Deal e pelas experiências das Frentes Populares.
Num mundo assolado pelas dificuldades económicas e pelo totalitarismo, a cultura de massas permitiu a evasão; a literatura, a arquitetura e o urbanismo refletiam preocupações sociais; as artes, na Rússia exaltaram o regime socialista (realismo socialista).

Em Portugal, o autoritarismo concretizou-se no regime do Estado Novo, que a figura de Oliveira Salazar personificou. Antidemocrático, corporativo, nacionalista e conservador, o Estado Novo controlou a economia, a sociedade, a vida cultural e política, recorrendo à propaganda e à repressão policial.

segunda-feira, 15 de julho de 2013

OTTO DIX: EXPRESSIONISMO

Otto Dix - nasceu em Untermhausen, na Alemanha, no dia 2 de Dezembro 1891, participou como voluntário na festa macabra da Primeira Guerra Mundial e, mais tarde, formou parte do dadaísmo de Berlim, integrando a Primeira Feira Internacional DADÁ, realizada em 1920.
Contudo, a sua passagem por esse movimento foi efémera, como tinham sido as suas anteriores afinidades com o expressionismo. É mais conhecido como o principal representante da Nova Objectividade (tendência desenvolvida na Alemanha a partir de meados dos anos vinte) nascida das cinzas do expressionismo

O pintor alemão Otto Dix nasceu em Unternhaus, a 2 de Dezembro de 1891. A sua obra expressionista retrata com muito realismo os horrores da primeira grande guerra, mas uma outra faceta menos referida aborda o tema da vida nocturna, dos bordéis e da prostituição. Deste pintor é conhecido um tríptico, bastante  famoso, que mostra a miséria do pós-guerra nos anos 30 e o aparecimento da música Jazz. Estou a falar da pintura de Dix com o título «Os Noctívagos». Otto Dix faleceu a 25 de Julho de 1969, em Singen.
Por outro lado, se antes a sua experiência em pintura respondia aos princípios da pintura impressionista, a sua criação será progressivamente influenciada por diversos movimentos da arte. Finalmente desenvolveu um estilo pessoal dentro do movimento chamado Nova Objetividade, muito ligado ao realismo.
Devido ao forte carácter anti-militarista das suas obras, foram classificadas pelos nazistas como arte degenerada e incluídas na famosa exposição de 1937.

" O Vendedor de Fósforos " ( 1920, Staatsgalerie , Stuttgart ) de Dix , por exemplo , rejeita o cubismo , o expressionismo e a abstração em favor de um tipo de representação de compreensão mais imediata . Ao abordar o tratamento insensível concedidos a soldados que tinham arriscado suas vidas por sua pátria , essa pintura mostra um soldado mutilado vendendo fósforos em uma rua enquanto é claramente ignorado pelos passantes. Dix sabia que o tratamento oferecidos aos veteranos de guerra dependia de sua classe social. Assim , sua pintura não apenas denunciava a guerra de um modo geral , mas também as tensões sociais específicas que dividiam a Alemanha na época ." " A produção dessa fase do artista constitui uma espécie de crônica ácida e indignada do ambiente alemão do período , o que vale a sua prisão em 1.939 e a condenação de sua obra como arte degenerada."

“Há coisas que não carecem de comentário.
Para mim, sempre foi mais importante agir do que falar.
Sou um ser visual, não um filósofo.
Por isso, tomo sempre novos rumos em minhas pinturas, mostro o que realmente é a realidade e o que deve ser dito, por amor à verdade."

Otto Dix

Otto Dix - alemão nascido em 1891 - participou como voluntário na festa macabra da Primeira Guerra Mundial e, posteriormente, formou parte do dadaísmo de Berlim - o mais politizado dos grupos dadaístas alemães -, integrando a Primeira Feira Internacional DADÁ, realizada en 1920. Contudo, a sua passagem por esse movimento foi efémera, como tinham sido as suas anteriores afinidades com o expressionismo.
É mais conhecido como o principal representante da Nova Objectividade - tendência desenvolvida na Alemanha a partir de meados dos anos vinte - nascida das cinzas do expressionismo.
A Nova Objectividade pode classificar-se como um retorno ao cánones de composição tradicional, porém um retorno crítico, ácido, afastado do naturalismo conformista e das boas consciências burguesas. Dix - como o seu contemporâneo George Grosz - é difícil de classificar, embora tenha deixado uma obra de uma contundência - certamente expressionista em sua expressividade - inconfundível. Otto Dix nasceu em Untermhausen, na Alemanha, no dia 2 de Dezembro 1891 e morreu em Lake Constance em 25 de Julho 1969. Vários nomes famosos do Expressionismo na pintura alemã dos anos 1920 serão reencontrados nas listas de pintores pós-expressionistas. Otto Dix (1891-1969) foi um desses nomes, que também se tornaria sinônimo da Nova Objetividade (Neue Sachlichkeit), o movimento que sucedeu o Expressionismo. “Assim como a exposição Nova Objetividade no Kunsthalle de Mannheim marcou o fim da era expressionista, o suicídio do escritor Walter Rheimer em 12 de junho de 1925 com uma overdose de morfina o realizou num sentido existencial. Com a publicação do primeiro volume de Minha Luta, de Hitler, em julho de 1925, os primeiros sinais fatais de uma nova era já estavam visíveis. O episódio artístico final foi a estréia da ópera Wozzeck, de Alban Berg, em 14 de dezembro de 1925, uma obra teatral cujo libreto e música remontam a 1915-21” .
  A Nova Objetividade surgiu no horizonte de Otto Dix a partir de 1919, em função de uma rejeição da emoção expressionista. Do ponto de vista de dix, a profusão de cores do Expressionismo era uma contradição, para mostrar as coisas como realmente são, é preciso um tom mais escuro. Dix vê a sim mesmo como um repórter e seus quadros devem ser executados com uma impiedosa objetividade!
Para Justin Hoffmann, seria impreciso falar em “fim do Expressionismo” a partir de 1918-19. De fato, forças conservadoras levaram a uma reviravolta cultural, ao mesmo tempo em que se exauriu o sonho de estabelecer o Expressionismo como o elemento cultural dominante.
Nas artes visuais, a reavaliação do potencial cultural restante levou ao crescimento de movimentos de vanguarda até então periféricos como Dadaísmo, Construtivismo, Pintura Metafísica. A Nova Objetividade estava nesse meio, a exposição de Mannheim que lançou o movimento é concomitantemente a certa estabilização das condições políticas e econômicas da conturbada República de Weimar .
Contudo, o Expressionismo continuou sendo difundido até o final da década de 20, verificando-se especialmente uma mudança de meios, como foi o caso da arquitetura e do cinema expressionistas .
Durante discurso em 1933, Josef Goebbels, Ministro da Propaganda de Hitler, fez um comentário: “Onde então alguém pode encontrar absoluta objetividade? É esta ausência de tendenciosidade que é perigosa (...)” . Richard Taylor interpretou o ataque à busca de objetividade como um ataque aos valores fundamentais (as dúvidas críticas e incertezas) que para ele balizam a ordem política liberal. Contudo, é bem provável que as palavras desdenhosas de Goebbels remetam à Nova Objetividade, totalmente inserida naquilo que eles chamavam de “arte degenerada”.

“Os expressionistas produziam   muita  arte.
Nós queríamos ver as coisas totalmente nuas e claras,
quase  sem  arte”

Otto Dix
 Após a ascensão do partido nazista na Alemanha, as obras de Dix foram condenadas como arte degenerada . Ele foi demitido do seu cargo como professor de arte na Academia Dresden.
Dix sempre foi conhecido pelas suas críticas sociais, sendo que a partir de 1925 as suas interpretações artísticas basearam-se na sua própria experiência durante a Primeira Guerra.
Otto Dix, Stormtroops Advancing Under Gas, 1924
Stormtroops avançando sob um ataque com gás de 1924
Otto Dix (1891 - 1969) foi um pintor expressionista alemão. Veterano da Primeira Guerra Mundial, a sua obra é dominada pela temática antibélica. Pintou um famoso tríptico onde retrata a miséria do pós-guerra nos anos 30 e o aparecimento do jazz: Os Noctívagos (1927-1928).

quarta-feira, 3 de julho de 2013

O 25 DE ABRIL E AS OPÇÕES DA POLÍTICA EXTERNA PORTUGUESA

O 25 DE ABRIL E AS OPÇÕES DA POLÍTICA EXTERNA PORTUGUESA
Portugal e Espanha na Comunidade Ibero-Americana, segundo Mário Soares (12 de abril de 2008)

"Vai longe o tempo em que Espanha e Portugal viviam de costas voltadas, não obstante a aliança ideológica firmada entre os dois ditadores peninsulares, Franco e Salazar, expressa no célebre Pacto Ibérico. Mas, por múltiplas razões, os povos peninsulares nunca comunicaram – até talvez porque não estavam, obviamente, sintonizados com os seus chefes –, apesar da estreita colaboração, a nível dos governos, que mantiveram durante a guerra civil espanhola (1936-1939), em que Salazar tão decisivamente auxiliou os fascistas espanhóis, e, depois, pelo menos nos primeiros anos da II Guerra Mundial. Com a Revolução dos Cravos, o 25 de Abril de 1974, tudo mudou. Na verdade, foi uma revolução sem efusão de sangue, pacífica e, apesar de inesperada, para a Europa e o Mundo, constituiu um inegável sucesso, na medida em que realizou todos os seus objetivos: «descolonizar, democratizar e desenvolver». Foi, aliás, saudada com imenso entusiasmo em toda a Espanha e teve uma influência muito positiva na «transição acordada» espanhola, que asseguraria também a democracia, pacificamente, no país vizinho. Mais do que isso: a revolução portuguesa e a transição democrática espanhola tornaram fluidas, natural e quase automaticamente, as relações entre os dois Estados peninsulares e os diversos povos ibéricos. […] A entrada de Espanha e de Portugal para a então CEE […], como membros de pleno direito, favoreceu igualmente as relações entre a Europa e a Ibero-América. […] A Ibero-América tem vindo a sofrer […] uma evolução considerável no sentido de uma certa unidade civilizacional e da integração económica e social. A Ibero-América deixou de ser, nos últimos anos, o «pátio traseiro» da América do Norte. Não só o Brasil, esse país continente, atingiu um nível de desenvolvimento, de progresso e de autonomia económica verdadeiramente surpreendente, como também o México, o Chile, a Argentina e a Venezuela se desenvolveram, para só citar aqueles que se movem na cena internacional com maior autonomia. Ora, a América Latina, além das suas raízes étnicas, que persistem, mantém uma certa unidade civilizacional e linguística que lhe vem do legado ibérico, tendo como línguas principais o castelhano e o português – que podem facilmente comunicar entre si […] e que representam um universo linguístico de cerca de 800 milhões de seres humanos. […] Daí que seja tão decisivamente importante estreitar as relações entre a América Latina e a União Europeia, cabendo aos Estados peninsulares um papel pioneiro nesse domínio. […] Vivemos hoje, graças à entrada dos dois Estados, ao mesmo tempo, na Comunidade Europeia, economias mais ou menos integradas, ambas abertas, tendo políticas e interesses convergentes na União Europeia, no Mediterrâneo, no Atlântico e na […] Comunidade Ibero-Americana. […] Também em África, Portugal pode dar um contributo importante […] através da CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa). "
Identificação da fonte
In www.fmsoares.pt (consultado em 12/01/2012) (adaptado)

MUNDO CAPITALISTA

Prioridades do Estado no mundo capitalista
– Declaração do XIX Congresso da Internacional Socialista, Berlim (1992)
"Os sociais-democratas* foram a força motriz da construção das estruturas de segurança social. Hoje, todavia, não nos podemos dar por satisfeitos, considerando as forças ultraliberais que ameaçam destruir as conquistas históricas do movimento laboral. Os efeitos da desregulação dos mercados têm provocado uma distribuição ainda mais injusta dos rendimentos e das oportunidades de emprego, assim como uma maior concentração do capital. […] Os mercados são indispensáveis como fontes eficazes de recursos económicos, mas exigem uma regulação para que a concorrência seja justa […] e não se pode prescindir de uma política social, já que nos mercados desregulados não há uma «mão invisível» que assegure a igualdade de oportunidades e a justiça social. Também é necessário […] o apoio do governo para construir uma sociedade equilibrada. […] Sabemos que as altas taxas de juro desencorajam os investidores, causando níveis elevados de desemprego, que provocam falhas na «rede» garantida pela Segurança Social a trabalhadores, desempregados, doentes e idosos. O investimento em recursos humanos através de programas para a saúde, serviços sociais e salários justos é mais produtivo do que uma política monetarista e de curto prazo. […] O esforço dos indivíduos para se adaptarem aos mercados laborais tem de ser acompanhado por um esforço de investimento público para criar novos empregos. […] Tanto a qualidade e a sustentabilidade do crescimento como a distribuição equitativa dos benefícios são características de uma sociedade moderna. " .
* Também designados como Socialistas ou como Trabalhistas

Prioridades do Estado no mundo capitalista
– Manifesto do 48.º Congresso da Internacional Liberal, Oxford (1997)
"A questão central no alívio da pobreza consiste em fornecer às pessoas meios para que elas próprias combatam a sua pobreza, para que saiam elas mesmas da pobreza. As instituições públicas e os sistemas de promoção do bem-estar devem ser tão flexíveis e administrados a um nível tão local quanto possível, almejando promover a responsabilidade individual e dar resposta às circunstâncias individuais. […] Em todo o mundo, está a entrar em crise, se não mesmo a colapsar, a velha mas errada ideia de que é tarefa do governo organizar as coisas para que as pessoas sejam felizes. Na maior parte dos países industrializados, sistemas de segurança social e de redistribuição exagerados e mal direcionados ameaçam ruir, e os orçamentos de Estado ameaçam legar às gerações futuras pesadas dívidas. Nos países em desenvolvimento, estão condenadas ao falhanço as tentativas de promover o desenvolvimento exclusivamente ou predominantemente através da ação governamental, uma vez que elas sobrecarregam o governo e abafam a iniciativa privada – a única que pode gerar um desenvolvimento realmente sustentável. Os Liberais reconhecem que a capacidade governamental é limitada, que um governo abrangente e o crescimento das despesas do Estado constituem em si mesmos sérias ameaças a uma sociedade livre, e que, portanto, deve ser prioritário limitar o âmbito do governo e reduzir as despesas do Estado. Uma vez que mercados globais abertos são mais eficazes na promoção da prosperidade, […] os Liberais deverão […] pôr em prática a sua firme convicção de que o comércio livre, ao dar as melhores oportunidades aos economicamente mais fracos, constitui a melhor forma de ultrapassar a pobreza no mundo. "

Doc. 1 – In www.internacionalsocialista.org (consultado em 10/01/2012) (adaptado)
Doc. 2 – In www.liberal-social.org (consultado em 09/01/2012) (adaptado)

Doc. 1– Prioridades do Estado no mundo capitalista – Declaração do XIX Congresso da Internacional Socialista, Berlim (1992)
Doc. 2 – Prioridades do Estado no mundo capitalista – Manifesto do 48.º Congresso da Internacional Liberal, Oxford (1997)

CONSEQUÊNCIAS DA I GUERRA EM PORTUGAL


Consequências da guerra, segundo
 o general Sinel de Cordes* (1926)

   "Portugal tomou parte no grande conflito mundial de 1914-1918, mas não estava preparado […].
A organização militar do tempo era deficiente. […]Sob o ponto de vista financeiro surgia coisa parecida, vivendo-se à custa da circulação fiduciária ou dos créditos da Inglaterra, que só agora se pensa em liquidar, sem nunca se ter recorrido aos empréstimos de guerra. […]
De toda a falta de preparação e de orientação resultaram, como consequências, uma pavorosa crise financeira e uma desorganização económica cujo fim não é fácil de prever. Nós hoje, enfileirando ao lado dos vencedores, estamos em piores condições económicas e financeiras do que os vencidos. Juntemos a estas perturbações […] as de ordem moral que da guerra também derivaram e teremos de concluir que da luta em que tanto sacrificámos pouco de bom nos ficou. […] Quer-me parecer que […] ou se reage perante um tal estado de coisas, ou a nação morre."


* João José Sinel de Cordes (1867-1930) – foi chefe do Estado--Maior do Corpo Expedicionário Português (1918), participou no golpe militar de 28 de maio de 1926 e foi ministro das Finanças(1926-1928).

Doc. 2 – In www.primeirarepublica.org (consultado em 03/01/2012) (adaptado

GLOBALIZAÇÃO E PROBLEMAS TRANSNACIONAIS


GLOBALIZAÇÃO E PROBLEMAS TRANSNACIONAIS
Desafios do mundo atual, segundo Barack Obama
(24 de julho de 2008)
Povos do mundo: olhai para Berlim [...]. Quando o povo alemão derrubou o muro [...], começaram a ruir os muros em todo o mundo. [...] Também os mercados se abriram, e a difusão da informação e da tecnologia reduziu as barreiras às oportunidades e à prosperidade. Enquanto o século XX nos ensinou que partilhamos um destino comum, o século XXI revelou um mundo mais interligado do que em qualquer outra época da história humana. A queda do Muro de Berlim trouxe uma nova esperança. Mas essa nova proximidade deu origem a novos perigos – que não podem ser contidos nas fronteiras de um país, nem pela distância de um oceano. Os terroristas do 11 de Setembro conspiraram em Hamburgo e treinaram em Kandahar e em Carachi antes de matarem milhares de pessoas de todo o globo em solo americano. Neste preciso momento, os carros em Boston e as fábricas de Pequim estão a fazer derreter as calotes de gelo no Ártico, a fazer recuar as linhas costeiras do Atlântico [...]. Materiais nucleares mal guardados na antiga União Soviética ou os segredos de um cientista do Paquistão podem ajudar a construir uma bomba que vá detonar em Paris. As papoilas do Afeganistão transformam-se na heroína consumida em Berlim. A pobreza e a violência na Somália semeiam o terror de amanhã. [...] Neste mundo novo, estas correntes perigosas tornaram-se mais fortes do que os nossos esforços para contê-las. É por isso que não podemos dar-nos ao luxo de nos mantermos divididos. Nenhuma nação, por maior ou mais poderosa que seja, pode enfrentar sozinha esses desafios. [...] O maior de todos os perigos será o de permitirmos que novos muros nos venham separar. Os muros entre velhos aliados de ambos os lados do Atlântico não podem continuar de pé. Os muros entre países com mais e países com menos não podem continuar de pé. Os muros entre raças e tribos, entre nativos e imigrantes, entre cristãos, muçulmanos e judeus não podem continuar de pé. [...] Este é o momento em que temos de derrotar o terrorismo e secar o poço de extremismo que o alimenta. [...] Vamos estender as nossas mãos aos povos dos locais esquecidos deste mundo que anseiam por vidas marcadas pela dignidade e pela oportunidade, pela segurança e pela justiça? Vamos tirar da pobreza as crianças no Bangladeche, proteger os refugiados do Chade e erradicar, no nosso tempo, o flagelo da SIDA? Vamos erguer-nos pelos direitos humanos do dissidente da Birmânia, do blogger do Irão ou do eleitor do Zimbabué? Vamos dar sentido às palavras «nunca mais» no Darfur? [...] Iremos acolher os imigrantes de diferentes origens e evitar a discriminação daqueles que não se parecem connosco nem rezam da mesma forma que nós, e cumprir a promessa de igualdade e oportunidade para todos?
Identificação da fonte
Barack Obama, Dez Discursos Históricos, Porto, Fio da Palavra, 2009 (adaptado)

DEBATES SOBRE O PLANO DE FOMENTO

Debate sobre a proposta de lei relativa ao I Plano de Fomento
– perspetiva do deputado Jacinto Ferreira (4 de dezembro de 1952)
"É preciso distinguir entre plano de fomento e plano de obras públicas, porque nem toda a obra pública é obra de fomento […]. A introdução de novas técnicas, de novas normas de vida, de diferente orientação, de uma mentalidade nova em muitos sectores da atividade nacional, isso seria de certeza uma fonte magnífica de fomento […]. Citando a Câmara Corporativa, o documento em apreciação é mais um plano de obras de fomento do que um plano de fomento […]. Um reparo que o plano me suscita é a falta de sentido da unidade da nação portuguesa […]. Seria esplêndido que se aproveitasse a oportunidade para abater as barreiras alfandegárias entre as diversas províncias de Portugal […]. O plano mostra-se, pelo contrário, fracionado e os territórios ultramarinos são nele considerados cada um à sua parte, em oposição ao espírito de unidade que conviria vincar […]. Este plano revela-se elaborado sob o signo da angústia que causa a muita gente o aumento constante da população portuguesa e sob o império da necessidade urgente de proporcionar trabalho a todos […]. Anuncia o plano que será gasta uma verba elevada em escolas técnicas […]. Parece-nos que a verba a despender teria melhor aplicação se fosse incluída numa remodelação das nossas instalações de ensino científico, técnico e cultural. […] De resto, não se compreende a que título se inclui a construção de escolas comerciais num plano de fomento puramente industrial. […] Neste plano, uma boa parte da verba a despender é destinada à agricultura. Pois, apesar disso e de sermos um país que continua a ter na agricultura a sua maior riqueza, a parte do relatório que lhe é dedicada não excede a décima parte das considerações totais. […] Gera-se no meu espírito uma grande interrogação sobre a conveniência de, nesta idade do Mundo, caminharmos para uma elevada industrialização, deixando em plano secundário o progresso agrícola. […] Eu não me insurjo contra a industrialização; insurjo-me, sim, contra o desinteresse a que, num plano de fomento, é votada a agricultura. "

Debate sobre a proposta de lei relativa ao I Plano de Fomento
– perspetiva do deputado Proença Duarte (5 de dezembro de 1952)
   "O Governo da Revolução Nacional apresenta ao País um plano de fomento, ou seja, um conjunto orgânico e sistematizado de realizações extraordinárias a levar a efeito durante um período de tempo pré-determinado. […] Contempla o plano, simultânea e articuladamente, a economia metropolitana e as economias das províncias ultramarinas. A uma e a outras dá tratamento de igualdade, considerando-as como um todo indivisível, o que está de harmonia com os interesses da Nação, com os preceitos constitucionais, com as exigências da economia mundial, com a interdependência das economias nacionais e com a nossa tradição colonizadora. […] A agricultura, sendo enumerada em primeiro lugar no plano para o continente e ilhas, sob o ponto de vista de dotações financeiras, aparece em último lugar […]. Aparecem em segundo lugar os investimentos na indústria. […] É manifesto que a mais saliente determinante dos empreendimentos industriais selecionados foi a da utilização das nossas matérias-primas pelos aproveitamentos hidroelétricos e pelas indústrias de base. Parece-me só haver que louvar a orientação seguida. […] Sobre escolas técnicas, inscreve-se no plano uma verba de certo vulto a repartir pela conclusão de obras em curso e pela construção de obras novas. É bem sensível a necessidade de criar no País uma rede de escolas para o ensino técnico elementar. […] A modificação para melhor do rendimento do trabalho nacional pode depender em boa parte da criação dessa rede de escolas técnicas elementares. "

Identificação das fontes Doc. 3 – In Debate, na generalidade, acerca da proposta de lei relativa ao Plano de Fomento Nacional, in Diário das Sessões, n.º 173, 5 de dezembro de 1952 (adaptado) Doc. 4 – In Debate, na generalidade, acerca da proposta de lei relativa ao Plano de Fomento Nacional, in Diário das Sessões, n.º 174, 6 de dezembro de 1952 (adaptado)

NEP: Nova Política Económica

Comércio em Petrogrado, no período da Nova Política Económica (NEP)


O proprietário Nikolai Vlasov e a esposa, no automóvel, em frente do seu estabelecimento comercial. Entre as janelas pode ler-se, repetidamente, «ДЕШЕВО» – «É barato».

 
Doc. 2 – In www.online812.ru (consultado em 06/02/2012) (adaptado)

NEP:Nova Política Económica

 -Em fevereiro de 1921, o Congresso dos Sovietes autorizou Lenine a inverter a marcha da Revolução
-O comunismo de guerra cedeu o lugar á Nova Política Económica (NEP), um recuo estratégico que recorreu ao capitalismo.
-Uma classe de camponeses abastados –os KULAKS
-Pequenos comerciantes abastados –os NEPMEN

As realizações da revolução bolchevique, segundo Lenine (1921)


As realizações da revolução bolchevique, segundo Lenine (1921)
"Fizemos uma obra gigantesca na transformação socialista da sociedade, […] varremos por completo da face da terra russa os latifundiários e todas as suas tradições. […] Lutámos e continuamos a lutar seriamente contra a religião. Demos a todas as nacionalidades não russas as suas próprias repúblicas ou regiões autónomas. Na Rússia não existe já a restrição dos direitos da mulher. […] O regime soviético é o máximo de democracia para os operários e os camponeses e, ao mesmo tempo, significa o aparecimento de um novo tipo de democracia: […] a democracia proletária ou ditadura do proletariado. […] A última tarefa é a construção económica, o lançamento dos alicerces económicos do edifício novo, socialista […]. É nessa tarefa que temos sofrido mais insucessos e cometido mais erros. […] Contávamos que, com imposições diretas do Estado proletário, poderíamos organizar de maneira comunista, num país de pequenos camponeses, a produção estatal e a distribuição estatal dos produtos. A vida mostrou o nosso erro. […] E nós pusemo-nos a estudar uma nova viragem, a «nova política económica». […] O incentivo pessoal eleva a produção; nós necessitamos, antes de mais nada e a todo o custo, de aumentar a produção. "
Identificação da fonte
Doc. 1 – Discurso de Lenine no 4.º aniversário da Revolução de Outubro, in www.marxists.org (consultado em 03/02/2012) (adaptado)

O MUNDO OCIDENTAL NA VIRAGEM DO SÉCULO XX PARA O SÉCULO XXI

O MUNDO OCIDENTAL NA VIRAGEM DO SÉCULO XX PARA O SÉCULO XXI
A Europa e os Estados Unidos da América, segundo Jacques Delors* (2004)

Olhando para os progressos em matéria de investigação e de tecnologia conseguidos pelos EUA [...] e para a fuga de cérebros e de quadros europeus para a América, temos de convir que é absolutamente necessário encontrar, a nível europeu, [...] os impulsos públicos e as cooperações intereuropeias que nos permitam recuperar o atraso. Existe nos EUA, sobretudo na Califórnia, quer se trate de europeus ou de asiáticos, uma espécie de concentração de cérebros e de capacidades inventivas. [...] Em matéria de pesquisa e inovação, [...] [na Europa] é preciso aumentar os recursos nacionais atribuídos a estas áreas e promover uma cooperação mais estreita entre centros de investigação públicos e privados, privilegiando a excelência. [...] No caso do Programa Galileu [programa de localização por satélites], o acordo financeiro foi difícil, mas conseguiu-se. [Quanto à oposição dos EUA,] com a nova administração [de George W. Bush**], as pressões são ainda maiores do que antigamente. Pelo meu lado, tinha-as sentido, e bem, no plano do comércio, no âmbito das disputas comerciais com os EUA. Agora, porém, sente-se uma vontade sistemática de enfraquecer a Europa. [...] Num mundo de estrondo e de fúria, de ameaças terroristas que vêm somar-se a antagonismos seculares, a construção europeia é o único êxito pacífico de envergadura. Existe, portanto, uma estratégia de paz que [...] deu provas no caso da própria União e de várias outras situações bem definidas, como na Irlanda do Norte e em certos territórios da ex-Jugoslávia, nomeadamente, na Bósnia e na Macedónia, depois dos grandes malogros dos anos de 1991 a 1994. Há quem afirme que os EUA querem levar a cabo sem constrangimentos ações destinadas a defender os valores de alcance universal. No limite, isso adquire a forma de um temível maniqueísmo [oposição entre o Bem e o Mal], ou de confusão entre a religião e a política. [...] Devemos fazer sentir as nossas reservas, se não mesmo a nossa firme oposição, a uma visão maniqueísta do mundo. Há que pôr a questão de saber se os Estados Unidos querem verdadeiramente consolidar a Aliança Atlântica ou apenas têm necessidade de aliados ao sabor das circunstâncias [...]. Deveremos deixá-los procurar no mundo inteiro apoios que justifiquem as suas atitudes e apoiá-los financeira ou militarmente consoante o problema que tenham de resolver ou a guerra em que estejam envolvidos? Se querem realmente uma aliança, que clarifiquem também as suas posições! [...] Desejo, pois, que seja retomada a discussão sobre as finalidades da Aliança e sobre os domínios nos quais o «campo da liberdade», como os americanos lhe chamam, poderia dar o exemplo. Estou a pensar nas intervenções humanitárias de que a União Europeia se fez campeã, na luta contra as armas de destruição maciça e, finalmente, no comércio internacional, uma vez que [...] somos obrigados a procurar algo que permita transformar um acordo sobre comércio numa agenda para o desenvolvimento útil envolvendo todos os países. [...] Os europeus enfrentam três grandes tarefas: assegurar a eficácia e a credibilidade económica e social, construir uma Europa que tenha influência no mundo e dotar-se para isso de instituições que facilitem a decisão e a ação.

** Presidente da Comissão Europeia (1985-1995).

** Presidente dos EUA (2001-2009).

Identificação da fonte
Jacques Delors, Memórias, Lisboa, Quetzal Editores, 2004 (adaptado)

DUAS VISÕES DISTINTAS SOBRE O PREC


Visão de Mário Soares sobre o processo revolucionário em 1974-1975
             (debate televisivo – 6 de novembro de 1975)
O PS tem defendido sempre a posição de que é vital alargar o bloco social de apoio à Revolução. [...] É necessário que os três maiores partidos do país, que têm estado desde o princípio associados ao processo iniciado com o 25 de Abril – o PS, o PPD e o PCP –, se mantenham ligados através de um projeto comum que vise a instauração da democracia em Portugal. [...] Depois do 25 de Abril, os comunistas foram recebidos de braços abertos por toda a parte. [...] Mas quando se viu a sua atuação prática, [...] incapazes de dialogar, incapazes de respeitar as regras da democracia, começou-se a gerar um grande antagonismo na população portuguesa. [...] O PS é um partido de esquerda, quer instaurar em Portugal uma sociedade socialista, uma sociedade sem classes, mas em liberdade, respeitando os direitos do homem, através da democracia e do consenso maioritário. E o PC deu provas, durante estes meses, de que quer transformar este país numa ditadura. [...] Sempre que o PC teve a possibilidade de se infiltrar, de uma maneira ou de outra, em órgãos de comunicação social, procedeu de maneira a esmagar todas as outras correntes de opinião e a fazer uma verdadeira manipulação da informação. [...] Temos de fazer com que os meios de imprensa, sobretudo aqueles que são estatizados, estejam abertos a toda a gente. [...] Nós somos partidários da Reforma Agrária! [...] Mas nós não queremos desorganizar a produção. [...] As expropriações quase nunca foram feitas por trabalhadores [...]; venderam os gados de qualquer maneira, venderam as alfaias agrícolas [...]. Vamos porventura assistir a esta situação: o produto agrícola anual era muito baixo em Portugal e temo que não vá aumentar este ano e, pelo contrário, vá diminuir.

Visão de Álvaro Cunhal sobre o processo revolucionário em 1974-1975
              (debate televisivo – 6 de novembro de 1975)
A Revolução portuguesa faz-se fundamentalmente em benefício das classes trabalhadoras [...]. A nossa responsabilidade histórica como partido da classe operária é em relação aos trabalhadores portugueses, à classe operária e às camadas laboriosas. [...] O PS tem neste momento uma grande responsabilidade histórica: ou vai com as forças progressistas, com as forças de esquerda, com as forças da Revolução, ou continua essa aliança com a direita. [...] O Partido Comunista, em todos os momentos capitais da defesa das liberdades em Portugal, antes e depois do 25 de Abril, tem mostrado o seu apego às liberdades [...]. Em Portugal, o ódio aos comunistas está a ser semeado em todo o lado. Não me consta que nos comícios do Partido Comunista se peça a morte dos socialistas e tão-pouco se vê, depois de uma manifestação do Partido Comunista, saírem homens com umas mechas e uns cocktails molotov para incendiarem as sedes do Partido Socialista. [...] O PS quer liberdades, mas socialismo é que não quer. [...] Nós queremos um Portugal democrático, e é em amplas liberdades democráticas que temos de realizar as reformas sociais, políticas e económicas que abram caminho para o socialismo. Portanto, não queremos a instauração de um regime unipartidário. [...] Mas o PS parece [...] querer um regime de democracia burguesa, que continuaria a ter o domínio dos monopólios ou do grande capital e dos agrários. [...] Um dos méritos da Revolução portuguesa foi a política de descolonização. No fundamental, a independência dos povos da Guiné-Bissau, de Moçambique, de Cabo Verde e de São Tomé e Príncipe foi o resultado da luta corajosa e heroica desses povos pela sua liberdade e pela sua independência. [...] Não vemos imparcialidade [...] nos sectores de informação do Estado onde o PS tem tido cargos proeminentes. [...] [Quanto à Reforma Agrária,] temos toda uma obra criadora e de transformação e diz-se que estão a desorganizar a produção agrícola. [...] Ninguém pode pôr em causa o espírito de sacrifício, o trabalho criador dos trabalhadores alentejanos na transformação dessa agricultura atrasada, rudimentar, de miséria, de desemprego, numa nova agricultura que, em algumas regiões, [...] já resolveu problemas como o desemprego [...], e a produção aumentou consideravelmente.

Doc. 2 – Visão de Mário Soares sobre o processo revolucionário em 1974-1975 (debate televisivo – 6 de novembro de 1975)

Doc. 3 – Visão de Álvaro Cunhal sobre o processo revolucionário em 1974-1975 (debate televisivo – 6 de novembro de 1975)

Doc. 2 – In Diário de Lisboa, 8 de novembro de 1975 (adaptado)
Doc. 3 – In Diário de Lisboa, 8 de novembro de 1975 (adaptado

A EUROPA APÓS A PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL


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