Existem eventos que só se transformam em datas históricas tempos depois, quando, em retrospectiva, atribui-se a eles uma importância crucial para os rumos tomados pela História. Mas há também alguns fatos que já nascem com a marca da mudança, tão evidente é a sua importância para os caminhos percorridos depois. Nem é preciso algum afastamento para concluir que tal evento será, para sempre, um divisor de águas da História – um acontecimento que, seja qual for a forma como venha a ser narrado o passado, jamais deixará de estar presente na linha do tempo como um ponto de inflexão, de mudança de rumo. Este é, precisamente, o caso do 11 de setembro de 2001. Naquele final de inverno nos Estados Unidos, os norte-americanos e o mundo viveram um dia que para sempre será lembrado como histórico – e também como trágico.
Os ataques à Nova York e ao Pentágono
Eram quase 9h da manhã em Nova York quando um avião sequestrado por terroristas islâmicos teve sua rota desviada em direção a uma das torres do World Trade Center – um dos prédios mais altos do mundo. Inicialmente, imaginou-se que se tratava de um acidente aéreo de grandes proporções, mas não de um ataque premeditado. Porém, quando cerca de 20 minutos depois um outro avião chocou-se contra a segunda torre do WTC, ficou claro que os Estados Unidos estavam sendo vítimas de atentados terroristas cuidadosamente planejados
Poucos minutos mais tarde, um terceiro avião, também sequestrado, foi jogado contra o Pentágono, a central de inteligência norte-americana, cuja sede fica próxima à capital do país, Washington D.C. Havia ainda um quarto avião, que acabou caindo na Pensilvânia antes de atingir seu alvo. Segundo as investigações feitas posteriormente, o plano dos terroristas era jogar a aeronave contra o Capitólio – a sede do Poder Legislativo dos EUA.
Em Nova York, o choque dos aviões contra as torres do WTC desestabilizaram a estrutura dos edifícios, que caíram cerca de duas horas depois dos ataques. Antes disso, entretanto, uma cena desoladora foi transmitida ao vivo pelas televisões de todo o mundo: desesperadas, pessoas que estavam acima dos andares atingidos pelos aviões, sem terem como fugir dos prédios em chamas, jogavam-se do alto das torres. No fim, morreram elas, os bombeiros que haviam chegado ao WTC para socorrer os feridos pelo primeiro ataque, os passageiros dos quatro aviões, funcionários do Pentágono, inúmeras pessoas que trabalhavam nas torres gêmeas de Nova York, entre outros, num total de quase 3 mil pessoas.
Desdobramentos do 11 de setembro para os EUA e o mundo
Se o impacto humano dos ataques de 2001 foi evidente, o 11 de setembro teve desdobramentos que vão muito além da morte de milhares de pessoas. Imediatamente, as bolsas de valores do mundo todo entraram em crise. Afinal, afora as incertezas quanto ao impacto do 11 de setembro sobre a economia mundial, os ataques provocaram perdas humanas inestimáveis para muitas empresas sediadas no WTC, mobilizaram as companhias de seguros numa proporção poucas vezes vista e prejudicaram enormemente o mercado de aviação civil nos EUA e no mundo.
Do ponto de vista social, os ataques também trouxeram para o primeiro plano os muçulmanos radicais, favoráveis à guerra santa – a chamada Jihad islâmica. Não raro passou-se a confundir árabes com muçulmanos de todas as matizes, como se fossem, todos, homens e mulheres-bombas dispostos a atacar qualquer ponto em qualquer lugar e a qualquer momento. Disso para o preconceito e a intolerância étnica e religiosa foi passo apenas. No cotidiano dos cidadãos norte-americanos, a vida seguiu sob a sombra de uma nova ameaça terrorista, o que exigiu mudanças de hábitos, sobretudo em termos de segurança pública.
Militarmente, os desdobramentos do 11 de setembro foram enormes. Os ataques podem gerar a falsa impressão de que não havia terrorismo antes de 2001, o que é uma inverdade. Mas, tendo em vista que aquele episódio foi, simultaneamente, não apenas o principal ataque terrorista da História como também o primeiro ataque estrangeiro contra civis sofrido pelos EUA em território norte-americano, a resposta do governo foi contundente.
De um lado, o então presidente George W. Bush fez aprovar o USA Patriot Act, que concedeu ao governo a prerrogativa de, numa democracia, poder invadir lares, espionar cidadãos, interrogar suspeitos de espionagem ou terrorismo (inclusive empregando tortura) sem lhes dar direito à defesa ou a julgamento. Ou seja, medidas antidemocráticas, que tolhiam as liberdades civis, passaram a ser vistas como necessárias para salvar a própria democracia. De outro lado, os EUA lideraram, com a participação de vários países, a chamada Guerra ao Terror contra o Eixo do mal, que levou à invasão ao Iraque e ao Afeganistão, acentuando ainda mais o antiamericanismo no mundo islãmico.Se as mortes de Saddam Hussein e Osama bin Laden porão fim ao choque de civilizações e de culturas que marcou o primeiro decênio do século XXI é uma questão ainda em aberto.
Os ataques à Nova York e ao Pentágono
Eram quase 9h da manhã em Nova York quando um avião sequestrado por terroristas islâmicos teve sua rota desviada em direção a uma das torres do World Trade Center – um dos prédios mais altos do mundo. Inicialmente, imaginou-se que se tratava de um acidente aéreo de grandes proporções, mas não de um ataque premeditado. Porém, quando cerca de 20 minutos depois um outro avião chocou-se contra a segunda torre do WTC, ficou claro que os Estados Unidos estavam sendo vítimas de atentados terroristas cuidadosamente planejados
Poucos minutos mais tarde, um terceiro avião, também sequestrado, foi jogado contra o Pentágono, a central de inteligência norte-americana, cuja sede fica próxima à capital do país, Washington D.C. Havia ainda um quarto avião, que acabou caindo na Pensilvânia antes de atingir seu alvo. Segundo as investigações feitas posteriormente, o plano dos terroristas era jogar a aeronave contra o Capitólio – a sede do Poder Legislativo dos EUA.
Em Nova York, o choque dos aviões contra as torres do WTC desestabilizaram a estrutura dos edifícios, que caíram cerca de duas horas depois dos ataques. Antes disso, entretanto, uma cena desoladora foi transmitida ao vivo pelas televisões de todo o mundo: desesperadas, pessoas que estavam acima dos andares atingidos pelos aviões, sem terem como fugir dos prédios em chamas, jogavam-se do alto das torres. No fim, morreram elas, os bombeiros que haviam chegado ao WTC para socorrer os feridos pelo primeiro ataque, os passageiros dos quatro aviões, funcionários do Pentágono, inúmeras pessoas que trabalhavam nas torres gêmeas de Nova York, entre outros, num total de quase 3 mil pessoas.
Desdobramentos do 11 de setembro para os EUA e o mundo
Se o impacto humano dos ataques de 2001 foi evidente, o 11 de setembro teve desdobramentos que vão muito além da morte de milhares de pessoas. Imediatamente, as bolsas de valores do mundo todo entraram em crise. Afinal, afora as incertezas quanto ao impacto do 11 de setembro sobre a economia mundial, os ataques provocaram perdas humanas inestimáveis para muitas empresas sediadas no WTC, mobilizaram as companhias de seguros numa proporção poucas vezes vista e prejudicaram enormemente o mercado de aviação civil nos EUA e no mundo.
Do ponto de vista social, os ataques também trouxeram para o primeiro plano os muçulmanos radicais, favoráveis à guerra santa – a chamada Jihad islâmica. Não raro passou-se a confundir árabes com muçulmanos de todas as matizes, como se fossem, todos, homens e mulheres-bombas dispostos a atacar qualquer ponto em qualquer lugar e a qualquer momento. Disso para o preconceito e a intolerância étnica e religiosa foi passo apenas. No cotidiano dos cidadãos norte-americanos, a vida seguiu sob a sombra de uma nova ameaça terrorista, o que exigiu mudanças de hábitos, sobretudo em termos de segurança pública.
Militarmente, os desdobramentos do 11 de setembro foram enormes. Os ataques podem gerar a falsa impressão de que não havia terrorismo antes de 2001, o que é uma inverdade. Mas, tendo em vista que aquele episódio foi, simultaneamente, não apenas o principal ataque terrorista da História como também o primeiro ataque estrangeiro contra civis sofrido pelos EUA em território norte-americano, a resposta do governo foi contundente.
De um lado, o então presidente George W. Bush fez aprovar o USA Patriot Act, que concedeu ao governo a prerrogativa de, numa democracia, poder invadir lares, espionar cidadãos, interrogar suspeitos de espionagem ou terrorismo (inclusive empregando tortura) sem lhes dar direito à defesa ou a julgamento. Ou seja, medidas antidemocráticas, que tolhiam as liberdades civis, passaram a ser vistas como necessárias para salvar a própria democracia. De outro lado, os EUA lideraram, com a participação de vários países, a chamada Guerra ao Terror contra o Eixo do mal, que levou à invasão ao Iraque e ao Afeganistão, acentuando ainda mais o antiamericanismo no mundo islãmico.Se as mortes de Saddam Hussein e Osama bin Laden porão fim ao choque de civilizações e de culturas que marcou o primeiro decênio do século XXI é uma questão ainda em aberto.
Vitor Amorim de Angelo é historiador e doutor em Ciências Sociais pela Universidade Federal de São Carlos. Atualmente é professor do mestrado em Ciências Sociais da Universidade Vila Velha.
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