quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

A PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL

O ambiente vivido antes da grande guerra: rivalidade económica e nacionalismos 
 No início do século XX, a Europa era um continente dividido e marcado por inúmeras rivalidades. 
Um dos principais motivos era a disputa das colónias. 
Em cada um dos principais países havia cenários diferentes: 
Grã-Bretanha - era detentora de um grande império colonial e possuía um regime parlamentar apoiado por uma burguesia industrial extremamente poderosa e influente; 
França - mantinha uma enorme rivalidade com a Alemanha, que nascera com a guerra Franco-prussiana em 1870/71. 
 Deste conflito resultou a vitória alemã e a perda da província da Alsácia-Lorena, uma importante fonte de matérias-primas industriais como carvão ou o ferro; 
Alemanha - era a maior rival da Grã-Bretanha em termos económicos. 
Detinham também um grande poder industrial e financeiro. Neste país havia um profundo movimento nacionalista que defendia uma vida militar assente no expansionismo do estado germânico; Austria-Húngria - a força do império Austro-húngaro assentava na organização e disciplina do seu exército, dominados por um monarca com um poder absoluto, o Imperador Francisco José; Balcãs - tornaram-se um autêntico barril de pólvora devido ao clima de tensão em que se vivia. 
Em 1908 a Áustria-Hungria conquistou a Bósnia-Herzegovina que pretendia seguir a sua política expansionista procurando garantir a submissão da Sérvia; 
Rússia - dominada pelo regime autoritário do czar Nicolau II, mantinha uma enorme rivalidade com a Áustria-Hungria pela posse da península Balcânica. 
 A política das alianças 
O clima de rivalidade económica no continente europeu conduziu a uma corrida ao armamento por parte das grandes potências. 
 A ameaça de confrontos levou à constituição de alianças militares, através das quais os países se comprometiam a auxiliar-se reciprocamente em caso de ataque inimigo. 
Assim, em 1882 foi formada a Tríplice Aliança, assinada pela Alemanha, Áustria-Hungria e Itália. 
Em 1907, formou-se a Tríplice Entente, constituída pela França, Grã-Bretanha e Rússia. 
 A Tríplice Aliança (a verde) e a Tríplice Entente (a cor-de-rosa) eram, assim, duas alianças militares e políticas opostas. 
 Esta política de alianças manteve uma relativa estabilidade no equilibro europeu, mas não evitou a corrida aos armamentos. 
Vivia-se nesta época um clima de paz armada, pois qualquer incidente poderia comprometer esse frágil equilibrado. 
 O início da grande guerra: atentado de Sarajevo 
No dia 28 de Junho de 1914, ocorreu um incidente que despoletou a I Guerra Mundial: o atentado de Sarajevo. Gavril Princip era um estudante, de nacionalidade sérvia e destacado dirigente de uma sociedade secreta de cariz nacionalista intitulada “MÃO NEGRA”, cujo principal objectivo era lutar contra a soberania austro-húngara. O arquiduque Francisco Fernando era o príncipe herdeiro da coroa austro-húngara. Juntamente com a sua esposa foi assassinado á queima-roupa por Gravil Princip em plena via publica após ter assistido a uma sessão solene no edifício Sarajevo. O imperador Austro-húngaro, Francisco José, não se conformou com a perda do seu herdeiro, exigiu explicações ao governo Sérvio, pois os seus conselheiros desconfiavam dos serviços secretos da Sérvia no atentado de 23 de Julho de 1914. Preocupados com o atraso da formalização da acusação a Gavril Princip, a Áustria-Hungria fez um ultimato à Sérvia, exigindo chamar a si as responsabilidades pela condução do inquérito do atentado. 
 Perante a recusa da Sérvia, no dia 28 de Julho a Áustria-Hungria declarou-lhe guerra. 
Dois dias depois, a Rússia, tradicional aliada da Sérvia entra em acção e declarou guerra à Áustria-Hungria. 
 Nos dois dias seguintes foram formadas as alianças militares sucedendo-se as declarações de guerra. 
Em Agosto de 1914, a Alemanha movimentou-se e invadiu a Bélgica e posteriormente a França. 
Iniciava-se assim a 1ª Guerra Mundial. 
 O primeiro conflito mundial 
Os países inicialmente envolvidos na guerra pensaram que esta iria ser curta: 
os Aliados (países da Tríplice Entente) contavam com a superioridade numérica dos seus efectivos; 
as Potências Centrais (Tríplice Aliança) confiavam na superioridade técnica do seu armamento. 
Numa primeira fase, os dois blocos confrontaram-se em três frentes: 
a frente ocidental, do Mar do Norte até à Suíça; 
a frente balcânica, do Mar Adriático ao Império Otomano (actual Turquia); 
a frente leste, que se estendia do Mar Báltico até ao Mar Negro. 
 A I Grande Guerra prolongou-se de 1914 até 1918, arrastando consigo 8 milhões de mortos e muita devastação. 
Dividiu-se em várias fases. 
 Primeira fase: Guerra dos Movimentos (1914-1915) 
Após as declarações de guerra da Alemanha à Rússia e a França a 1 e 3 de Agosto de 1914 respectivamente, a mobilização dos soldados alemães foi feita na presunção de que o conflito seria breve. 
O plano de ataque alemão baseou-se numa estratégia de ataque - surpresa com a intenção de invadir a França, passando primeiro pelo Luxemburgo e pela Bélgica. 
 Foi uma «Guerra-Relâmpago»: Os alemães avançaram fortemente na frente ocidental e a 6 de Setembro encontravam-se já a 60 Km de Paris. 
É então que se dá a Batalha do Marne, em que as tropas francesas lideradas pelo general Joffre conseguiram travar o avanço em massa dos Alemães, obrigando-os a recuar.
 Segunda fase: Guerra das Trincheiras (1915-1917) 
Para conservar as regiões ocupadas nas mais diversas frentes, os exércitos abriram trincheiras: longas valas rodeadas por arame farpado onde os soldados se protegiam. 
 Esta nova fase era marcada por condições muito duras: os soldados tinham que viver rodeados por más condições de higiene, ratos, lama, chuva e frio. 
Frequentemente, estavam sujeitos a ataques de artilharia e de gases asfixiantes. 
 A guerra das trincheiras prolongar-se-ia até 1917. 
Ao longo deste período, os avanços foram pouco significativos, mas travaram-se combates devastadores como a Batalha de Verdun em 1916 que resultou em 600 mil mortos. 
 Armas e outras tecnologias utilizadas Durante a 1ª Guerra Mundial foram utilizados pela primeira vez novos tipos de transportes e de armas. 
Quanto aos transportes, foram utilizados os tanques, os submarinos, os aviões e automóveis para o transporte dos soldados. 
Quanto às armas, foram utilizadas as metralhadoras, os canhões, gases asfixiantes (os quais podiam ser evitados através das máscaras de gás) e alguns novos explosivos. 
 Também foram utilizados alguns novos aparelhos úteis, tais como o telégrafo e o telefone, os quais serviam para a comunicação dos soldados. 
 Os diferentes sectores foram desenvolvidos para ajudar nas inúmeras despesas militares e, além disso, foram usadas algumas línguas globais para facilitar a comunicação entre os países aliados. 
A terceira fase: a entrada dos EUA 
Depois de uma fase de impasse, entramos na fase final da guerra. Esta fase ficou marcada pela entrada dos Estados Unidos e pela saída da Rússia. 
 No início do conflito os E.U.A. forneciam ao exército aliado, armamento, munições e alimento. 
Contudo a 6 de Abril de 1917 após o ataque de submarinos Alemães a navios Americanos, os E.U.A declararam guerra à Alemanha
 A entrada do EUA no conflito, trouxe uma nova motivação aos soldados aliados e contribuiu para desequilíbrios nas forças no campo da batalha devido ao grande poder financeiro e militar dos Americanos. 
 Portugal na I Guerra Mundial 
A I Guerra Mundial trouxe consequências nefastas para o nosso país, fazendo desacreditar o regime republicano. 
Estas fizeram-se logo sentir no início da Guerra, a moeda saiu de circulação e houve uma grande subida de preços. 
Como se não bastasse, Portugal via-se obrigado a participar na I Guerra Mundial, não só pela velha Aliança com a Inglaterra mas também para defender as suas colónias que começavam a ser atacadas pela Alemanha. 
 A participação na Guerra traria consequências irreversíveis para o nosso país, e disso ninguém tinha dúvidas, mas era também importante ficar ao lado da Inglaterra nas decisões pós-guerra, para poder preservar as suas colónias. 
 A incursão de Portugal na Guerra ocorre em Fevereiro de 1916 em que Portugal apodera-se dos navios alemães presentes nos seus portos. 
O nosso país junta-se aos aliados e em Janeiro de 1917, milhares de soldados são enviados para a frente francesa. 
 A 9 de Abril de 1918, em La Lys, os militares portugueses vêm-se esgotados e sem apoio frente a oito divisões alemães, o insucesso era óbvio e milhares de militares foram mortos ou feitos prisioneiros. 
 A Guerra termina e o Tratado de Paz fora assinado e Portugal permaneceria com a posse das suas colónias africanas, mas os danos provocados pela Guerra tinham sido irreparáveis. 
Agravara-se a situação económica, e isso levaria a uma maior agitação social, devido ao número de mortos, á falta de alimentos, à repressão de liberdades e ao ressurgimento de algumas ideologias monárquicas. 
 O fim da guerra 
A 11 de Novembro de 1918, é assinado o Armistício: a Alemanha rende-se. 
Em Junho de 1919, é assinado o Tratado de Versalhes onde se traça um novo mapa político. 
 Terminada a guerra, convocou-se para Janeiro de 1919, em Paris, uma conferência de paz com o objectivo de celebrar acordos e tratados com os países vencidos. 
O mais importante dos Tratados de Paz foi o Tratado de Versalhes, assinado no Palácio de Versalhes a 28 de Julho de 1919 e imposta aos países derrotados. 
A Alemanha foi obrigada a assinar este tratado e a aceitar cláusulas humilhantes, nomeadamente a redução das suas forças armadas a um pequeno exército defensivo, abandono de todas as suas colónias a favor dos Aliados, a restituição de Alsácia-Lorena à França e o pagamento de pesadas indemnizações de guerra. 
 De Versalhes resultou também a elaboração de um novo mapa político europeu. O Império Austro-húngaro foi desmembrado dando lugar ao aparecimento da Checoslováquia, da Hungria e da Polónia, saíram outros novos estados como a Jugoslávia, a Finlândia, a Letónia, a Lituânia e a Estónia. 
Politicamente assistiu-se a um regime de democracia parlamentar - sistema político em que o Parlamento, assembleia legislativa, onde se encontram representados as várias facções políticas, é o órgão principal. 
O governo assume perante o parlamento as suas responsabilidades. Da assinatura do tratado de Versalhes, para além do novo mapa político, determinou-se também a criação da Sociedade das Nações (SDN), com sede em Genebra. 
Dela faziam parte, inicialmente, os 32 países vencedores da guerra e os 13 neutrais. 
Este organismo internacional propunha-se a: 
assegurar a paz, resolvendo conflitos entre os Estados-membros através do diálogo e da diplomacia; 
promover a cooperação económica e cultural entre as nações.

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