O canto da Mocidade, texto de Odette de Saint-Maurice, ilustrações de Mário Costa, Empresa Nacional de Publicidade, 1938 |
Ao longe, no cimo da ermidinha* singela, tocavam os sinos com suavidade… Chico, docemente, rezou a Ave- -Maria […].
[Anos mais tarde, já casado e com filhos, Francisco contava-lhes à hora da sesta:] – A seguir àquela noite em que eu dissera ao tio Manuel querer ir para o Brasil, do que ele me demoveu logo, pensei em vir para o Alentejo. […]
E fizeram-se estas coisas grandiosas! […] Arrotearam-se, lavraram-se os campos, deu-se trabalho a milhares de braços. […]
A terra, abençoada por Deus, retribui-nos em duplicado o que lhe entregamos […].
Acabara a sesta. O pessoal, alegre e bem-disposto, voltava para o trabalho. A esposa, acompanhada das crianças, regressou a casa. Francisco ergueu-se. Ia para a labuta também.
Vendo-o ir, a assobiar uma cançoneta, o tio Manuel murmurou: – Abençoado seja aquele que sonhou um dia este sonho divino… Abençoados todos aqueles que deram o seu esforço, por mais humilde, para que o Portugal de hoje seja um Portugal tão grande ou maior do que aquele que ensinou ao mundo que o mar não era um abismo…
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Capela
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