segunda-feira, 1 de abril de 2013

DESCOLONIZAÇÃO

A Descolonização
 Nos anos 70 do século XX, o vocabulário português ganhava uma nova palavra - "retornado". Comecei a ouvir a palavra em 1975, no ciclo preparatório, “és uma retornada, volta para a tua terra!”. E eu, que obviamente me via como portuguesa, ficava atónita com aquela acusação. Tinha 11 anos e vinha de uma terra que se dizia ser "Portugal Ultramarino".







Testemunhos de retornados: http://www.xirico.com/c_htm/tri/retornados.php 

 "Mas, note-se que este termo foi "arranjado" pelo próprio governo, com a criação do IARN. E se é verdade que muitos desses portugueses retornaram a Portugal, muitos outros não retornaram! Retornar é voltar a..., regressar a ... e esses portugueses que tinham nascido e crescido nas colónias, acabaram por vir parar a Portugal e não retornar !”
(…) "A grande maioria dos retornados "deu a volta por cima" e são hoje fonte produtiva de Portugal! Nos últimos tempos, cerca de 200 mil portugueses foram para Angola! Há já quem defenda a teoria de que o futuro de Portugal passa pela emigração para aquele país. Provavelmente, muitos desses portugueses são agora "retornados" naquela terra que ajudam a renascer ao mesmo tempo que ajudam Portugal, por razões óbvias!" "E assim, muitos "retornados", depois de espoliados, ainda vão ajudar Portugal..." " Obrigado aos "retornados" pelo que têm feito por este país!..."
PEDRO CABEÇADAS em "FARO OESTE", FARO , 17 de Junho de 2007

 Quem eram os retornados? 
Mais de meio milhão de pessoas chegou, de repente, a Portugal. Essas pessoas, porém, de uma forma notável, conseguiram integrar-se na sociedade portuguesa sem conflitos de maior. Haverá casos semelhantes noutros países? Do número de retornados recenseados pelo INE em 1981, 61% eram oriundos de Angola, 34% de Moçambique e apenas 5% das restantes colónias. Quase dois terços desses retornados nasceram em Portugal (63%), embora esta proporção se inverta nas camadas mais jovens, 75% dos menores de 20 anos eram naturais das colónias. O cais de Lisboa enchia-se de caixotes vindos de África, o aeroporto estava repleto de pessoas que dormiam sobre malas, e começou a aparecer também muita gente nova, gente diferente, gente que vestia roupas coloridas e tinha um ar triste, vindos de Angola, Moçambique, Guiné e Timor... Eram os retornados que depressa se misturaram com as gentes de cá e se distribuíram um pouco por todo o país. Procuravam, na sua maioria, ir para junto das suas famílias e das suas origens. E com eles vinham muitos que pisavam pela primeira vez o solo de Portugal continental.

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