sábado, 1 de setembro de 2012

MÓDULO 7: RESUMOS

- A geografia política após a 1ª. Guerra Mundial
 As ambições territoriais dos impérios e o seu desrespeito para com as nacionalidades conduziram a um clima de antagonismos, responsável pela I Guerra Mundial: a França não perdoava a perda da Alsácia-Lorena para a Alemanha e a Rússia necessitava de uma saída para o Mediterrâneo na Península Balcânica, só possível pela protecção dos eslavos oprimidos pelo Imperador Austro-húngaro.
 Logo, os Balcãs eram dinamite pronto a explodir, o que aconteceu de facto, com o assassinato de Serajevo, em 28 de Junho de 1914, que vitimou, pela mão de um nacionalista sérvio da Bósnia-Herzegovina, anexada em 1908, Francisco Fernando e sua esposa, herdeiros do trono da Áustria-Hungria. E, assim, começa a I Guerra Mundial: de um lado a Tríplice Aliança (Alemanha e Áustria-Hungria) e de outro a Tríplice Entente (França, Rússia e Grã-Bretanha).
 Quando o conflito terminou, em Novembro de 1918, os impérios europeus estavam condenados ao desmembramento: um ano antes, na Rússia, o czar tinha sido deposto, com a Revolução de Fevereiro; no mesmo ano, a Revolução de Outubro do movimento bolchevique fez a paz separada com a Alemanha, abdicando da Finlândia, da Polónia, da Ucrânia e das províncias bálticas (Estónia, Letónia e Lituânia), e proclamou o direito à autonomia das nacionalidades do ex-Império russo; na Alemanha e na Áustria, aquando da assinatura do armistício, levantamentos políticos levaram à abdicação dos respectivos imperadores e proclamaram-se repúblicas democráticas, sendo o destino dos povos subjugados traçado de imediato na Conferência da Paz e nos tratados impostos aos vencidos, entre 1919 e 1920.
 Deste modo, uma nova ordem internacional nascia, assente no direito dos povos a disporem de si próprios e no respeito pelos seus Estados soberanos, nas autonomias, e na democracia que progressivamente evoluía.
 A Sociedade das Nações
 A Sociedade das Nações, também conhecida como Liga das Nações, foi uma organização internacional, a princípio idealizada em Janeiro de 1919, em Versalhes.
Inicialmente, as potências vencedoras do conflito da Primeira Guerra Mundial reuniram-se nesta data, para negociar um acordo de paz.
 Um dos pontos do amplo tratado referiu-se à criação de uma Assembleia Internacional, cujo papel seria o de assegurar a paz.
A 28 de Julho de 1919 foi assinado o tratado de Versalhes, cuja sede passou a ser na cidade de Genebra, na Suíça.
No entanto, passou a existir oficialmente no dia 10 de Janeiro de 1920, quando a Alemanha, um dos países vencidos da Primeira Guerra, passou a constar na sede.
 Porém, a paz seria temporária e instável, pois em Setembro de 1939, Adolf Hitler desencadeou a Segunda Guerra Mundial.
A Liga das Nações, tendo fracassado em manter a paz no mundo, foi dissolvida.
Estava extinta por volta de 1942.
No entanto, a 18 de Abril de 1946, o organismo passou as responsabilidades à recém-criada Organização das Nações Unidas, a ONU.
 A sua criação foi baseada na proposta de paz conhecida como Catorze Pontos, já publicada no Diário Universal, feita pelo Presidente norte-americano Woodrow Wilson, numa mensagem enviada ao Congresso dos Estados Unidos a 8 de Janeiro de 1918.
Os Catorze Pontos propunham as bases para a paz e a reorganização das relações internacionais no fim da Primeira Guerra Mundial, e o pacto para a criação da Sociedade das Nações constituíram os 30 primeiros artigos do Tratado de Versalhes.
 Um dos problemas que levou ao fracasso da Sociedade foi o facto de o Congresso dos EUA não ter ratificado o Tratado de Versalhes, logo, por conseguinte, não terem entrado na Liga das Nações.
 Durante as negociações na Conferência de Paz de Paris, foi incluída na primeira parte do Tratado de Versalhes a criação da Liga.
Os países integrantes originais eram 32 membros do anexo ao Pacto e 113 dos estados convidados para participar, ficando aberto o futuro ingresso aos outros países do mundo.
As excepções foram Alemanha, Turquia e a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas .
 As crises do pós-guerra 
 A democracia triunfara na I Guerra Mundial, mas, em 1920, a situação económica da Europa era muito má: arruinada e endividada, viu a Áustria a declarar a falência, ficando sob o controlo financeiro da SDN, devido à inflação monetária, e viu o dinheiro transformar-se em brinquedo na Alemanha, com a forte desvalorização da moeda.
 Entretanto, duas fortes crises se fizeram sentir: · crise de 1920-21: na sequência da diminuição da procura interna (devido à alta dos preços) e europeia (em consequência das restrições do crédito à Europa), os stocks acumularam-se, os preços baixaram, fazendo-se sentir uma enorme inflação.
 A partir de 1922, iniciou-se um período de recuperação, impulsionado pelo esforço na aplicação dos métodos de racionalização do trabalho, para diminuir os custos de produção, o que permitiu, juntamente com a concentração de empresas, que muitas empresas continuassem viáveis.
Deste modo, foi o capitalismo liberal e a sua produção em massa para um consumo em massa que trouxeram “os loucos anos 20”, os anos da prosperity americana, que foi, no entanto, breve e ilusória, dada a crise que se seguiu. · crise de 1929: o crash de Wall Street, a grande crise do capitalismo, accionada pela especulação bolsista e pela superprodução, que levou à acumulação de enormes stocks, o que trouxe o desemprego, crescendo vertiginosamente a deflação, prosseguindo-se então, à destruição de stocks, diminuindo assim, a procura, levando à falência de bancos e empresas.
 Tendo sido os EUA fortemente atingidos por ambas as crises, a Europa não pôde resistir, dado estar a receber todos os investimentos dos EUA.
Logo, ambas as crises tiveram um cariz mundial e também global, pois não só atingiram a nível financeiro e económico, como também a nível político e social: com o desemprego a subir em flecha, instalou-se o descrédito no modelo político e económico capitalista, sucedendo-se as convulsões económicas e políticas; e do Leste europeu, surgem o comunismo e o fascismo como aparente soluções para o momento de crise vivido na Europa capitalista devastada pela guerra, baseando-se no corporativismo, no intervencionismo do Estado e no conservadorismo e com promessas de uma estabilização.
Daí a adesão em massa a estas novas ideologias.
  A difícil recuperação da Europa e a dependência em relação aos Estados Unidos 
Com o final da guerra, à Europa colocou-se o problema da reconversão da sua economia.
Na realidade, a guerra, além da hecatombe humana, tinha provocado devastações nos campos e nas fábricas e fizera orientar o aparelho produtivo predominantemente para a economia de guerra.
Era necessário reorientar a actividade económica para a produção de alimentos, a reinstalação das indústrias ou a aquisição de maquinaria.
De momento, estas necessidades foram satisfeitas com recurso a importações maciças dos EUA, tendo a reconversão económica sido suportada também com base em empréstimos americanos.
 Estes factores contribuíram para desequilibrar as balanças de pagamento dos países europeus.
A solução encontrada para este desequilíbrio consistiu na desvinculação das moedas europeias em relação ao padrão-ouro de modo a possibilitar a emissão do papel-moeda necessário ao pagamento das importações ou das indemnizações de guerra.
Em consequência, a inflação disparou para valores nunca antes verificados, facto que teve profundas repercussões políticas e sociais.
Só em 1925, com base em investimentos americanos, a economia europeia começou a apresentar sinais de recuperação, auxiliada pela contenção na emissão de papel-moeda, depois de, novamente, se ter acordado o regresso ao padrão-ouro, permitindo então reequilibrar as balanças de pagamentos.
A difícil recuperação económica da Europa estimulou a ascensão dos EUA.
Afastados do teatro de operações no decurso da guerra, os americanos continuaram a exportar bens, serviços e capitais para a Europa, o que contribuiu para a forte entrada de moeda e para uma balança comercial largamente positiva.
 A saúde da economia americana, além do crescimento das exportações, residiu ainda no forte incremento da procura interna propiciada, em simultâneo, pela elevação dos salários e pela descida dos preços.
Esta última resultou do desenvolvimento dos princípios tayloristas da racionalização do trabalho, efectuado por Henry Ford.
Ford introduziu a linha de montagem na fábrica de acordo com os princípios tayloristas: o trabalho dividido em operações simples, a progressão do produto era contínua e sequencial, o ritmo fixado pela velocidade do tapete rolante que levava o trabalho ao operário, em vez de ser este a procurá-lo.
Estas inovações traduziram-se no abaixamento do tempo de produção do carro e na redução do seu preço, tornando-o um produto de consumo cada vez mais acessível.
 A implantação do marxismo-leninismo na Rússia 
 O imenso Império Russo, com 22 milhões de km2 e 174 milhões de habitantes, governado autocraticamente pelo czar Nicolau II, estava à beira do abismo.
 As tensões sociais aumentavam de intensidade de dia para dia com os camponeses, que constituíam 85% da população, clamando por terras, concentradas nas mãos dos grandes senhores e latifundiários, seus antigos patrões, no sistema de servidão; com o operariado, que embora escasso era extremamente reivindicativo, exigindo maiores salários e melhores condições de vida e trabalho; e com a nobreza liberal e a burguesia, desejando a abertura política, assim como a modernização do país.
 Por outro lado, a contestação política era muita e gerava um estado de confusão, pois era protagonizada pelos socialistas-revolucionários, que reclamavam a partilha de terras; pelos socialistas-democratas, divididos em bolcheviques e mencheviques*; e pelos constitucionais-democratas.
 A participação da Rússia na Primeira Guerra Mundial, desde o seu início, como parte da Entente, contribuiu para que se gerasse um sentimento anticzarista, já que as derrotas na frente – onde os soldados desertavam ou se auto-mutilavam para não combaterem – eram constantes, agravando as fraquezas do regime de Nicolau II, que ainda teve que contar com a desorganização económica, com a falta de géneros, que levava a grandes manifestações populares devido à fome, e com as denúncias da sua incompetência e a dos seus ministros, por parte dos liberais e dos socialistas.
 O mal-estar político e social na Rússia era muito grave e em breve a situação estaria para rebentar. As revoluções (de Fevereiro e de Outubro) suceder-se-iam no ano de 1917.
 * Bolcheviques – facção maioritária do Partido Social-Democrata Russo, aquando da sua cisão no Congresso de Bruxelas, em 1903. Dirigidos por Lenine, os bolcheviques mantiveram-se intransigentes na defesa da luta de classes e da ditadura do proletariado, enquanto que os
* mencheviques (facção minoritária) se mostraram adeptos do reformismo. Em 1912, os bolcheviques tornaram-se num partido único, e em 1918 adoptam o nome de Partido Comunista.
 A Revolução Socialista Soviética – as revoluções de 1917
 No ano de 1917 deram-se as mais famosas revoluções da História Russa: a Revolução de Fevereiro e a Revolução de Outubro.
 A primeira dá-se em consequência de uma grande manifestação liderada, inicialmente, por mulheres, em Petrogrado, que protestavam contra o aumento do preço do pão.
 A este protesto juntaram-se operários, camponeses e mesmo o exército, que quando lhe foi ordenado que controlasse a manifestação, acabou por aderir à causa.
Na sequência deste último acto, da tomada do Palácio de Inverno e do apelo do Soviete* de Petrogrado, o movimento popular ganhou um carácter político, tendo levado o czar Nicolau II, agora desprovido de qualquer apoio, a abdicar do trono, a 2 de Março.
 A Rússia tornou-se numa República através do fim do czarismo, mas os problemas da nação não se resolveram: criou-se um Governo Provisório, que, escolhido pela Duma, apoiado pelo Partido Constitucional-Democrata e empenhado na instauração de uma democracia parlamentar, tinha prometido ao povo a retirada da Rússia da guerra com a Alemanha.
No entanto, isto não foi cumprido, o que foi causa directa da forte oposição dos Sovietes de todo país. Como os Sovietes tinham a massa popular do seu lado (opondo-se à guerra, reivindicando a distribuição das terras pelos camponeses, exigindo aumentos nos salários e o dia de trabalho de 8 horas), mas também havia um governo no poder, diz-se que a Rússia viveu num período de dualidade de poderes.
 No entanto, o Governo Provisório foi desacreditado progressivamente e abalado por três factores-chave: o regresso do bolchevique Lenine, cujas Teses de Abril apelavam à retirada da guerra, ao derrube do Governo, à confiscação da grande propriedade e à entrega do poder aos Sovietes, dando aos bolcheviques maior protagonismo, que se foram impondo nos Sovietes; a inflação galopante; e as continuadas derrotas sofridas nas frentes de guerra.
Tudo isto tornou o Governo fraco, incapaz de impor alguma ordem, pois os Sovietes apoderavam-se quase livremente de fábricas nas cidades e terras nas províncias.
 Esta situação de dualidade de poderes termina em Outubro de 1917, quando os Guardas Vermelhos (milícia formada pelos bolcheviques entre a Rev. de Fevereiro e a Rev. Outubro) tomaram pontos estratégicos em Petrogrado (correios, pontes, gares ferroviárias), assaltaram o Palácio de Inverno e derrubaram o Governo Provisório.
 A 26 de Outubro, o II Congresso dos Sovietes ratificou o golpe bolchevista e elegeu um novo Governo – o Concelho dos Comissários do Povo, composto exclusivamente por bolcheviques, com Lenine na presidência, Trotsky na Pasta da Guerra e Estaline na das Nacionalidades – a primeira revolução socialista do séc. XX estava em marcha.
 * Sovietes – concelhos de camponeses, operários, soldados e marinheiros da Rússia que, teoricamente, exprimem colectivamente a vontade do povo.
Os primeiros, constituídos exclusivamente por operários, remontam à Revolução de 1905, e foram instalados nas fábricas como focos de ligação e dinamização dos grevistas.
Contidos pelo fracasso do movimento, reapareceram em Fevereiro de 1917.
A Revolução bolchevista de Outubro buscou nos Sovietes a legitimação popular e deles fez a base da futura organização do Estado da URSS.
 O modelo soviético de Lenine – a colectivização 
 Lenine desejava que a ditadura do proletariado, fundamento do marxismo, fosse implementada imediatamente, tendo em consideração as estruturas arcaicas e rurais da Rússia, não negligenciando o papel dos camponeses na revolução operária – um dos aspectos do marxismo-leninismo*.
 No entanto, a sua implementação na Rússia não foi só um produto da ideologia marxista; foi também um produto das circunstâncias em que se vivia, desde que os bolcheviques tomaram posse da chefia da nação russa:
 - Fortes oposições às negociações em Brest-Litovsk, quando a Rússia assinou a paz separada com a Alemanha, abdicando das suas províncias, que eram boas fontes de riqueza;
 - Fortes resistências por parte de proprietários (Kulaks) e empresários (Nepmen) à aplicação dos decretos relativos à terra e ao controlo operário (inicia-se a conspiração das antigas classes possidentes); 
- Desorganização da economia provocada pelo estado de guerra vivido e agravado pela privação de matérias-primas, pela persistência da carestia e da inflação, pelo regresso de sete milhões de soldados sem hipótese imediata de reintegração na vida civil, pelos actos de pilhagem e de banditismo que se seguiram; 
- Guerra civil, iniciada em Março de 1918, arrastando-se até 1920, que vitimou mais de 10 milhões de pessoas, entre brancos (todos os que se opunham aos bolcheviques, apoiados pela Inglaterra, França, EUA e Japão, não interessados na expansão do bolchevismo) e vermelhos (os bolcheviques), que acabaram por vencer, através do seu coeso e disciplinado Exército Vermelho, organizado por Trotsky, desde 1918. Tendo em conta a situação, Lenine implantou medidas enérgicas, conhecidas pelo nome de comunismo de guerra.
 * Marxismo-leninismo – desenvolvimento teórico e aplicação prática das ideias de Marx e Engels na Rússia por Lenine.
Caracterizou-se por enfatizar o papel do proletariado, rural e urbano, na conquista do poder, pela via revolucionária e jamais pela evolução política; pela identificação do Estado com o Partido Comunista, considerado a vanguarda do proletariado; e pelo recurso à força e à violência na concretização da ditadura do proletariado.
 O modelo soviético de Lenine – O comunismo de guerra. 
 O comunismo de guerra consistiu nas seguintes medidas:
 - Toda a economia foi nacionalizada, segundo a proposta de Marx de “centralização dos meios de produção nas mãos do Estado”, para destruição do capitalismo; os camponeses foram obrigados a entregar as colheitas; os bancos, o comércio interno e externo, a frota mercante e as empresas com mais de 5 trabalhadores e um motor foram estatizadas, competindo ao Estado a distribuição de bens de acordo com os novos critérios de justiça social: para o Exército Vermelho, guardião da revolução proletária, cabia o essencial, o restante para operários e camponeses e, no fim, os burgueses;
 - Apelando ao heroísmo revolucionário para desenvolver a produção, instaurou-se o trabalho obrigatório dos 16 aos 50 anos, prolongou-se o tempo de trabalho, reprimiu-se a indisciplina, atribuiu-se o salário conforme o rendimento;
 - Proibição dos jornais burgueses e de todos os partidos políticos, excepto o Partido Comunista, quem liderou realmente esta ditadura; dissolveu-se a Assembleia Constituinte; retiraram-se dos Sovietes os membros não-comunistas; constituição da Tcheca, a polícia política, que tinha amplos poderes, fazendo desaparecer qualquer suspeito de conspiração, recorrendo aos campos de concentração e às execuções sumárias muito frequentemente.
 O conjunto de medidas económicas e sociais de emergência, que ficaram conhecidas pelo nome “comunismo de guerra”, foram as seguintes: · Destruição do sistema capitalista e colectivização de toda a economia; · Abolição da grande propriedade; · Apropriação da produção agrícola dos camponeses (entrega dos campos aos sovietes para que estes depois os redistribuíssem), para posterior distribuição pelo Estado, que a faria de forma mais igualitária, abolindo-se assim, o comércio livre; · Nacionalização das empresas, da banca e do comércio; · Proibição dos partidos políticos, à excepção do Partido Comunista, criando-se um sistema de partido único; · Criação da polícia política; · Incentivo à reunião da III Internacional, a Internacional Comunista; · Formação da URSS.
 O modelo soviético de Lenine – a NEP, Nova Política Económica 
 A guerra civil termina com a vitória dos bolcheviques, mas a economia russa, no entanto, estava arruinada, sendo que Lenine reconhece o carácter excessivo destas medidas, que, apesar de terem em conta o programa socialista, vai, igualmente, contra o mesmo, dado o contexto de guerra civil.
 Lenine temeu que o caos levasse à revolta do povo, e toma medidas para relançar a economia
– a Nova Política Económica: o Estado mantém o controlo da banca, do comércio externo e dos principais sectores da indústria, mas volta a ser possível: · a exploração privada da terra e a venda de excedentes nos mercados, pelos camponeses; · liberdade de produção industrial e venda dos seus produtos; · abertura ao investimento estrangeiro.
 Com isto, a recuperação da Rússia foi inegável: melhorou a produção, o comércio e as condições de vida; os kulaks (proprietários agrícolas) e os nepmen (homens de negócios, comerciantes e industriais) enriqueceram, o que colocou em perigo o ideal da sociedade sem classes, fazendo com que os objectivos da construção de um Estado socialista saiam, em parte, fracassados.
 Lenine morre em 1924, dá-se um período intermédio de consolidação do poder, e Estaline assume o poder em 1928.
 As repercussões no resto da Europa da Revolução Socialista Soviética
 Face ao aumento da conflitualidade social (ocupação de fábricas e de terras, greves em diversos sectores), decorrente do aprofundamento da crise, associada às actividades do Komintern, órgão criado com o objectivo de coordenar a acção dos partidos comunistas que contribuiu para a propagação dos ideais da revolução bolchevista, instalou-se o temor no seio da burguesia e das classes médias.
Estas, afectadas pela inflação, pela quebra do poder de compra e pela ameaça de proletarização, desejosas de estabilidade social e política, constituíram o alvo preferencial dos apelos da direita que, perante o espantalho do perigo comunista, preconizava o estabelecimento de soluções autoritárias.
 Como consequência, em vários países da Europa (Inglaterra, França, Alemanha, Itália), e mesmo nos EUA, assistiu-se a uma reacção conservadora, nacionalista e autoritária que se concretizou pela viragem à direita por parte de muitos governos, na progressão dos movimentos racistas e nas limitações à imigração.
Se o termo da I Guerra Mundial significara o relançamento das democracias parlamentares, no final dos anos 20 e 30 a democracia parecia em nítida regressão.
As transformações da vida urbana 
O desenvolvimento urbano foi um dos fenómenos mais importantes dos finais do século XX e inícios do séc. XX, que vai romper o equilíbrio milenar entre a cidade e o campo (campos esvaziam-se e enchem-se as cidades).
 - Na cidade surgem novas actividades (indústria, serviços que atraem a população rural).
O êxodo rural faz engrossar as cidades.
O número de cidades aumenta e o número de habitantes também. As cidades são o centro de actividades poderosas e fundamentais relacionadas com a política, administração, indústria, comércio, banca e serviços públicos ligados às novas necessidades das cidades: redes de transportes (omnibus, eléctricos, comboios), abastecimento (alimentos, água, energia), escolas, hospitais, saneamento básico e, entre outros, recolha de lixo.
Surgiram as “Metrópoles” (gigantescas áreas urbanizadas) como Nova Yorque, Chicago, Paris e Londres. Surgem as “Megalópoles” (áreas urbanizadas de kms, ligando cidades nos E.U.A., Japão, Alemanha, Holanda).
 Mudança na estrutura urbana:
* Novos centros urbanos (já não é a Catedral ou a Praça), mas locais onde estão grandes edifícios públicos, bancos, centros comerciais, grandes empresas. O poder económico).
* Bairros elegantes do centro onde se instala a Burguesia.
* Bairros operários
* Bairros do submundo de pobreza humana
* Subúrbios (bairros da periferia)
 Novas sociabilidades 
Surge uma nova sociabilidade e sente-se a desagregação das tradicionais solidariedades dos meios rurais. Assiste-se, efectivamente, a uma massificação da vida urbana, alienação do trabalho e verdadeiras formas de anomia social
Massificação da vida urbana
Surge nas cidades uma sociedade de massas, caracterizada por: elevado número de pessoas, dispersão espacial, anonimato (as populações vivem em bairros estandardizados, trabalham em grandes empresas e vivem sem estabelecer relações interpessoais com a vizinhança ou com colegas de trabalho), consumo de massas, uniformização de comportamentos (modo de vestir, falar, atitudes), novo clima de ócio, ânsia de divertimento.
Alienação do trabalho
Termo marxista para designar o trabalho automatizado imposto pela máquina de montagem.
O trabalho passou a ser anónimo e abstracto.
O produto final deixou de ser o produto da criatividade do operário, para ser o produto da máquina.
Do trabalho operário, o conceito de alienação do trabalho alargou-se, também, ao trabalho burocrático. Desagregação das solidariedades e a anomia social
Nas sociedades urbanas quebram-se os laços de solidariedade e as relações entre os homens desumanizam-se.
Os homens vivem cada vez mais isolados, fechados em si próprios.
 Nas zonas degradadas dos bairros pobres (urbanos e suburbanos) a pobreza conduz a situações de marginalização que levam à violência e à criminalidade.
- Surgem situações de “Anomia Social” que se evidenciam por comportamentos urbanos marcados por uma ausência de regras ou de leis, de princípios e de valores.
São comportamentos marginais de indivíduos desenraizados que não se integrando na sociedade, assumem comportamentos agressivos que conduzem à criminalidade (gangsters como Al Capone, Bonnie e Clyde, vivendo à margem da lei, sem quaisquer princípios morais).
 A crise dos valores tradicionais 
Os valores tradicionais estão definitivamente em crise.
Perdeu-se a confiança na superioridade da civilização ocidental; na ciência, indústria e no progresso ocidental; na propriedade privada.
A 1.ª Guerra Mundial caracterizou-se por uma tal brutalidade que pôs em causa a confiança e o optimismo do passado recente.
 As consequências da Guerra são: uma decepção generalizada, a descrença, o pessimismo.
A ciência e a sua capacidade de gerar progresso são postas em causa, surge a contestação a todos os níveis (comportamentos, família, sexual, casamento indissolúvel, papel da mulher, arte tradicional); é até contestada a política das democracias por grupos revolucionários e por grupos conservadores e autoritários.
 Os movimentos feministas 
O século XX assiste à emancipação progressiva da mulher, até então totalmente na dependência do homem. Vários factores contribuíram para isso: - Revolução industrial que utiliza a mulher como mão-de-obra imprescindível para certas indústrias, como o têxtil.
Apesar de ser altamente explorada com salários muito inferiores aos do homem, esse trabalho permitiu às mulheres uma independência económica que antes não tinham.
 - A 1.ª Guerra Mundial exigiu um papel activo das mulheres que se viram obrigadas a substituir os homens nas fábricas, campos e serviços, enquanto eles partiam para as frentes da batalha.
- Elevação do nível de instrução da mulher que começa a acontecer por iniciativas dos governos ou para iniciativas particulares de espíritos filantrópicos.
- Surge o Feminismo: corrente que defende o movimento da luta das mulheres pela igualdade de direitos em relação ao homem.
Elas lutam pela: igualdade Jurídica (leis), igualdade intelectual (instrução), igualdade económica (profissão, trabalho e salários), igualdade política (direito de voto, possibilidade de ser eleita), igualdade social (família, sociedade).
Direitos conseguidos pelas mulheres:
 - Direito de voto (conquista de voto universal)
- Acesso a profissões de nível superior (medicina, advocacia, engenharia e professorado)
- Acesso ao mundo dos serviços - Maior intervenção dentro da família: maior liberdade de movimentação; maior liberdade sexual, com uso dos métodos contraceptivos.
Reflexo da emancipação das mulheres:
- Nos costumes – novo estilo de vida mais livre, vida social mais intensa, prática do desporto, procura de divertimentos, acesso aos vícios masculinos (beber e fumar).
- Na moda – mais simples e desportiva, com saias curtas, saia-calça, cabelo curto à “garçonne”, substituição do espartilho pelo soutien, decotes maiores, maquilhagem.
Surgem revistas femininas que exaltam a mulher e que a orientam no sentido de cuidarem da sua imagem, exaltando a sua emancipação.
 A crise do pensamento racionalista 
Na segunda metade do séc. XIX, o positivismo marcava todo o conhecimento científico.
A metodologia das ciências experimentais era aplicada a todas as áreas (da Física à História), acreditando-se que tudo podia ser explicado em termos científicos e que a ciência podia atingir a verdade absoluta.
Mas, nos princípios do séc. XX, a ciência evoluía não no sentido das verdades absolutas, mas num sentido diferente.
O racionalismo, a certeza e o absoluto foram substituídos pela incerteza e pelo relativismo.
O Positivismo dava lugar ao relativismo, doutrina segundo a qual o conhecimento é sempre relativo, condicionado pelas suas leis próprias, pelos limites do sujeito que conhece e pelo contexto sócio-cultural que o rodeia.
Esta teoria provocou um choque na consciência científica da época, contribuindo para abalar a confiança na certeza científica.
No caso da História, Benetto Croce começou por contestar as teorias positivistas aplicadas a esta ciência. Segundo ele, todo o conhecimento histórico é sempre um conhecimento relativo e subjectivo influenciado por inúmeros factores (perspectiva do historiador, selecção de fontes, interpretação, etc.)
Também a Física e outras ciências experimentais se afastam do Positivismo.
Einstein cria a teoria da relatividade que punha em causa o carácter absoluto do conhecimento, tornando-o dependente do espaço, do tempo, do movimento e do observador, também eles realidades não absolutas. Segundo aquela teoria, as medidas de energia e de massa eram inseparáveis da velocidade e do movimento. Verificou que à medida que os objectos se aproximam da velocidade da luz (3.000.000 Km/s), eles encolhem, a sua massa aumenta e o tempo abranda.
Por isso, nenhuma observação efectuada a partir de um único ponto fixo num universo, em permanente expansão, devia merecer uma confiança absoluta. Desse modo, altera-se também a noção do tempo.
Este, que se pensava invariável e linear, toma também uma nova dimensão, tal como o são o cumprimento, a espessura e a velocidade.
 A Psicanálise de Freud e seu impacto nos comportamentos, na cultura e na arte 
Freud, médico neurologista e professor da Universidade de Viena, cria a Psicanálise que vem questionar o poder absoluto da razão sobre o comportamento humano.
A Psicanálise surgiu inicialmente como um método de determinação das causas das neuroses e como terapia de tratamento (a partir da interpretação dos sonhos, da associação livre e da hipnose).
Depois, deu origem a uma doutrina psicológica sobre os nossos processos mentais e emocionais, um método de investigação e uma técnica terapêutica para tratamento de neuroses e psicoses.
Segundo Freud, a “psique” humana estava estruturada a três níveis: - o «infra-ego» (id), parte mais profunda da psique (o inconsciente que abarca um conjunto de impulsos e forças instintivas que buscam a satisfação imediata);
- o «superego», a parte subconsciente (uma parte inconsciente, mas a um nível menos profundo.
Está ligado à interiorização das proibições morais e éticas.
Está sempre vigilante em relação aos nossos comportamentos);
- o «ego» (eu) ou consciente (é ele que decide se um impulso pode ou não ser satisfeito).
Segundo Freud, as causas das neuroses estariam no facto de muitos impulsos instintivos e recordações desagradáveis terem sido reprimidas para o inconsciente da vida mental, onde aparecem recalcados, vindo a gerar neuroses.
É a censura que não os deixa aparecer.
A função terapêutica da Psicanálise seria o de conseguir trazer à consciência essas forças recalcadas inconscientes.
Seria ir à procura das origens dessas neuroses.
Tal conduziria à descompressão do que estava recalcado e dessa consciência começava o caminho para a cura.
A Psicanálise influenciou as inovações literárias e artísticas da 1.ª metade do séc. XX.
Escritores e artistas inspiraram-se nas concepções psicanalíticas, encontrando no mundo aberto da Psicanálise uma fonte de inspiração frutuosa e uma influência libertadora: na Literatura surgem personagens freudianas com neuroses; na Arte surgem correntes como o Surrealismo que tentam penetrar para além do nível consciente da percepção.
 As vanguardas artísticas 
No início do séc. XX, dão-se profundas transformações na literatura e nas artes, reflectindo o espírito da mudança.
Representa uma frente comum das artes contra a tradição e um desafio à sociedade.
É a época do Modernismo e das experiências de vanguarda que se caracterizaram por:
a) Rompimento com a arte tradicional: abandono do figurativismo (a fotografia passa a ocupar-se da representação do real).
A obra de arte ganha autonomia face à realidade, libertando-se da necessidade de a copiar; recusa do academismo que seguia os modelos clássicos, numa representação ideal da Natureza e do Homem (desenho em pormenor, claro-escuro, perspectiva); abandono dos temas tradicionais (temas religiosos, clássicos e históricos);
b) Criação de uma linguagem pictórica própria: carácter bidimensional, sem preocupações de volume e de desenho, dando mais importância à cor; novos temas como a luz, o calor e os estados de alma do pintor, temas do quotidiano; procura da intelectualização da visão.
c) Levar a arte a todos os domínios da actividade humana:levar a arte às habitações, aos espaços urbanos, ao vestuário, mobiliário e até aos objectos de uso quotidiano, na aplicação de um funcionalismo estético que liga a arte à tecnologia, à indústria, ao mundo do quotidiano. Às preocupações funcionais juntam-se agora preocupações estéticas. Como exemplo, surge o Design que transforma os objectos de uso corrente, produzidos industrialmente, em verdadeiras obras de arte.
d) Concepção da arte como uma investigação permanente (busca de novas técnicas, novos materiais). Surgem variadas escolas - Milão, Roma, Berlim, Paris - efémeras, devido ao carácter de pesquisa que leva os pintores a saltarem de escola em escola. Surge, então no séc. XX, o Movimento das Vanguardas ou Vanguardismo, movimento artístico que vai desencadear uma revolução plástica que irá abrir novos caminhos à arte.
Atinge a pintura, a escultura, a arquitectura, o mobiliário, a decoração, a literatura e a música.
Os artistas vanguardistas assumem-se como os pioneiros, os «avant-garde», tendo por missão inventar o futuro e criar um mundo novo.
 O Fauvismo e o Expressionismo 
Surge em Paris, em 1905, quando jovens pintores expõem as suas obras, marcadas pela agressividade das cores, escandalizando a opinião pública.
Um crítico francês chamou-lhes «fauves» (feras), depois de ter observado a sua exposição onde uma escultura renascentista de Donatello contrastava com as pinturas que a rodeavam, nas quais os pintores haviam empregue a cor de modo expressivo e arbitrário. O seu comentário foi: «Donatello entre as feras». Principais características: o primado da cor sobre a forma. É na cor que os artistas se exprimem artisticamente; cores muito intensas, brilhantes e agressivas. Cores primárias, com pinceladas soltas, violentas e grossos empastes.
Realce dos contornos com traços negros; aplicação das cores de uma forma arbitrária, o que as tornava estranhas, quase selvagens; tendência para a deformação das figuras; influência da arte infantil e da arte primitiva.
Pintores de destaque: Matisse e Vlaminck.
O Expressionismo surge, em 1905, na Alemanha, quando 4 estudantes de Arquitectura formam o grupo, «Die Bruck» (A Ponte).
A eles se juntam pintores.
Receberam influência de Van Gogh (exprime a solidão e a angústia) e Munch (alucinação das figuras) que são considerados os precursores do expressionismo.
Pretendiam «fazer a ponte» entre o visível e o invisível.
Queriam romper com o conservadorismo da arte oficial alemã.
Defendiam uma arte impulsiva, fortemente individual, que representasse um grito de revolta individual do seu criador contra uma sociedade marcada pela injustiça e pelos preconceitos e moralismos.
O Expressionismo é, por isso, a pintura das emoções.
 Reflecte a projecção do artista para o mundo exterior, imprimindo na arte a sua sensibilidade e as suas emoções face ao mundo que o rodeia. Principais características: temática pesada - cenas de rua e retratos onde as figuras humanas eram intencionalmente deformadas.
Ridicularização de grupos como a burguesia e os militares, considerados os culpados da miséria social; formas simples, primitivas e distorcidas que deformavam a realidade, para causar assombro, repulsa e angústia; cor - grandes manchas de cor, intensas e contrastantes, aplicadas livremente e de uma forma arbitrária e pesados contornos das figuras.
A intenção era exprimir os dramas humanos da sociedade moderna e os dramas interiores do homem como o anonimato da cidade, a alienação do trabalho, a solidão, a angústia, o desespero, a guerra, a morte, a exploração do sexo, a miséria social.
Pintores de destaque: Ernst Kirchner, Georges Rouault, Frutz Bleyl, Otto Dix e Grosz.
 O cubismo: contexto, características, criadores e obras 
Surge em Paris, em 1907, com Pablo Picasso ("Les Demoiselles d'Avignon" ) e com Georges Braque (« Casas d’ Estaque»).
 É a pintura dos cubinhos que revela uma realidade não como a vemos, mas como a pensamos.
 Significa a “intelectualização da visão” em que a arte se liberta da visão e se intelectualiza, utilizando como linguagem a geometria que decompõe o objecto nas suas formas mais elementares, para o voltar a reconstruir de uma forma mais racional que segue o raciocínio e não a visão.
 Principais características: destruição completa das leis da perspectiva tridimensional (concepção estática da pintura tradicional que transmitia apenas a realidade da visão que vê o objecto fixo, numa única perspectiva); a visão parcelar devia ser substituída por uma visão total dos objectos representados (trata-se de uma visão mais intelectual do objecto, não numa única, mas em várias perspectivas); cria assim uma quarta dimensão que permite a visão simultânea do objecto em várias perspectivas (de frente, de perfil, de lado, por cima, por baixo, no seu interior …), como se o pintor se movesse em torno do mesmo (numa única imagem estão reunidas todas essas perspectivas); a nova dimensão representa o tempo necessário à percepção integral dos objectos representados no espaço pictórico; na nova representação do objecto, usa uma linguagem geométrica, procurando encontrar as formas basilares dos objectos, reduzindo-os a poliedros, cones, esferas, cilindros, etc.
Dizia Cézanne: “A Geometria é para as artes o que a gramática é para a arte do escritor”; revela também a influência da arte africana (máscaras rituais), onde está patente aquela linguagem geométrica. "Les Demoiselles d'Avignon" são a primeira obra cubista.
O Cubismo nasceu no canto superior direito deste quadro.
Nos dois nus da direita e em especial nos rostos, modela o volume através de uma espécie de desenho colorido e de traços paralelos.
Aí Picasso pintou a decomposição do seu próprio rosto (anulando a diferença entre frente e perfil), para que pudesse ser visto em toda a sua dimensão.
Assim destruía a velha imagem do homem que se impunha desde a época clássica. «Foi o seu próprio rosto que ele escolheu para nele fazer o maior dos ultrajes que iria tornar-se início de uma nova era na pintura.» Outra pintura sua muito famosa é "Guernica" (1937), tela monocromática de grandes dimensões, que representa a destruição daquela cidade basca que sofreu o bombardeamento da Legião Condor de Hitler, durante a guerra civil espanhola, a mando do general Franco. Dos seus 7.000 habitantes, 1.654 foram mortos e 889 feridos.
 O Futurismo: contexto, características, criadores e obras
Surge em Milão, em 1909, e em oposição ao Cubismo.
Surge a partir de um manifesto literário e artístico de Filippo Marinetti - "O Manifesto Futurista".
 Propunha a aniquilação de toda e qualquer forma de tradição, a destruição das grandes obras artísticas e literárias do passado, anunciando uma pintura e uma literatura mais adaptadas à era das máquinas, do movimento e do futuro.
Um verdadeiro hino à vida moderna e uma glorificação do futuro.
Dizia Marinetti: “As máquinas e os motores têm alma; pensam, sentem como os humanos; uma lâmpada eléctrica que pisca ameaçando apagar-se é comparável a um homem que agoniza!”
O Futurismo torna-se uma moda.
Os seus meios de propaganda são variados: cartazes, panfletos, revistas, exposições, espectáculos, conferências, etc.
O Futurismo conduziu ainda à exaltação do militarismo e da guerra, como expressão da força e energia de um povo (acaba por ligar-se às doutrinas fascistas).
Principais características: temática associada à velocidade, ao dinamismo e à mudança: cidades, fábricas, máquinas, pontes, locomotivas, aviões, motores, velocidade, ruído, multidões, etc.; movimento criado a partir da repetição de formas e de cores (a forma é decomposta e fragmentada em segmentos, representando diferentes momentos de um corpo em movimento; combina-se com um intenso jogo de luzes, para sugerir o movimento); linhas circulares, elípticas e espirais e arabescos que visavam a ideia de ritmo (as pinturas procuravam representar o «tumulto» que transmitia a ideia da vida moderna); cores agressivas e repetitivas, tal como as formas, para dar a ideia do movimento.
 Pintores de destaque: Giacomo Balla, Boccioni, Carlo Carrá e Severini.
 O Abstraccionismo contexto, características, criadores e obras 
Surge em 1910 com Kandinsky, pintor russo, radicado na Alemanha.
É considerado o primeiro abstraccionista.
Podemos definir o Abstraccionismo como um movimento artístico que se propunha não representar a realidade sensível ou objectiva, mas sim abstrair-se dessa realidade numa nova realidade, oculta e mais profunda, construída pelo espírito.
 Principais características: o objecto com as suas formas e cores desaparece, sendo substituído por linhas e cores conjugadas numa unidade que vale por si própria, numa linguagem universal e espiritual que fazem despertar em cada pessoa reacções diferentes numa variedade muito superior à da figuração dos objectos.
As abstracções de forma e de cor actuam directamente na alma.
Pintores de destaque: Vassily Kandinsky , Piet Mondrian , Malevitch e Helena Vieira da Silva (Paris). Kandinsky estabelece a relação entre música e pintura, através do paralelismo entre a cor e os instrumentos musicais (azul/flauta, verde/violino, branco/silêncio). Piet Mondrian, impressionado com a violência de um mundo em guerra, procurou dar à sua pintura uma função social, para além de uma nova dimensão estética. Procurou desligar da arte toda a emotividade pessoal e também tudo o que é efémero.
Queria atingir uma pintura liberta de tudo o que não é essencial, limitada aos elementos básicos: a linha, a cor, a composição e o espaço bidimensional.
 O Dadaísmo: contexto, características, criadores e obras 
Este movimento surge na Suíça com Marcel Duchamp que pinta uma versão da Gioconda com bigodes e uma legenda obscena.
Segundo este movimento, a autêntica arte seria a anti-arte, caracterizada pelo uso da troça, do insulto e da crítica, como modo de destruir a ordem e estabelecer o caos.
O seu único princípio é a incoerência.
Nada significa alguma coisa, nem mesmo o nome do movimento.
É a chamada «ready made» que dá valor artístico a um objecto que normalmente o não tem (um urinol, uma roda de bicicleta, etc.).
 O Surrealismo: contexto, características, criadores e obras 
Em 1924 surge em Paris uma nova vanguarda plástica e literária com André Breton que apresenta o "Manifesto do Surrealismo".
A ele aderiram pintores como Picasso, Marc Chagall, Joan Miró, IvesTanguy, Salvador Dali e René Magritte e homens de letras como Louis Aragon e Paul Eluard.
Inspirava-se nas teorias psicanalíticas de Freud e da Psicanálise, procurando reflectir na arte o mundo desconhecido do inconsciente.
É o recurso à psicologia das profundezas.
Significa não o abandono do racional, mas o do consciente.
Reivindicava a autonomia da imaginação e a capacidade do inconsciente se exprimir sem limitações.
Aqui residia o carácter revolucionário do surrealismo, fazendo deslocar a arte do exterior para o mundo da interioridade do artista.
Principais características: as pinturas representavam universos absurdos, cenas grotescas e estranhas, sonhos e alucinações, objectos representados de uma forma enigmática, misturando objectos reais com objectos fantásticos; cores também usadas arbitrariamente; representam, à maneira cubista, a visão total e intelectualizada do objecto, representando simultaneamente as várias visões possíveis do mesmo; substituição da tridimensional pela bidimensionalidade das figuras.
Os pintores surrealistas dividiam-se em duas tendências: surrealistas figurativos (Dali, Chagall, Magritte) - destruíam os convencionalismos tradicionais da pintura, mas conservavam algum figurativismo (representavam objectos de uma forma enigmática, procurando o belo em combinações estranhas); surrealistas abstractos (Miro e Tanguy) - recusavam completamente a pintura figurativa, enredando pelo abstraccionismo.
 Tendências culturais em Portugal: entre o Naturalismo e as Vanguardas. 
O Modernismo em Portugal
Foi um movimento estético que surgiu numa primeira fase em 1911 com a «Exposição Livre de 1911» e, fundamentalmente, a partir de 1915.
Caracterizou-se pelo culto da modernidade que dominou a mentalidade contemporânea.
Os seus seguidores privilegiavam a novidade relativamente ao estabelecido, a aventura face à segurança.
No movimento modernista estavam associadas a literatura e as artes plásticas.
Encontrou nas revistas «Orpheu» (1915), «Portugal Futurista» (1917) e «Presença» (1927-1940) os seus principais expoentes.
A I República conheceu duas correntes literárias que foram o «Integralismo Lusitano» (tradicionalista, dirigido por António Sardinha) e a «Seara Nova» (democrática, dirigida por António Sérgio).
Em 1915, surge o 1.º Grupo Modernista, iniciado e impulsionado pela revista «Orpheu» com Fernando Pessoa, Mário de Sá Carneiro e Almada Negreiros.
A revista «Orpheu» escandalizou o público que se mostrou chocado com as inovações que punham em causa o academismo tradicional.
 Surgiram apenas 2 números da revista, mas a estética modernista publicou outras revistas como «Portugal Futurista», em 1917 (n.º único). Fernando Pessoa destaca-se com a sua criatividade poética que se transmite através do seu desdobramento em várias personagens (heterónimos) dos quais os mais conhecidos são Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro Campos.
O 2.º grupo modernista desenvolve-se entre 1927 e 1940 (Ditadura Militar e Estado Novo), em torno da revista «Presença».
Destacam-se Miguel Torga, José Régio e Aquilino Ribeiro e Ferreira de Castro.
No início do séc. XX, dominava em Portugal a pintura figurativa que tinha a sua expressão no pintor Malhoa.
A situação alterou-se quando, em 1911 e depois em 1914, vários pintores e escultores portugueses que se encontravam em Paris regressam ao país, fugindo da guerra, trazendo consigo novos valores estéticos.
Foi o início do modernismo em Portugal.
Entre outros, vieram de Paris, Dórdio Gomes, Diogo de Macedo, Francisco Franco, Amadeu de Souza-Cardoso, Santa-Rita Pintor, Eduardo Viana.
A eles se juntou Almada Negreiros.
Na década de 1920, destaca-se a «segunda geração de Paris», designação dada aos artistas que, terminada a guerra, retornam a Paris ou para aí vão pela primeira vez.
Partem Dórdio Gomes, Diogo de Macedo, Abel Manta (grande retratista) e Almada Negreiros.

Sem comentários:

Enviar um comentário