Depois da Revolução Cultural de 1966-69, idealizada e protagonizada por Mao Zedong, com o objetivo de mobilizar a China para a pureza ideológica e revolucionária empreendida na década de 50 do século XX.
Brutal e purgatória, reforçou a ortodoxia do regime, que se manteve intocável até 1976, quando Mao morre, abrindo a luta pela liderança da China.
É então que surge a linha dura da herança maoísta, da ortodoxia, corporizada no chamado "Bando dos Quatro" - no qual se destacava Chiang Ching, viúva de Mao - em oposição a uma corrente mais modernista e reformista, principalmente no aspeto económico, personificada por Deng Xiaoping, que se viu, entretanto, afastado até 1978.
A Mao sucedeu um líder de transição, sem capacidade política, porém, Hua Kuo-Feng, controlado pela burocracia do PC Chinês e pelo exército, os quais recuperaram o poder perdido durante a Revolução Cultural. Hua conseguiu, no entanto, lançar algumas bases de modernização económica e algumas reformas. Depois, em 1978, começou a revolta palaciana de Deng Xiaoping, que dará novo ânimo às correntes reformistas e modernistas chinesas, aproximando o país da economia de mercado e eliminando os últimos núcleos maoístas do governo e do partido.
O intocável princípio socialista da propriedade estatal dos meios de produção não foi no entanto alterado por Deng, apesar da rápida abertura da China às empresas estrangeiras e ao diálogo com os EUA, iniciados em 1979, um ano antes do processo que o governo interpôs ao "Bando dos Quatro".
De uma forma repentina, o "Grande Timoneiro" Mao praticamente desaparecia da sociedade e da política chinesas. O igualitarismo maoísta era já uma recordação, suplantado que era cada vez mais pela iniciativa e sucesso individuais entre os chineses, tutelados pelo reformista Zhao Ziyang, que em menos de uma década guindou a China a potência da economia de mercado.
As chamadas "quatro modernizações" (agricultura, indústria, defesa nacional, ciência/tecnologia) guindaram a China para esse estatuto, embora sem alterações de natureza política e ideológica, a chamada "quinta modernização" reivindicada por
setores do PC Chinês e da sociedade, como o astrofísico Fang Zhi-Li. Depois da explosão económica da primeira metade dos anos 80, chegariam os problemas da economia de mercado: inflação, desemprego, greves, tensão política, corrupção, êxodo rural, desigualdades sociais crescentes. A organização central chinesa conhecia os primeiros abalos desde a abertura ao capitalismo, o que reforçou a política de férreo controlo do poder por parte do governo de Pequim.
Hu Yaobang, delfim de Deng e reformista, foi afastado do poder em 1987, substituído por Zhao Ziyang, que salvou as reformas económicas.
Todavia, a chegada do conservador Li Peng à chefia do governo trouxe ventos de imobilismo político, aos que somou o congelamento da maior parte das reformas económicas de Deng.
Clamavam-se reformas políticas, democráticas, principalmente entre os intelectuais e meios estudantis, mas Pequim não cedia: neste contexto, explodiu a repressão governamental aos estudantes em Tiananmen, na primavera de Pequim de 1989, depois da misteriosa morte do ícone reformista chinês, Hu Yaobang.
Mil mortos e dezenas de milhares de feridos, a lei marcial e as execuções sem fim foram o resultado do medo de Deng em perigar o regime e as reformas por si iniciadas, mantendo a contradição chinesa entre dogmatismo político e abertura económica em aceso antagonismo.
Deng responderia em 1992 com a "economia socialista de mercado da China".
Um país, dois sistemas, amplas contradições, um caldo chinês que foi acentuado ainda mais nos anos 90, depois do fim da URSS e a falência dos regimes comunistas e a imparável globalização económica mundial. Mas o boom chinês ainda estava para vir: entre 1993 e 1994, o socialismo capitalista da China produziu o maior crescimento económico jamais visto, 13%!
O maior PIB do mundo registado na época.
Suplantando o Japão, a China tornou-se na maior potência económica da Ásia e uma das maiores do mundo.
Um mundo que pressiona cada vez mais a China a obter iguais resultados em termos de evolução democrática, sem que se consiga derreter o gelo de Pequim.
Mas a inflação atingiria também cifras incríveis, como a de 25% em 1994. Deng morreria em 1997, quando o mundo hesitava, como hoje, em afrontar politicamente a China ou unir-se-lhe economicamente.
Sucedeu-lhe um seu discípulo, Jiang Zemin, adepto também da transição chinesa para o capitalismo, mas sem propósito modernistas do ponto de vista político.
Deng morreu sem ver cumprido um dos desígnios do socialismo capitalista chinês: a incorporação de Hong Kong na República Popular da China (que ocorreria a 1 de julho de 1997), bem como de Macau (18 de dezembro de 1999), reforçando a modernidade socialista da China.
O capitalismo era a partir dessas incorporações territoriais parte integrante do país.
Na China passa a mandar cada vez mais o dinheiro, já não a honra, a dignidade e a virtudes (jen) confucianas, símbolos da respeitabilidade e honorabilidade dos chineses desde havia mais de 2500 anos.
O século XXI tornou-se na centúria da abertura total da economia da China e da sua modernização, a baixo custo de produção e crescente exportação e investimento no exterior.
Muitas empresas públicas chinesas foram transformadas em sociedades por ações, alvos de exponencial investimento estrangeiro.
Oficialmente, porém, os princípios socialistas do marxismo-leninismo em versão chinesa mantêm-se monolíticos, apesar de algumas tímidas reformas.
Em 2015, porém, prevê-se, ao ritmo atual, que a China seja já a maior economia do mundo, poucas dezenas de anos depois da morte do Grande Timoneiro, Mao Zedong.
É então que surge a linha dura da herança maoísta, da ortodoxia, corporizada no chamado "Bando dos Quatro" - no qual se destacava Chiang Ching, viúva de Mao - em oposição a uma corrente mais modernista e reformista, principalmente no aspeto económico, personificada por Deng Xiaoping, que se viu, entretanto, afastado até 1978.
A Mao sucedeu um líder de transição, sem capacidade política, porém, Hua Kuo-Feng, controlado pela burocracia do PC Chinês e pelo exército, os quais recuperaram o poder perdido durante a Revolução Cultural. Hua conseguiu, no entanto, lançar algumas bases de modernização económica e algumas reformas. Depois, em 1978, começou a revolta palaciana de Deng Xiaoping, que dará novo ânimo às correntes reformistas e modernistas chinesas, aproximando o país da economia de mercado e eliminando os últimos núcleos maoístas do governo e do partido.
Deng Xiaoping |
De uma forma repentina, o "Grande Timoneiro" Mao praticamente desaparecia da sociedade e da política chinesas. O igualitarismo maoísta era já uma recordação, suplantado que era cada vez mais pela iniciativa e sucesso individuais entre os chineses, tutelados pelo reformista Zhao Ziyang, que em menos de uma década guindou a China a potência da economia de mercado.
As chamadas "quatro modernizações" (agricultura, indústria, defesa nacional, ciência/tecnologia) guindaram a China para esse estatuto, embora sem alterações de natureza política e ideológica, a chamada "quinta modernização" reivindicada por
setores do PC Chinês e da sociedade, como o astrofísico Fang Zhi-Li. Depois da explosão económica da primeira metade dos anos 80, chegariam os problemas da economia de mercado: inflação, desemprego, greves, tensão política, corrupção, êxodo rural, desigualdades sociais crescentes. A organização central chinesa conhecia os primeiros abalos desde a abertura ao capitalismo, o que reforçou a política de férreo controlo do poder por parte do governo de Pequim.
Hu Yaobang, delfim de Deng e reformista, foi afastado do poder em 1987, substituído por Zhao Ziyang, que salvou as reformas económicas.
Todavia, a chegada do conservador Li Peng à chefia do governo trouxe ventos de imobilismo político, aos que somou o congelamento da maior parte das reformas económicas de Deng.
Clamavam-se reformas políticas, democráticas, principalmente entre os intelectuais e meios estudantis, mas Pequim não cedia: neste contexto, explodiu a repressão governamental aos estudantes em Tiananmen, na primavera de Pequim de 1989, depois da misteriosa morte do ícone reformista chinês, Hu Yaobang.
Mil mortos e dezenas de milhares de feridos, a lei marcial e as execuções sem fim foram o resultado do medo de Deng em perigar o regime e as reformas por si iniciadas, mantendo a contradição chinesa entre dogmatismo político e abertura económica em aceso antagonismo.
Deng responderia em 1992 com a "economia socialista de mercado da China".
Um país, dois sistemas, amplas contradições, um caldo chinês que foi acentuado ainda mais nos anos 90, depois do fim da URSS e a falência dos regimes comunistas e a imparável globalização económica mundial. Mas o boom chinês ainda estava para vir: entre 1993 e 1994, o socialismo capitalista da China produziu o maior crescimento económico jamais visto, 13%!
O maior PIB do mundo registado na época.
Suplantando o Japão, a China tornou-se na maior potência económica da Ásia e uma das maiores do mundo.
Um mundo que pressiona cada vez mais a China a obter iguais resultados em termos de evolução democrática, sem que se consiga derreter o gelo de Pequim.
Mas a inflação atingiria também cifras incríveis, como a de 25% em 1994. Deng morreria em 1997, quando o mundo hesitava, como hoje, em afrontar politicamente a China ou unir-se-lhe economicamente.
Sucedeu-lhe um seu discípulo, Jiang Zemin, adepto também da transição chinesa para o capitalismo, mas sem propósito modernistas do ponto de vista político.
Deng morreu sem ver cumprido um dos desígnios do socialismo capitalista chinês: a incorporação de Hong Kong na República Popular da China (que ocorreria a 1 de julho de 1997), bem como de Macau (18 de dezembro de 1999), reforçando a modernidade socialista da China.
O capitalismo era a partir dessas incorporações territoriais parte integrante do país.
Na China passa a mandar cada vez mais o dinheiro, já não a honra, a dignidade e a virtudes (jen) confucianas, símbolos da respeitabilidade e honorabilidade dos chineses desde havia mais de 2500 anos.
O século XXI tornou-se na centúria da abertura total da economia da China e da sua modernização, a baixo custo de produção e crescente exportação e investimento no exterior.
Muitas empresas públicas chinesas foram transformadas em sociedades por ações, alvos de exponencial investimento estrangeiro.
Oficialmente, porém, os princípios socialistas do marxismo-leninismo em versão chinesa mantêm-se monolíticos, apesar de algumas tímidas reformas.
Em 2015, porém, prevê-se, ao ritmo atual, que a China seja já a maior economia do mundo, poucas dezenas de anos depois da morte do Grande Timoneiro, Mao Zedong.
Sem comentários:
Enviar um comentário