Documento 1
É uma visão idílica imaginar que o Mercado Comum é uma associação de países ricos filantrópicos prontos a «ajudar» os países mais atrasados.
[…] Os países do Mercado Comum defendem os seus interesses próprios e a esses interesses estão prontos a sacrificar os interesses dos outros países.
Quando defendem ou admitem o alargamento do Mercado Comum a Portugal, Espanha e Grécia, não é para ajudarem os países que estão fora, mas para que a entrada desses países sirva os interesses dos nove que já lá estão dentro.
[…] Procuram apresentar o Mercado Comum como uma zona de desenvolvimento, de progresso, de bem-estar e de pleno emprego. Em vez de desenvolvimento harmonioso, equilibrado e progressivo, acentua-se a desigualdade do desenvolvimento, a estagnação, a recessão em importantes sectores e a queda progressiva da taxa de desenvolvimento geral. […] Com os problemas existentes no Mercado Comum, a integração de Portugal faria pesar sobre o nosso país numerosos fatores da crise […].
O Mercado Comum procuraria fazer estagnar, submeter, absorver ou liquidar sectores da economia portuguesa concorrentes com os sectores em crise no Mercado Comum [...] e procuraria apropriar-se dos recursos portugueses. Uma tal associação em termos de desigualdade e sem reciprocidade de vantagens não interessa a Portugal. Por isso mesmo estamos contra.
[…] Nós, comunistas, não aceitamos que as decisões acerca dos problemas nacionais caibam ao imperialismo, caibam ao estrangeiro. Quanto mais se aprofunda o estudo e a análise, mais se fortalece a certeza de que a integração de Portugal […] representaria a […] restauração dos monopólios.
Documento 2
Para Portugal, a adesão à CEE representa uma opção fundamental por um futuro de progresso e de modernidade. Mas não se pense que seja uma opção de facilidade.
Exige muito dos portugueses, embora lhes abra simultaneamente largas perspetivas de desenvolvimento.
Por outro lado, constitui a consequência natural do processo de democratização da sociedade portuguesa, iniciado com a Revolução dos Cravos, em 25 de Abril de 1974, e igualmente da descolonização que se lhe seguiu, feita com atraso de vinte anos em relação aos outros países europeus [...].
A tarefa primordial que nos ocupará a partir de agora será a de reduzirmos cada vez mais a distância que ainda nos separa dos países desenvolvidos da Europa, criando para os portugueses padrões de vida e de bem-estar verdadeiramente europeus.
[…] Principais beneficiários da integração europeia, os jovens terão agora de saber mobilizar-se para a grande tarefa nacional do desenvolvimento e da modernização, por forma a que Portugal venha a ser não só terra de liberdade, de convivência cívica e de tolerância, mas também um espaço de prosperidade, de desenvolvimento científico e tecnológico e de justiça social.
Honro-me de ter sido quem assinou, em nome do governo da República, o pedido de adesão de Portugal à CEE, em março de 1977.
[…] Nas mãos […] de todos os portugueses […] está o futuro de Portugal, para cuja construção não faltarão, a partir de agora, os estímulos e as ajudas necessárias. Não estamos mais isolados. A solidariedade europeia não nos faltará, como hoje aqui ficou comprovado com a presença de qualificados representantes de todos os Estados da Comunidade.
A opção europeia – perspetiva de Álvaro Cunhal (1980)
É uma visão idílica imaginar que o Mercado Comum é uma associação de países ricos filantrópicos prontos a «ajudar» os países mais atrasados.
[…] Os países do Mercado Comum defendem os seus interesses próprios e a esses interesses estão prontos a sacrificar os interesses dos outros países.
Quando defendem ou admitem o alargamento do Mercado Comum a Portugal, Espanha e Grécia, não é para ajudarem os países que estão fora, mas para que a entrada desses países sirva os interesses dos nove que já lá estão dentro.
[…] Procuram apresentar o Mercado Comum como uma zona de desenvolvimento, de progresso, de bem-estar e de pleno emprego. Em vez de desenvolvimento harmonioso, equilibrado e progressivo, acentua-se a desigualdade do desenvolvimento, a estagnação, a recessão em importantes sectores e a queda progressiva da taxa de desenvolvimento geral. […] Com os problemas existentes no Mercado Comum, a integração de Portugal faria pesar sobre o nosso país numerosos fatores da crise […].
O Mercado Comum procuraria fazer estagnar, submeter, absorver ou liquidar sectores da economia portuguesa concorrentes com os sectores em crise no Mercado Comum [...] e procuraria apropriar-se dos recursos portugueses. Uma tal associação em termos de desigualdade e sem reciprocidade de vantagens não interessa a Portugal. Por isso mesmo estamos contra.
[…] Nós, comunistas, não aceitamos que as decisões acerca dos problemas nacionais caibam ao imperialismo, caibam ao estrangeiro. Quanto mais se aprofunda o estudo e a análise, mais se fortalece a certeza de que a integração de Portugal […] representaria a […] restauração dos monopólios.
Documento 2
A opção europeia – perspetiva de Mário Soares (1985)
Para Portugal, a adesão à CEE representa uma opção fundamental por um futuro de progresso e de modernidade. Mas não se pense que seja uma opção de facilidade.
Exige muito dos portugueses, embora lhes abra simultaneamente largas perspetivas de desenvolvimento.
Por outro lado, constitui a consequência natural do processo de democratização da sociedade portuguesa, iniciado com a Revolução dos Cravos, em 25 de Abril de 1974, e igualmente da descolonização que se lhe seguiu, feita com atraso de vinte anos em relação aos outros países europeus [...].
A tarefa primordial que nos ocupará a partir de agora será a de reduzirmos cada vez mais a distância que ainda nos separa dos países desenvolvidos da Europa, criando para os portugueses padrões de vida e de bem-estar verdadeiramente europeus.
[…] Principais beneficiários da integração europeia, os jovens terão agora de saber mobilizar-se para a grande tarefa nacional do desenvolvimento e da modernização, por forma a que Portugal venha a ser não só terra de liberdade, de convivência cívica e de tolerância, mas também um espaço de prosperidade, de desenvolvimento científico e tecnológico e de justiça social.
Honro-me de ter sido quem assinou, em nome do governo da República, o pedido de adesão de Portugal à CEE, em março de 1977.
[…] Nas mãos […] de todos os portugueses […] está o futuro de Portugal, para cuja construção não faltarão, a partir de agora, os estímulos e as ajudas necessárias. Não estamos mais isolados. A solidariedade europeia não nos faltará, como hoje aqui ficou comprovado com a presença de qualificados representantes de todos os Estados da Comunidade.
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