HISTÓRIA 12 A: Curso Científico - Humanístico Línguas e Humanidades ------ Marc Bloch define a História como a “Ciência dos homens, no tempo” uma vez que estuda os homens, sua produção e suas relações sociais, políticas, económicas e culturais num determinado espaço e tempo.
sábado, 25 de maio de 2013
Auschwitz
"Em Auschwitz, pelo menos dois milhões e meio de pessoas foram mortas nas câmaras de gás e outro meio milhão morreu de fome e doenças. (...)
Lá trabalhavam dois médicos das S.S. que examinavam todos os que chegavam ao campo. (...) Os aptos para o trabalho ficavam no campo, os outros eram enviados para as câmaras. As crianças de pouca idade eram sempre enviadas para a morte, visto que não podiam trabalhar. Queríamos que toda a acção fosse mantida em segredo, mas o cheiro originado pela incineração dos cadáveres inundava toda a região."
Declaração de Rudolf Franz Hoss no Julgamento de Nuremberga, 1946
Portugal: a herança histórica e os novos desafios
"Somos livres, mais democráticos do que 1974? Certamente que sim. Sê-lo-emos, e em que campos, mais do que o depois da entrada na Europa e a na União Monetária? Conhecendo melhor a nossa sociedade, os nossos direitos e obrigações políticas, poderemos afirmar que o povo português interiorizou na sua prática política aquelas regras mínimas que definem a democracia (regras de liberdade, de igualdade, de justiça)? Resposta é, mais uma vez, “sim”. Porem, qualquer coisa nos deixa irremediavelmente insatisfeitos. “Sim, sim”, mas… é como se o ganho em democracia ou em conhecimento da democracia que alcançamos sofresse de uma falha essencial. (...)
Gostaria de insistir num ponto: o legado do medo que nos deixou a ditadura não abrange apenas o plano político. Aliás, a diferença com o passado é que o medo continua nos corpos e nos espíritos, mas já não se sente. (…)
Por exemplo, o direito à cultura e ao conhecimento ainda não chegou ao sentimento da população portuguesa. (...)
Numa palavra. O Portugal democrático de hoje é ainda uma sociedade de medo. É o medo que impede a crítica. (...)
Portugal conhece uma democracia com baixo grau de cidadania e liberdade. (...) Dito de outro modo: estamos longe de expressar, de explorar e portanto de conhecer e de reivindicar os nossos direitos cívicos e sociais de cidadania, ou seja, a nossa liberdade de opinião, o direito à justiça, as múltiplas liberdades e direitos individuais no campo social. (...)
Digamos que o velho Portugal rural e pré-industrial fechado sobre o seu império colonial pertencia a categoria das sociedades disciplinares com as suas instituições correspondentes (escola, prisão, fábrica, exército, Estado autoritário, etc.) A entrada de Portugal na Europa leva-o na direcção das sociedades de controlo.
Como consequência desta tensão, os hábitos de obediência e submissão que os portugueses trouxeram do autoritarismo salazarista mal começaram a desintegrar-se foram logo apanhados pelas tecnologias de controlo que surgiram. (...) É, aliás, o que os discursos político, económicos, social, cultural das instituições e dos media não cessam de nos dizer. Não há outra vias (politicas, económicas, sociais), não há outra maneira de viver, de educar, de instruir, de tratar, de organizar o lazer, de viajar, de se divertir, de amar. A abertura à Europa e ao mundo oferece-nos nesta sociedade normalizada a tecnociência ao serviço da globalização. "
José Gil, Portugal, Hoje. O medo de existir, Relógio d’Água, Lisboa, 2004
José Gil, Portugal, Hoje. O medo de existir, Relógio d’Água, Lisboa, 2004
FASCISMO: O lado negro
"Foi a falta de integridade moral e, sobretudo, a sobrestimação do próprio poder pelos conservadores que permitiram aos nacionais-socialistas aceder ao poder, a que nunca renunciariam. Não podiam renunciar porque a única razão da sua existência era o poder pelo poder e o alimentar pelo ressentimento. A frustração leva ao ressentimento, o ressentimento à violência, e a violência a mais violência.
É isso que a história nos ensina e, infelizmente, a natureza humana não mudou. A existência das instituições que deviam proteger-nos depende exclusivamente da confianças que os cidadãos lhes concedem. Quando se entrega o poder a demagogos e charlatães, que usam os mass media para cultivar a crença de que esse líder, o político que pretende ser contra a política, é a única pessoa capaz de salvar o país, as instituições constitucionais e democráticas desaparecem tão depressa como a confiança nas autoridades porque já ninguém acredita nela. "
Rob Riemen, O Eterno retorno do Fascismo, p. 71
Módulo VII - A Grande Crise do Capitalismo nos anos 30
Da depressão económica à 2.ª Guerra Mundial
Conteúdos
Módulo VII - A Grande Crise do Capitalismo nos anos 30
A grande crise do capitalismo
A intervenção do Estado na economia
Regimes ditatoriais na Europa
Os regimes fascista e nazi
Portugal: a ditadura salazarista
A era estalinista na URSS
A 2.ª Guerra Mundial
O desenvolvimento do conflito
Os caminhos da paz
Aprendizagens relevantes
Descrever o crash da Bolsa de Nova Iorque de 1929.
Explicar a crise de 1929 nos Estados Unidos e as suas características.
Explicar a mundialização da crise de 1929.
Identificar as principais consequências sociais decorrentes da crise.
Distingue as principais medidas adoptadas pelo New Deal, nos Estados Unidos da América.
Explicar o avanço dos regimes autoritários na Europa.
Caraterizar o regime fascista e nazi quanto aos seus princípios e formas de actuação.
Caraterizar o modelo de desenvolvimento económico estalinista.
Descrever a violência totalitária do Estado Soviético.
Referir os acontecimentos que conduziram à formação do Estado Novo.
Conhecer a nova Constituição do país. Enumerar formas de repressão e propaganda do Estado Novo. Descrever a sua organização corporativa.
Caraterizar o colonialismo português.
Relacionar o início da II Guerra Mundial com o expansionismo das ditaduras.
Conteúdos
Módulo VII - A Grande Crise do Capitalismo nos anos 30
A grande crise do capitalismo
A intervenção do Estado na economia
Regimes ditatoriais na Europa
Os regimes fascista e nazi
Portugal: a ditadura salazarista
A era estalinista na URSS
A 2.ª Guerra Mundial
O desenvolvimento do conflito
Os caminhos da paz
Aprendizagens relevantes
Descrever o crash da Bolsa de Nova Iorque de 1929.
Explicar a crise de 1929 nos Estados Unidos e as suas características.
Explicar a mundialização da crise de 1929.
Identificar as principais consequências sociais decorrentes da crise.
Distingue as principais medidas adoptadas pelo New Deal, nos Estados Unidos da América.
Explicar o avanço dos regimes autoritários na Europa.
Caraterizar o regime fascista e nazi quanto aos seus princípios e formas de actuação.
Caraterizar o modelo de desenvolvimento económico estalinista.
Descrever a violência totalitária do Estado Soviético.
Referir os acontecimentos que conduziram à formação do Estado Novo.
Conhecer a nova Constituição do país. Enumerar formas de repressão e propaganda do Estado Novo. Descrever a sua organização corporativa.
Caraterizar o colonialismo português.
Relacionar o início da II Guerra Mundial com o expansionismo das ditaduras.
O agravamento da instabilidade política
"Nesse dia, poucos deputados compareceram na Câmara. (...) Nos homens, nenhum aprumo de vestuário, nem de atitudes, nem de expressão. na imagem brumosa que me ficou da Câmara, destaca-se um vulto de sobretudo alvadio, todo aspapaçado sobre o seu banco, com a expressão de tédio de um borguista mole, extenuado, no morrer sonolento de alguma orgia. De perna estendida com ar de enjoo, encara de pálpebras semicerradas os seus colegas legisladores, dos quais alguns se mantém sentados, outros de pé ou deambulando, muitos a falar do que lhes apetece e a abafar a voz do orador que ora e que ninguém ouve, nem quer ouvir, nem se sabe onde está, nem o que é que nos diz."
António Sérgio, Ensaios III
António Sérgio, Ensaios III
A falência da Primeira República
"O País não produzia nem a metade do necessário para o seu consumo. (...) E foi assim, nestas condições, sem agricultura, sem indústria, sem navegação, que a Guerra veio surpreender Portugal. E foi sob um regime de salário baixíssimo e de um custo de vida exorbitante (...) que nós, operários, nos encontrávamos."
Movimento Operário perante a Guerra e as Condições de Paz, União Operária Nacional, em 1917
Movimento Operário perante a Guerra e as Condições de Paz, União Operária Nacional, em 1917
A Grande Depressão dos anos 30
"Era o fim do mundo para um povo que tinha apostado tudo na riqueza. As indústrias, equipadas para grandes produções, não encontravam compradores. O número de desempregados subia. (...) Mas, quando as pessoas cessaram as suas compras, então o desemprego aumentou em progressão geométrica, devido à baixa dos preços, à falta de confiança, ao crash de Wall Street. "
André Maurois, 1933 - Chantiers Américains, Paris
André Maurois, 1933 - Chantiers Américains, Paris
O Fascismo
" Para o fascismo, o Estado é absoluto: perante ele os indivíduos e os grupos não são mais que o relativo. Tudo no Estado, nada contra o Estado, nada fora do Estado. (...) O indivíduo só existe enquanto está no Estado: está subordinado às necessidades do Estado e, à medida que a civilização toma formas cada vez mais complexas, a liberdade do indivíduo restringe-se sempre mais. (...) Neste sentido, o fascismo é totalitário (...). Nem partidos, associações, sindicatos nem indivíduos fora do Estado. (...) Nós representamos um princípio novo no Mundo, representamos a antítese nítida, categórica, definitiva da democracia (...). "
Benito Mussolini, O Fascismo, 1931
Benito Mussolini, O Fascismo, 1931
O Nazismo
"A nossa concepção racista não acredita de forma nenhuma na igualdade. Pelo contrário, reconhece que há diversidade nas raças e que o seu valor é mais ou menos elevado. Sente assim a obrigação de favorecer a vitória do melhor e do mais forte, de exigir a subordinação dos piores e dos mais fracos. (...)
A concepção racista corresponde à vontade mais profunda da natureza ao restabelecer o progresso pela selecção. (...)
O Judeu não tem mínima capacidade para criar uma civilização (...). A sua inteligência nunca servirá para construir, mas sim para destruir. (...) "
Adolf Hitler, Mein Kampf, 1925
Adolf Hitler, Mein Kampf, 1925
O Estado Novo
"Todos sabem de onde vimos – de uma das maiores desorganizações que em Portugal se devem ter verificado na economia, nas finanças, na política, na administração pública. (…)
Não há Estado forte onde o Poder Executivo o não é, e o enfraquecimento deste é a característica geral dos regimes políticos dominados pelo liberalismo individualista ou socialista, pelo espírito partidário e pelos excessos e desordens do parlamentarismo. (...) "
Salazar, Discurso de 30 de Julho de 1930
Salazar, Discurso de 30 de Julho de 1930
O Estalinismo
"O camarada Estaline, ao converter-se em secretário-geral concentrou nas suas mãos um enorme poder; e eu não estou seguro de que use sempre esse poder com a cautela necessária. (...) Creio que a pressa e o carácter impulsivo de Estaline nas coisas administrativas, junto do seu ressentimento contra o notório "chauvinismo social", desempenharam um papel fatal; o ressentimento sempre desempenha um péssimo papel na política.
Estaline é demasiado rude e este defeito, que se pode tolerar em nossas relações como comunistas, é inaceitável no seu Secretariado Geral. Portanto, proponho aos camaradas que tratem de encontrar a maneira de retirar Estaline deste cargo e substituí-lo por outro que seja superior a Estaline em todos os aspectos, quer dizer, mais paciente, mais leal, mais cortês, mais atento aos camaradas, menos caprichoso."
Lenine, Carta ao Congresso dos Sovietes, Dezembro de 1922
Lenine, Carta ao Congresso dos Sovietes, Dezembro de 1922
O sobressalto político de 1958
Lisboa, 2 de junho de 1958"
Proclamação de Humberto Delgado
Chegada do General Humberto Delgado à estação de Santa Apolónia, 16 de maio de 1958
A solução para o Ultramar
"Sem os territórios africanos, o país ficará reduzido a um canto sem expressão numa Europa que se agiganta, e sem trunfos potenciais para jogar em favor do seu validamento no concerto das Nações, acabando por ter uma existência meramente formal num quadro político em que a sua real independência ficará de todo comprometida. (...)
Mas não é pela força, nem pela proclamação unilateral de uma verdade, que conseguiremos conservar portugueses os nossos territórios ultramarinos. Por essa via, apenas caminharemos para a desintegração do todo nacional pela amputação violenta e sucessiva das suas parcelas, sem que dessas ruínas algo resulte sobre que construir o futuro. (...)"
António de Spínola, Portugal e o Futuro, Fevereiro de 1974
António de Spínola, Portugal e o Futuro, Fevereiro de 1974
A defesa do Ultramar
"Angola, Moçambique e Guiné são províncias de Portugal. Os seus habitantes pretos ou brancos, são portugueses. As perturbações da ordem interna, as violências lá produzidas, as agressões por guerrilhas vindas do exterior tê de ser reprimidas e repelidas pelos Portugueses. É um dever e uma responsabilidade nossos.
Pois que havíamos de fazer?
À primeira sacudidela dada por selvagens assassinos e violadores, levantar braços em sinal de rendição?
Entregar às fúrias dos terroristas as vidas e fazendas que, sem discriminação de cor e constituindo a maioria esmagadora da população, não se bandeiam com eles? (...)
Por detrás desses grupos, porém, está o apoio de potências estrangeiras que esperam vir a recolher o espólio de uma capitulação de Portugal.
Porque, não tenhamos dúvidas: uma tal negociação equivaleria a capitulação. (...)
Não está a China por detrás da Frelimo? E não estão os movimentos antiportugueses de Angola e da Guiné amparados à URSS (...).
Não podemos abandonar as terras portuguesas do Ultramar e os nossos irmãos que nelas vivem e nelas construíram os seus lares e forjaram os seus destinos."
Discurso de Marcello Caetano, 3 de Julho de 1972
Discurso de Marcello Caetano, 3 de Julho de 1972
A defesa da independência
"Qual a razão dos nossos sacrifícios? Por que motivo o inimigo se mostra tão intransigente e cruel? (...)
Eles dizem que nós somos uma raça inferior e atrasada, como costumes primitivos, um Povo ignorante que deve ser educado pela raça superior e avançada, cheia de bons costumes e de sabedoria. a Constituição portuguesa é civilizar os bárbaros que nós somos. Eles repetem continuamente este argumento, muito embora toda a gente veja que em Portugal há mais de 40% de analfabetos, que a miséria dos camponeses e do povo português é enorme, o seu obscurantismo não é inferior ao nosso e têm tantas ou mais superstições do que nós, embora diferentes."
Samora Machel, Estabelecer o Poder Popular para Servir as Massas, 1974
Samora Machel, Estabelecer o Poder Popular para Servir as Massas, 1974
O isolamento internacional
ASSEMBLEIA-GERAL
"(...) Notando com profunda preocupação que (...) o Governo de Portugal está a intensificar as medidas de repressão e as operações militares contra o povo africano:
1. Reafirma o direito dos povos africanos sob administração portuguesa à liberdade e à independência e reconhece a legitimidade da luta; (...)
3. Apela a todos os Estados (...) que prestem ao povo dos territórios sob administração portuguesa o apoio moral e material necessário à restauração dos seus direitos inalienáveis; (...)
4. Condena a política colonial portuguesa e a sua recusa persistente em acatar as resoluções da Assembleia-Geral e do Conselho de Segurança; (...)
7. Recomenda aos estados-membros para tomarem as seguintes medidas: a) Cortarem ligações diplomáticas e consulares com o Governo de Portugal (...)."Resolução 2107, aprovada na reunião plenária da Assembleia-Geral, 21 de dezembro de 1965
Continuidade e evolução
Marcello Caetano, Discurso de posse como presidente do Conselho de Ministros, em 27 de setembro de 1968
A liberalização fracassada
"Senhor Presidente da Assembleia Nacional, Excelência:
Quando, em 1969, aceitei a candidatura a deputado da Assembleia Nacional, para a qual fui convidado (...), logo dei conhecimento aos meus dirigentes das condições dessa aceitação: a de que ela não implicava o compromisso de apoiar o Governo, e tinha essencialmente como fim pugnar pelas reformas políticas, sociais e económicas assegurando "o exercício efetivo dos direitos e liberdades fundamentais expressos na constituição e na Declaração Universal dos Direitos do Homem.
(...) Já no decurso da atual sessão legislativa foi recusado seguimento, por terem sido havidos como inconvenientes, aos projetos de lei, por mim subscritos, relativos a: "Liberdade de associação"; "Liberdade de reunião"; "Alteração do Código civil" (divórcio de pessoas e bens). (...) Acabo de ter conhecimento de que o meu projeto de lei sobre "Amnistia de crimes políticos e faltas disciplinares" foi reputado "gravemente incoveniente". A sistemática declaração de inconveniência (...) levam-me a concluir à evidência não poder continuar no desempenho do meu mandato sem quebra da minha dignidade, por inexistência do mínimo de condições de atuação política livre e útil. Assim, e através desta declaração pública, renuncio ao mandato de deputado pelo círculo eleitoral do Porto."
Francisco Sá Carneiro, Declaração de renúncia ao cargo de deputado, 1973
Francisco Sá Carneiro, Declaração de renúncia ao cargo de deputado, 1973
A Revolução de Abril
O Movimento das Forças Armadas (...) proclama à Nação a sua intenção de levar a cabo, até à sua completa realização, um programa de salvação do País e de restituição ao povo português das liberdades cívicas de que vem sendo privado. Para o efeito, entrega o governo a uma Junta de Salvação Nacional a quem exige o compromisso de (...) promover eleições gerais para uma Assembleia Nacional Constituinte, cujos poderes, por sua representatividade e liberdade na eleição, permitam ao País escolher livremente a sua forma de vida social e política. (...)
A Junta de Salvação Nacional decretará: a extinção imediata da DGS, Legião Portuguesa e organizações políticas da juventude (...); a amnistia imediata a todos os presos políticos (...); a abolição da censura e exame prévio. (...)
Do Programa do MFA - Movimentos das Forças Armadas, 1974
Do Programa do MFA - Movimentos das Forças Armadas, 1974
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